Duas vezes você

Cap. 14 - Constelações desconhecidas

N/A: 🔞 

"Must be love on the brain
That's got me feeling this way (feeling this way)
It beats me black and blue, but it fucks me so good
And I can't get enough..."

(Love On The Brain - Rihanna)

Em meados de junho, o fandom começou a crescer exponencialmente, e veio o convite para o primeiro programa ao vivo da casa, "O encontro", como era gravado em São Paulo, eles teriam que fazer a famosa ponte aérea Rio/SP, mas que seria apenas na segunda-feira seguinte.

Amaury não via a hora desse bendito dia chegar, porque estava há cinco dias sem ver Diego, por algum motivo o roteiro tinha desacelerado em relação ao casal, o que o preocupava, mas entendia por sua experiência no meio artístico que provavelmente o fato do público estar abraçando a história deles, estava dando o que falar na sala de roteiro.

A história de Ramiro e Kelvin era pra ser uma parte de alívio cômico e também era pra dar conta do lado trambiqueiro da novela, eles não teriam escrúpulos, seria um envolvimento bandido, escondido e totalmente carnal na ideia original, porém o público estava querendo mais e isso claramente tinha mudado a postura da equipe de roteiristas, começaram a mudar o tom das falas e as interações deles estavam ficando mais afetivas e menos safadas, a abordagem começava a desenhar o amor e não mais o desejo sexual, apenas.

Começou a ter drama, dúvida e confusão.

Entretanto, essa virada de chave no roteiro, tinha jogado os personagens num lugar de espera, Amaury detestava aquilo, não gravar com Diego era muito frustrante, obviamente amava todo o elenco de peso com o qual contracenava, mas tanto ele quanto Ramiro precisavam de Kelvin e Diego no seu dia a dia pra semana ser mais colorida.

Diego aproveitou a folga forçada para resolver algumas pendências em São Paulo, já estava pensando em como se organizaria dali alguns meses, porque ele provavelmente voltaria a morar lá, era tópico sensível, mas muito provavelmente após o término da novela o mais sensato seria volta para a cidade cinza.

O coração ficava dolorido só em pensar na finalização das gravações.

Passaria alguns dias na casa de seu amigo Bruno e também daria andamento às coisas relacionadas a sua carreira musical com seu produtor.

Quando ele chegou no apartamento do amigo, ele sentiu dificuldade em se ambientar, não por causa de Bruno que era como um irmão, mas pela inquietação no peito, estava sentindo uma falta imensa de um certo ator de um metro e oitenta que tinha alugado uma mansão dentro de sua cabeça.

Não queria encarar o fato de que estava apaixonado, mas cada dia que passava os sintomas só ficavam mais evidentes.

Enquanto dirigia para o Projac naquela manhã, a cabeça de Amaury voava longe, teve que fazer um esforço sobre-humano para se concentrar na direção.

Sentia Diego frio naqueles dias de afastamento, ele tinha aquele péssimo hábito de visualizar mensagens e não responder, muito embora ele tivesse desativado os recursos para saber se ele tinha visualizado ou não, Amaury sabia que ele lia, sim, as mensagens.

Detestava quando ele fazia isso, ele tinha feito uma chamada de vídeo com ele no início da semana, mas agora já estavam na quinta-feira e o máximo de interação que tinham tido eram respostas evasivas em alguns stories do Instagram.

A vida dele estava intensa, todos os dias se encontrando com as mais variadas pessoas, trabalhando na gravação de uma música em estúdio, mas era perceptível que não era só trabalho, o lado social estava intenso, saia todas as noites e não escondia o fato de ninguém, compartilhava todos os stories que o marcavam, cantando, dançando e bebendo com os amigos.