Capítulo 27

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Os cavalos trotam pela estrada a todo vapor, o aviso de que três ninhos  eclodiram em Santa Enema, veio tarde demais. O sol ainda não havia caído, mas... Santa Enema, era uma cidade que ficava no vale entre duas montanhas. E agora, na quarta hora da tarde do dia, as sombras já haviam caído sobre o vale e a cidade, e as bestas recém eclodidas estavam famintas.
Era o segundo batedor que encontrávamos ao longo da fronteira, e pela ansiedade que emanava do comboio lá da frente, a coisa estava feia.
— Mais rápido!

Adam se ergue da carroça lá da frente e grita. Aperta o passo de novo da unidade menor que já estava pronta, e se movendo para Santa Enema. Quase duzentas pessoas. O sol já está descendo enquanto a carroça sacode loucamente. Começamos a descer a estrada do Vale em direção a cidade e minha nuca se arrepia. A visão por cima dos muros é horrível. Fogo, e barulhos, e pessoas correndo. Há gritos, e esguichos de sangue, e o pequeno grupo de soldados da cidade lutando desesperados, enquanto as bestas invadem as casas, e tudo que tenha uma porta de entrada.
Meu coração bate na garganta.

Kay Won dispara na frente antes mesmo de chegarmos aos portões da cidade. Adam some logo em seguida, e Conan se junta ao subcomandante e lidera e divide a tropa. Mal chegamos e os soldados se atiram na cidade para lutar, a noite banha o céu, e começo a tirar barris de espadas, e reposicionar aljavas de flechas.
É um péssimo lugar para combater.
Muitas casas altas, muitos becos apertados, muitas escadas entranhada nas favelas da cidade. O soldados correm e invadem as casas, exterminando as bestas. Mas há tanto sangue, e há tantos corpos, e há tantos feridos espalhados pelo chão que as minhas mãos tremem.
Chegamos tarde demais.
Não.
Não é possível.

— As pessoas que sobreviveram. Estão indo para uma caverna de evacuação. Mandem todos irem para lá!
Diz o subcomandante.
Uma caverna?
Um lugar apertado, um péssimo lugar para Kay Won combater.
Conan passa correndo na frente dele.
— Não!
Ela diz.
— Mande as pessoas voltarem. Não deixe que elas entrem na caverna!
— Por que?
O comandante arregala os olhos para ela.
Conan põe as duas mãos na cabeça, e olha apavorada para a direção Oeste, seus olhos se arregalando enquanto ela lê alguma coisa na cabeça de alguém. Há dor em seus olhos.

— O pensamento das pessoas... — Ela respira fundo. — O terceiro ninho, está dentro da caverna de evacuação.
Conan cai de joelhos no chão.
— Estão todos mortos.
Meus braços começam a tremer e meu coração dispara.
O comandante respira fundo e grita.
— Mandem que todos voltem!
Ele sai passando a mensagem pelos soldados.

— Não deixem que as pessoas entrem na caverna de evacuação!
Eu corro entregando aljavas e novos arcos aos arqueiros no topo das ameias da cidade. Cinco minutos se passam, e sinto uma dor forte em meu peito, uma angústia que faz as minhas pernas estremecerem, e uma tristeza que dilacera o meu peito, perco o ar. Logo depois há uma explosão no subsolo em algum lugar. A terra treme e as paredes das casas sacodem. Pedras se soltam da estrutura dos muros e caem lá em baixo.
Ele explodiu o ninho.

Kay Won explodiu o ninho da caverna de evacuação.
Sinto uma raiva violenta invadir o meu ser, solto as aljavas, começo a descer a escadas do muro. Há mais uma explosão violenta do lado leste. Mais um ninho caiu. Meu peito tem uma urgência dolorosa, e uma sensação na minha cabeça de que parece que a qualquer momento eu vou enlouquecer. A raiva sobe da onde eu não sei, e os meus pés apenas correm entre os becos da cidade em direção a onde seria o terceiro ninho.
Meu coração diz que é o próximo lugar que ele vai estar.
Calor varre os meus pés conforme eu me aproximo, e logo em seguida, a luz, brilho amarelado violento e o chão explode. A violência das chamas ilumina o céu noturno. Pedras caem das estruturas da casa enquanto eu corro por um beco, e protejo a minha cabeça de uma grande pedra que despenca de uma passagem entre uma casa e outra.

O Festim dos OssosOnde histórias criam vida. Descubra agora