Capítulo 29

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As fronteiras de Paraena estavam infestada de ominuns invadindo as fazendas, e os campos. A noite caiu como um lençol e lutávamos defendendo as estradas.
Hoje eu estava como suporte dos arqueiros.

Levando aljavas de flechas para lá e para cá, repondo arcos, e correndo de um lado a outro. Não era um ninho mais eram muitos. Observo o atirador principal dos arqueiros atirar de longa distância e a flecha passar de raspão na cabeça do ominum quase arrancando o braço de um soldado e franzo a boca. Eu estava mais perto do Pilar hoje. Ele estava a uns cem metros de mim lutando com sua espada. Eu fui alocada na unidade de Meion, e de longe ele atirava tão bem quanto uma criança.

— Mais flechas!
Ele me ordena, e eu coloco mais uma aljavas ao lado dele. Ele pega uma atrás da outra e atira, e minhas mãos coçam cada vez que ele atira uma flechas e ela passa longe do ponto vital do ominum.
Recalibre essa mira!
Quase grito com ele.
— Traga mais flechas — ordena para mim.
Trago mais três aljavas, e ele as esvazia como água. Desperdiçando a munição preciosa.
Meus, bons, Deuses.
Eu vou bater na cabeça dele.
— Mais!
Grita ele para mim.
Travo o maxilar e obedeço.

Corro até os barris próximos às árvores, e minha pele se arrepia daquele jeito estranho quando o silêncio paira dentro das árvores a minha esquerda. Estreito os olhos e vejo soldados lutando perto do Pilar perto das árvores, e meus instintos gritando para a parte escura das árvores atrás deles.
Eles vão morrer.
Estão combatendo os ominuns a frente e as costas estão desprotegidas. Minhas mãos queimam para o arco e a aljava de flechas em minhas mãos.

— Traga mais flechas Seraffine!
Meion grita para mim.
Mas ao invés de entregar para ele, eu esqueço que sou proibida de pegar em armas, e já estou longe. Corro para o lado contrario em direção aos lençóis e pego o lençol mais preto que tem nas cordas e amarro como uma capa improvisada cobrindo a minha cabeça. Meu movimento é fluido e uma lembrança fresca conforme passo a alça da aljava de flechas pelos meus braços e ajeito nas costas. A memória muscular cantando para mim conforme eu testo a corda do arco e me embrenho nas árvores do lado direito.

Correndo por entre as árvores até estar do outro lado dos soldados e atrás do ominuns que começam a sair das árvores na lateral e atacar os soldados que lutam, os surpreendendo.
Puxo uma flechas, fecho um olho e disparo.
A flecha de Meion corta por cima da minha, mas enquanto a dele raspa a pele do pescoço do ominum que ataca um soldado pelas costas, a minha crava certeira no olho.
Meio comemora como se o tiro fosse dele.
Caminho pelas árvores indo para frente.
Me escondendo nas sombras da noite.

Doze ominuns saem de dentro das árvores. Um vai direito na coxa do soldado. Puxo mais uma fecha e disparo, disparo no mesmo instante que Meion, para não levantar suspeitas.
O Pilar está no meio deles, e os soldados limpam o caminho para ele, tentam segurar os ominuns no lugar.
O tiro sai violento e acerta o crânio do bicho, ele despensa desviando da perna do soldado. Atiro caminhando para frente. Protegendo as costas de um soldado após o outros, e abatendo as bestas que os surpreenderam.
Os bichos saltam de dentro das árvores.

Cada vez que Meion puxa uma flecha eu puxo a minha disparo. Mas uma no olho, no meio da testa, dentro da garganta explodindo o pescoço. Eu sigo atirando flecha após flecha até estar quase do outro lado de onde os ominuns vieram.
Atrás dos homens.
Essa parte está livre de perigo agora, mas ainda tem mais bichos do lado de lá.
Jogo a mão para trás pra pegar mais uma flecha, mas não alcanço nada, acabou. Me agacho correndo quando os soldados e o Pilar se viram para o lado de cá. Atacando um pequeno bando.
Jogo os capuz mais para frente do rosto e dou a volta no acampamento voltando para a minha posição e o meu trabalho. Meu coração galopa em meus ouvidos, e meu corpo treme com a excitação de lutar.

Como eu sentia falta disso.
Do poder que um arco tem em minhas mãos.
Assumo inocentemente a minha posição, e Meion comemora seus tiros perfeitos a longa distância.
Eu riu.
 
 
*
 
Dois dias depois eu terminava o meu almoço quando vejo duas mulheres jovens ajudantes passarem por mim apressadas e dando risinhos. Estreito os meus olhos. Me viro na mesa e vejo elas indo em direção a parte direita do acampamento. Onde ficavam os ringue de treino. Cinco minutos depois, mais um grupinho animado de mulheres feéricas, fêmeas como eles chamam, passam apressadas de novo. Me viro no banco.
O que diabos está acontecendo?

O Festim dos OssosOnde histórias criam vida. Descubra agora