Capítulo 28 - Shinso

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Eu me tranquei no meu quarto naquela noite, no dia seguinte era fim de semana então fiquei no meu quarto. Papa e papai tentaram me convencer a sair, mas eu não me importei. Pelo que ouvi, eles acabaram ligando para a escola, então em vez de Izuku ser suspenso fui eu. Suspensão de uma semana por uso ilegal de peculiaridades, mas posso me preocupar com isso na segunda-feira. Era sábado e eu estava com fome, trancado no quarto. Queria sair para comer, mas não queria sair do quarto. Eu pude ouvir uma batida na porta.

-Vá embora pai ou papa, eu não me importo. -

-Não é nenhum deles. - falou uma voz calma. Foi Midoriya. Eu gemo e abro a porta.

-O quê. - Izuku recua assustado e eu meio que me senti mal, mas não, não precisamos dele. Com as mãos trêmulas, ele pega uma bandeja de comida.

-M. Sr. Yamada e e-eu fizemos p-pra você c-comida. - Ele gaguejou. Pego a comida e bato a porta na cara dele ganhando um "HITOSHI!" do meu pai. Que seja. Eu comi a comida, eram hambúrgueres e salada de macarrão. Já faz um tempo que não comemos hambúrgueres. Junto com isso vem salada de batata e alguns sacos de batatas fritas. Acho que eles me prepararam lanches. Além de tudo isso, havia uma grande garrafa de água sem gelo. Papa sabia que eu não gostava de gelo. Peguei a garrafa de água e joguei-a do outro lado da sala, ela ricocheteou na parede sem fazer nada. Comi a comida e coloquei o restante no chão. Peguei meu jogo e joguei Pokémon Sword pelo resto da noite. O jantar chegou e houve uma batida na porta.

-Hitoshi, abra a porta. - Era o pai. Eu engoli e rolei para o lado. Ouvi um barulho e alguém se sentou do outro lado da porta.

- Say something, I'm giving up on you. - Ah não. Isso não. - I'll be the one, if you want me to. - Deus não. Ele estava cantando desafinado, estava começando. Eu precisava me preservar. – Anywhere, I would've followed you. -

-Pare com isso! - eu grito.

- Say something, I'm giving up on you. -Abro bruscamente a porta fazendo com que ele caia no chão aos meus pés.

-O quê. - Eu gemo.

-Posso entrar? - Ele sorri. Suspiro e passo os dedos pelas mãos.

-Você vai continuar cantando se não fizer isso, não? - Ele sorri ainda mais. -Táááá.- Eu gemo. Ele se levanta, pega a bandeja de comida e entra, sentando-se na cadeira da minha escrivaninha. Ele me entrega a comida e eu me sento na cama. Era katsudon, eu não odiava katsudon, então comi. Junto com ela havia outra garrafa de água e mais batatas fritas.

-Quer conversar sobre ontem? - Papai pergunta.

-Não. - Eu digo

-Você ao menos se sentiu mal? -

-Não. -Papai suspira com a minha resposta.

-Você sabe da sua sus--

-Suspenso por uma semana, sim sim. -

- Hitoshi, isso é grande coisa, você não pode agir como se nada tivesse acontecido. - Encolho os ombros. -Hitoshi, papa e eu queremos que você veja alguém. -

-Huh? -

-Isso é coisa séria, e achamos que conversar com alguém pode ajudar--

-Não vou falar com ninguém. -

-Já é tarde, marcamos uma reunião com o conselheiro da sua escola no dia em que você sair da suspensão. -

-O que?! -

-Hitoshi, você precisa conversar sobre isso. Não é saudável pensar em Midoriya como alguém que "nossa família não precisa", não é saudável, especialmente se ele vai ficar por um longo prazo e possivelmente par--

