Capítulo 22

24 6 0
                                    

Adam

Ele entrou na varanda da janela do castelo de Green House.

— Estou indo à forja do Terceiro Palácio buscar o carregamento de crocidolita, Adam — avisou Aidrew. — Saio em trinta minutos.

— Estou totalmente entediado aqui... — Disse eu para Iva, que estava tricotando sentada na cadeira de balanço ao lado. Eu também estava sentado em uma cadeira igual, mas jogava para a frente e para trás como um endiabrado. — Tééédio! — resmunguei.

— Você pode me ajudar a fazer bolos para as crianças mais tarde — falou ela, e suas bochechas giraram como espirais de vento.

Descruzei meus pés e me levantei da cadeira. Não tinha nada melhor para fazer. Estava cansado de observar o treinamento leve dos soldados mortais. Ninguém com quem lutar. Ninguém aqui aguentaria lutar comigo. Kay já estava fazendo falta. Já estava ansioso para voltar pra casa. Eles não aguentariam dois dias na fronteira contra os ominuns. Não na nossa unidade.

Fui até Iva e dei um beijo em sua testa.

— Quando eu voltar, farei bolos com você, com velas negras e chifrinhos.

Ela riu, e o vento brincou em meus ouvidos.

Conan bufou.

— Pare de ser tão amargurada, Conan! — Choraminguei mostrando os dentes. — Ouvir os pensamentos de todo mundo o tempo todo faz isso com sua testa, olhe, uma ruga. — Dou um peteleco em sua testa, passando a mão pelo seu queixo pequeno. Ela rosnou com uma cara feia. — Não faça essa cara pra mim. Você sabe que eu gosto.

Houve um chicotear atrás de mim quando minha voz acariciou sua mente.

"Sei que meu cheiro a afeta" — Soprei as palavras em sua mente. Para que apenas ela ouvisse.

Ela ergueu o dedo do meio para mim, mas não deixei de notar como sua pele se arrepiou. Enfiei as mãos no bolso da calça escura, virei-me com um pequeno sorriso e saí.

Amélia

Sentada em uma mesa que cheirava à cerveja velha e com várias marcas de briga, eu mexia a colher em uma sopa suspeita, cujo ingrediente principal era de procedência completamente duvidosa.

Franzi a testa encarando o prato, tentado entender o que eram aquelas coisas cortadas em cubos que boiavam ali. Não tinha como aquela taverna servir sopa de carne de cordeiro.

Eu encarava a sopa, e parecia que ela me encarava de volta dizendo "oi". Eu teria que comer, me misturar e ficar o máximo que desse aqui embaixo.

E ouvir...

Ouvir tudo que eu conseguisse.

Não havia lugar melhor para se atualizar da situação do que uma taverna. Nas favelas de Efávim todo mundo falava sobre tudo. Os bêbados eram as maiores fontes de informação. Quando uma das garçonetes ou as damas da noite se sentavam em seus colos, com vestidos sem espartilho e sem corpete, eles desatavam a falar para a impressioná-las. E eu abria os meus ouvidos para ouvi-los.

Era perfeito, eu precisava confirmar o que Elow havia falado. Não que eu não confiasse nela. Mas eu precisava de mais informações e detalhes, que ela não soube me dar.

Nada do cenário que ela falava parecia uma coisa simples. Se fosse verdade, eu teria que acrescentar mais opções à lista de cuidados, além da barreira, comprar o que eu precisava e dar o fora daqui o mais rápido possível. Demoraria para encontrar boas armas, eu teria que dar mais uma andada. Algumas coisas importantes levariam tempo para serem encontradas.

O Festim dos OssosOnde histórias criam vida. Descubra agora