"Se a saudade não doesse assim
Nem tão grande fosse a solidão
Se eu pudesse gostar só de mim
Te expulsava do meu coração..."Diego não dormiu, arrumou as malas, desceu para o café, mas não conseguiu comer direito, o que dizia muito sobre seu estado de tristeza, se tinha uma coisa nessa vida que ele amava e fazia muito era comer.
Seu voo sairia de Curitiba para o aeroporto Santos Dumont, às 9 horas.
Embarcou, e nem se atentou a decolagem que era um momento que lhe causava muito frio na barriga e medo, estava tão imbuído dentro de suas emoções que não conseguia prestar atenção em nada ao redor, apenas no que doía dentro dele.
Foi direto para o Projac, pois tinha o dia cheio de gravações, e algumas externas à noite.
Tinha três cenas com Amaury, todas noturnas.
Seu coração virava cambalhotas só de pensar que eram cenas de "apertãozinhos".
Os dois estavam brigados e tinha sido uma briga feia e por videochamada para piorar mais a situação.
Enquanto estava no trajeto de Uber, ele colocou fones de ouvido e deitou a cabeça, perto da janela, estava com uma sensação de dor no corpo todo, a tensão o dominava.
Estava ouvindo a música: Surreal de Luísa Sonza, e só conseguia lembrar dos momentos íntimos com Amaury, mordeu o lábio inferior com tanta força que chegou a arrancar sangue, as unhas cravadas nas palmas das próprias mãos.
O quanto conseguiria renunciar de quem era, para estar com Amaury?
No momento, ele sabia que não conseguiria corresponder às expectativas dele, e não era justo com nenhum dos dois continuar aquela relação amorosa, Amaury queria coisas que ele não estava preparado para oferecer.
Tudo estava fluindo bem, mas a discussão de ontem apenas tinha mostrado que ele sempre tinha tido a ideia de uma relação séria e monogâmica e isso ia contra tudo o que Diego entendia como liberdade numa relação.
Ele não queria ser controlado e se sentir obrigado a dever uma fidelidade de um cão para alguém.
Mas, o coração dele gritava no peito, horrorizado de pensar na possibilidade de nunca mais ser amado por Amaury.
Tinha ficado três dias fora e a saudade dele, as emoções confusas do dia anterior, demonstraram um medo covarde da parte dele de encarar o que de fato sentia por Amaury.
Era amor.
Ele respirou fundo, um amor que tinha brotado muito provavelmente desde a primeira vez que ele mergulhou seus olhos dentro dos de Amaury naquela preparação de personagem meses atrás.
Lágrimas desciam em profusão, o motorista do Uber o olhava pelo espelho consternado, reconheceu o Kevinho da novela, mas viu que era melhor não falar nada, devia ser alguma situação muito triste, mas ficou com muita pena.
Diego olhou pela câmera do celular, estava com uma aparência péssima, olheiras e bolsas enormes embaixo dos olhos, respirou fundo, enxugando o rosto com as mãos, estava com o cabelo todo desgrenhado, ajeitou o melhor que conseguiu com a ponta dos dedos.
Quando o carro parou em frente a Globo, ele agradeceu ao motorista que lhe respondeu:
— Seja o que for que esteja te angustiando, Kevinho, pensa que sempre tem outro dia, vai passar, tudo na vida passa.
Diego esboçou um sorriso cansado e agradeceu, pelo menos ele não tinha tentado falar com ele no trajeto, ele não conseguiria ser simpático como era seu perfil naquele dia.
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Duas vezes você
FanfictionFANFIC #Dimaury Amaury Lorenzo e Diego Martins são escalados para uma novela em horário nobre da Rede Globo de televisão. Dois atores que vão se questionar diariamente se estão confundindo a ficção com a realidade ou se o sentimento que começa a cre...