-Ele não vai ficar para sempre. -

-Hitoshi...- Ele se levanta e caminha até mim, colocando a mão no meu ombro. -Nós te amamos, só não esqueça disso. - Ele beija minha testa e sai do quarto. A semana foi passando, papai e papa acabaram pegando meu switch e só me deixando usar o computador para a escola. Foi uma semana chata. Izuku saía para a escola e voltava na mesma hora, às vezes mancando, mas sempre me evitava. Mesmo que eu quisesse fazer alguma coisa, duvido que ele me deixasse chegar perto dele. Eu fiz meus trabalhos escolares enquanto ele estava na escola e eu estava sozinho em casa, foi fácil, não sou idiota, na verdade sou muito inteligente. Era sexta-feira e eu poderia ou não estar esperando Izuku voltar para casa, mas ele estava atrasado. Foi quando me lembrei da semana passada, quinta-feira, quando ele foi agredido até ficar inconsciente. Corri porta afora e fui até a estação de trem, esperando que um trem me levasse para a escola. Enquanto eu corria, rodeei cada esquina esperando que Izuku estivesse bem, quero dizer, Midoriya. Claro, posso não gostar dele, mas e se... Ao virar uma esquina, eu o vi no chão e seus valentões estavam com Tulip. Era o capitão da equipe de atletismo Iwai Tatsuya e seu grupo incluindo sua namorada, Soda Mika. Eu rapidamente fiz uma pergunta.

-Ei! O que você está fazendo? -

-Não é da sua conta, agora s--

-Largue o coelho, e deixe-o em paz. - Eu digo. Iwai faz o que eu disse, se afastando, sua namorada olha para mim.

-Pare com isso seu maluco! -

-Parar o que? -

-Você sabe o que eu--

-Jogue seu hálito fedorento naquela cara de criança. -

Ela faz o que eu disse, fazendo o garoto que eu apontei fugir de medo.

-Alguém mais quer me testar? - Todos balançam a cabeça vigorosamente e fogem. Pego Tulip, que foi rasgada no braço, e coloco-a na bolsa de Midoriya. Eu o pego e o ajudo a voltar para casa. Quando chegamos em casa já é tarde, todos os trens pararam de circular então tivemos que pegar um ônibus para casa. Papai e papa estavam extremamente preocupados.

-Shinsou onde você estava?! - Papa perguntou enquanto papai tirava Midoriya de meus braços.

- Melhor pergunta, o que aconteceu com Izuku? -

-Bullies, ele está sendo intimidado. - Eu respondo.

-Como você sabia? Ele não tem telefone para liga- Shinsou. – Papa percebeu algo. -Há quanto tempo você sabe que ele estava sofrendo bullying? - Eu me sento lá com vergonha. Eu deveria ter dito algo antes.

-Quinta-feira. - Digo olhando para baixo.

-Por que você não nos contou antes? -

-E-eu

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-N-Não é culpa dele.- Izuku disse silenciosamente. Ele havia acordado.

-Izuku, você está bem? - Papai pergunta preocupado.

-Estou b-bem. - Ele gaguejou.

-Você pode nos contar o que aconteceu?

-E-eu os respondi. E-Eles pegaram Tulip... Cadê a Tulip?!- Ele perguntou começando a surtar. Abro apressadamente minha bolsa e retiro Tulip suja e rasgada. -Tulip...- ele disse tristemente.

-Eu sei costurar. - Digo a Midoryia. Ele olha para mim com esperança em seus olhos. -Não se preocupe, eu vou consertar ela. - Ele se levanta e me abraça de forma surpreendente. Fico travado antes de mover lentamente meus braços ao redor dele. - Me desculpe pelo que disse Midoriya. -

-Está tudo bem, você me salvou. E me chame de Izuku. - Ele disse.

-Tudo bem, Izuku. Me chame de Hitoshi. - Eu atendo. Ouvi papa tirar foto, mas não liguei, o abraço foi gostoso, além do mais ele tinha razão. Izuku precisava de nós e acho que precisávamos dele.

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A música cantada por Aizawa é Say Something de  A Great Big World e Christina Aguilera

1171 palavras.

Obrigada pela leitura :D

A névoa Negra (Dadzawa)Onde histórias criam vida. Descubra agora