Mais um capítulo quentinho saído do forno. Eu escrevi ele inteiro ouvindo In the Shirt (The Irrepressibles), caso queiram ter uma experiência mais completa.
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Sentei ao lado dela e permaneci calada, eu sei que é a vez dela de falar. Meila tomou mais um gole de vinho e depois repousou a taça no chão do deck. Quando ela me encarou, percebi que ela estava tentando conter todas as palavras entaladas na sua garganta. Ela estava pensando como me diria tudo que tem para dizer sem me magoar, mas ao mesmo tempo ela sabe que tudo precisa ser dito, precisamos esclarecer as coisas para seguir em frente. Segurei sua mão firme, lhe passando confiança.
_Na noite do acidente_ Meila começou, com a voz embargada _ Quando uma enfermeira me informou que você estava estável, eu a acompanhei e fui limpar meus ferimentos, precisei de alguns pontos na testa, coisa boba, eu só queria voltar o mais rápido possível e te fazer companhia, mas quando eu cheguei no quarto você não estava lá.
Meila fez uma pausa e deixou um riso nervoso escapar.
_ Eu enlouqueci, eu gritei com as enfermeiras, eu gritei com a recepcionista, eu quis chamar a polícia, até que me disseram que você foi embora com a autorização dos seus pais, eles assinaram um documento se responsabilizando pela sua alta. Você não tem ideia de por quanto tempo eu me culpei... eu achava que se não tivesse saído do seu lado eu teria te convencido a ficar ou teria implorado para os seus pais não te transferirem do hospital.
Encarei o lago por alguns segundos e voltei a olha-la nos olhos, enquanto sua voz trêmula saia através dos seus lábios.
_Me convenci que você era refém deles, que estava presa em uma cama sem telefone, mas logo que voltasse a andar...ou mesmo em uma cadeira de rodas, você tentaria se comunicar comigo e eu iria te salvar, eu iria até você para te tirar de lá e vivermos tudo que sonhamos juntas. Então os meses foram se tornando anos e isso não aconteceu. Eu tive que endurecer, que focar nos meus objetivos, no que eu ia fazer da minha vida. Eu já passei por muita coisa nessa vida Valentina, mas uma das mais dolorosas foi seguir em frente sem ter uma conclusão, porque foi isso que me restou.
Lágrimas silenciosas banharam o rosto dela e eu me senti a pior pessoa do mundo por fazê-la chorar, droga eu me senti a pior pessoa do mundo por fazê-la sofrer tanto. Todos esses anos eu só sabia da minha perspectiva e a minha visão sobre tudo é bem diferente da dela.
Toquei seu rosto e fiz alguns carinhos, enquanto ela tentava se acalmar com o meu toque. Meila fechou os olhos e tentou controlar a respiração, seu peito subia e descia, seu pulso estava acelerado, até que seus olhos castanhos novamente encontraram os meus.
_Porque? Porque você foi embora? Eu preciso de uma resposta.
_ Eu...eu comecei a recobrar os sentidos, a anestesia não havia ido embora completamente, lembro disso porque quando ela passou a dor foi tão intensa que eu quis morrer_ seu olhar se entristeceu_ Eu ouvi a sua voz, um pouco distante, parecia um sonho lúcido...você estava conversando com uma pessoa_ A medida que eu ia descrevendo a situação Meila ia recordando_ vocês estavam conversando, eu não sabia de nada, não sabia direito onde estava, nem o que tinha acontecido, então sua tia começou a falar sobre como eu iria reagir quando soubesse da minha perna e o que você pretendia fazer agora, sobre seus pais, sua vida, sua carreira, até como a minha bolsa já era e você respondeu...
_"Não importa se eu não vou ser médica, se vou ter um emprego comum, eu tenho que cuidar dela, é minha obrigação".
Baixei a cabeça, eu não conseguia olhar para ela naquele ponto, porque a ferida que achava que havia fechado, havia acabado de se abrir novamente.
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Se não fosse aquela noite
Roman d'amourDepois de anos, Valentina volta ao internato onde passou a sua adolescência, para dar aulas. Ela só não sabia que a sua ex namorada, que um dia já foi o amor da sua vida, é agora diretora do internato e pior, odeia ela. Como as duas vão lidar com e...