As Crônicas da Serpente - Cataclismo

Momentos Familiares

Oi oi oi! Sim! Postei capítulo novo hoje e... Bem, estou descontrolada. Enfim, próximo update vai demorar um pouco mais de uma semana por motivos de: faculdade. Tenho relatórios e apresentações e provas aos montes, mas eu vou postar, okay?

Espero que gostem desse agradinho de hoje!

Beijinhos!

—Cherry🍒

———

Illumi estava calado. Irritantemente calado. Durante quase um dia inteiro de viagem a Padokea, ele falara com Medea menos de cinco vezes —principalmente para se certificar de que ela já não tinha febre, mas também para repreender os seus suspiros aborrecidos. Claro que isso deu origem a um monólogo da parte dela sobre como não faria isso se tivesse algo interessante para fazer, o que ele ignorou prontamente.

Dito isto, ela tinha voltado à estaca zero.

Medea era uma mulher que gostava de interagir com as pessoas. Para ela, eram ferramentas divertidas com que passar o tempo, uma vasta prateleira de barras de chocolate de onde podia escolher a mais apelativa. Eram diferentes. Intrigantes. Bom para evitar que ela vagueasse pelos cantos profundos e escuros de sua mente. Mas com Illumi se recusando a entretê-la, ela sentiu uma pontada de desconforto no peito.

Isso a lembrava daqueles dias intermináveis, solitários e silenciosos de sua infância.

Lembrar-se disso era horrível. Não importava o que ela fizesse, ele continuava a não lhe dar atenção. Isso dava-lhe cabo dos nervos. Era como se estivesse de volta a Proyca, a pedir a qualquer um que brincasse com ela.

Ela olha para ele pelos cantos dos olhos.

O longo cabelo preto caía-lhe pelos ombros como carvão líquido, brilhando como uma joia sob as luzes do aeronave. Suave. Tão suave. Ela sentiu-se tentada a estender a mão para lhe tocar, mas conteve-se e brincou com os rodolitos e os rubis no pulso ao invés disto.

De forma alguma imploraria pela atenção de alguém, muito menos a de Illumi. Ela se recusava a fazer isso. Era uma questão de respeito próprio.

Ele quem decidira tê-la, não? Fora ele quem perseguira, raptara e lhe fizera tantas promessas, portanto, era ele quem deveria encontrar uma maneira de começar uma conversa.

Até este momento, porém, esperar que ele tomasse a iniciativa não parecia ser eficaz.

O homem mais parecia uma estátua, imóvel, em silêncio absoluto, observando as nuvens e, de vez em quando, as serras e as luzes no horizonte. Nem sequer olhou na direção dela ou tentou espreitá-la através do reflexo da janela, optando por manter a cabeça apoiada numa das mãos enquanto vagueava. A presença ao seu lado não o afectou em nada.

Medea zombou. Bastante contraditório, depois de ele ter feito questão de ter a presença dela para o resto da vida.

Cruzando as pernas, Medea estava prestes a fechar os olhos e dormir uma sesta quando Illumi finalmente se virou para ela.

— Como está se sentindo?

— Como me senti nas últimas três vezes que me perguntou — murmurou.

— Ótimo. Estou feliz que você parece estar se recuperando.

Reclinada no seu assento, ela acenou com a cabeça.

— Idem. Não quero que as suas agulhas me perfurem de novo, elas doem...

— Doem? — As sobrancelhas dele uniram-se enquanto ele refletia no que ouvira e olhava novamente pela janela. — Ah, parece que chegamos!