Capítulo 1 - Izuku

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Volto para casa, machucado por Kacchan. "Como é que uma criança de 8 anos pode ser tão forte?" Eu penso comigo mesmo.

Pego a chave do pequeno apartamento de 2 quartos da minha família e abro a porta o mais silenciosamente possível. Lá dentro está escuro, as luzes estão apagadas. O cheiro de álcool enche o ar. Pela pouca luz que entra na sala, posso ver meu pai desmaiado no sofá com pilhas de latas de cerveja baratas espalhadas pela sala.

Fecho a porta silenciosamente e atravesso a casa até o meu quarto, no final do corredor. Caminhando, passo pelo quarto dos meus pais e espio pela porta entreaberta. Minha mãe está sentada no chão, com as costas apoiadas na parede, os braços estendidos ao lado do corpo, uma agulha enfiada em um deles. Entro no quarto, cheirando a charuto, e vejo uma caixa de madeira ao lado da minha mãe, cheia de mais agulhas. Olho para minha mãe com pena e limpo a área ao seu redor, retirando a agulha de seu braço e colocando-a de volta na caixa de madeira. Fechando a caixa, coloco-a na cômoda dela, embaixo de todas as roupas dela, para que o papai não descubra.

Vou para o meu quarto, o único cômodo limpo da casa, e coloco minhas coisas. Pego um kit médico debaixo da cama e começo a me limpar, enfaixando meus cortes. Assim que termino, pego meus cadernos de análises de heróis, as únicas coisas que me dão um propósito, folheio-os enquanto eles trazem um sorriso ao meu rosto. Não me importo com o que dizem, vou me tornar um herói; então ouço um estrondo.

Abro minha porta e vejo que a porta dos meus pais está aberta, mais do que eu deixei. Aproximo-me silenciosamente e espio o quarto.

-Sua CADELA! - meu pai dá um tapa na minha mãe. Ela segura a bochecha e se encolhe no canto, com os joelhos no peito, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto olha para meu pai

-Desculpe! - Ela soluça

-Desculpe? DESCULPE! AH! Você saiu para comprar drogas de novo! Você está gastando meu dinheiro! MEU DINHEIRO! - ele grita. É quando noto que a caixa que guardei estava no chão aberta com as agulhas saindo.

-Mas... mas eu mereci. E-eu paguei com meu dinheiro. - ela gagueja.

-SEU DINHEIRO? Você sabe muito bem que todo dinheiro vem para mim, vadia! - Ele grita e levanta a mão para bater nela novamente.

-NÃO! - eu grito. Corro até ele e agarro seu braço, mordendo-o.

-Bastardo! - ele grita enquanto joga o braço para trás, me jogando contra a cama.

Ele agarra o cabelo da minha mãe e a levanta. -Sabe, já estou farto de você. Você e aquele filho bastardo. Desperdiçando todo o MEU dinheiro e MEU tempo! - Ele tira um canivete do bolso e coloca na garganta da minha mãe. Minha mãe tinha uma expressão de horror, seu rosto parecendo ainda mais pálido do que de costume, suas olheiras ficando mais proeminentes.

Ele puxa o braço para trás para esfaquear, eu me escoro na cama, ficando no chão olhando horrorizado. Minha mãe olha para mim e sorri, ela não sorri daquele jeito há anos, e murmura suas últimas palavras, -Eu. Amo. Você. - Ela então fecha os olhos e espera sua morte. Mas eu, eu não consegui.

-NÃO! - eu grito. Uma névoa negra gira em torno de mim e dos meus pais, ela os ataca, tanto minha mãe quanto meu pai, entrando em seus corpos através dos olhos, nariz e boca. Eles gritam de dor, mas não consigo vê-los, a névoa negra é muito espessa. Então, tão rapidamente quanto veio, desapareceu.

Do lado de fora da casa, ouvem-se carros da polícia. Alguém deve ter chamado as autoridades por causa do barulho, mas não consegui ouvi-los, corri para minha mãe assim que a névoa se dissipou e a cena era horrível.

Fico ao lado de mamãe e papai, o sangue escorrendo de suas bocas e olhos no chão, aumentando a poça de sangue que surgia. Sento-me ao lado de mamãe, de joelhos, e pego eu tronco, segurando-a em meus braços, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. É quando a porta é arrombada.

Policiais entram em fila com alguns heróis, incluindo All Might e Eraserhead, que vagam pela casa, procurando por qualquer sinal de vida quando entram no quarto dos pais de Izuku e o veem chorando em uma poça de sangue de seus pais, segurando sua mãe morta no colo

-Puta merda. - Eraserhead diz silenciosamente. Ele fica chocado com o que viu. Outros oficiais estão atrás de Eraserhead, incrédulos.

-Que tipo de vilão faz isso? - All Might pergunta. - Mata os pais e deixa a criança. -

-A melhor pergunta é qual vilão fez isso. Meu conhecimento é que nenhum vilão em nosso banco de dados é capaz disso. Matar, sim. Mas, como esses dois morreram, não. - Fala o Chefe da Polícia.

Izuku ergue os olhos, finalmente recuperando a audição. Ele fica chocado ao ver as pessoas, ele não as ouviu entrar, certo?

All Might caminha até o garoto, preparando-se para confortá-lo quando os olhos do garoto se arregalam de medo. O garoto corre para o canto mais distante da sala.

-Não me toque! - ele chora. Surpreso com o garoto, All Might pergunta baixinho -O que aconteceu aqui filho? -

O garotinho se enrola em uma bola. -É tudo culpa minha, é tudo culpa minha, é tudo culpa minha. - Ele murmura sem parar.

All Might caminha lentamente até o garoto, sem saber o que fazer. Atrás dele, alguns policiais e Eraserhead investigam os corpos, tentando descobrir o que os matou. Eles coletam amostras de sangue e saliva enquanto outros policiais chegam para cuidar dos corpos, que posteriormente serão levados para análise.

Quando All Might chegou a cerca de um metro e meio de distância de Izuku, ele se agachou. Ele estende a mão para tocar a cabeça do menino e puxá-lo para um abraço. -Meu garoto, não é sua culp- Plaft!

Izuku acerta a mão do homem bem quando ele estava prestes a tocá-lo. -É SIM! Eu matei meus pais! - Ele soluça. Isso chamou a atenção de Eraserhead, do Chefe e de outros policiais.

-*Snif* E-eu não era minha intenção, nem sabia que tinha uma peculiaridade! E f-foi um acidente. - Ele enterra a cabeça nos joelhos. Antes que Izuku pudesse reagir, All Might conseguiu puxar a criança para seus braços. Ele começou a confortar o menino, que estava fraco demais para empurrá-lo.

-Shhh...- All Might silenciou o garoto. -Está tudo bem, tudo ficará bem. Não é sua culpa. -

Izuku apenas chorou nos braços do homem grande até que ele adormeceu. All Might se levanta com o garotinho embalado em seus braços.

-Você acha que ele realmente fez isso? - All Might perguntou.

-Eu... eu não sei. Talvez? Ele parecia estar dizendo a verdade, a questão é por que ele fez isso? - Eraserhead gaguejou. O homem que normalmente tinha uma compostura inalterada ficou surpreso com os acontecimentos. Ele não sabia como reagir.

-Isso realmente não importa agora. O que importa é levá-lo a um hospital para ter certeza de que está bem. Lá podemos fazer-lhe mais perguntas e trazer alguém para ver- afirmou o Chefe de Polícia.

All Might acena com a cabeça enquanto sai do apartamento com o menino nos braços. Ele caminha até a ambulância que apareceu e o entrega aos médicos.

Quando All Might saiu do apartamento, ele não percebeu outro garotinho com cabelo loiro acinzentado. O menino observou seu melhor amigo de infância sendo carregado por seu herói para uma ambulância. Sua mãe saiu correndo e cobriu os olhos do menino, trazendo-o de volta para dentro.

-Mãe, o que aconteceu com Deku? –

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1263 palavras.

Obrigada pela leitura :D

A névoa Negra (Dadzawa)Onde histórias criam vida. Descubra agora