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— Oi, amiga. Desculpa a demora, acabei ficando preso no trânsito.

— Não demorou mais que cinco minutos. — Sorriu fraco, trocando um abraço com o homem.

Juliette havia convidado Gilberto para almoçar em um restaurante. Sua motivação, dessa vez, não foi a saudade. Mas sim, que ela precisava mesmo conversar com alguém diferente, que não a confrontasse, como Lara; nem jogasse tudo em sua cara, como Rallyson. O almoço foi um pequeno tempo que ela achou em sua agenda, até porque hoje seria lançamento oficial da A.R.C | JEWELRY.

— Então, amiga, como você está?

— Bem. — Se limitou, encarando o enfeite da mesa — Como você está, Gil?

— Ocupado nesses últimos dias. — Ele se afastou um pouco, para que o garçom pudesse servir o vinho branco — Estou terminando os módulos dos cursos e ainda tenho que voltar para a Califórnia, o PHD volta daqui a duas semanas.

— Falta bem pouquinho pra acabar, né? — Ela tocou na haste da taça, encarando agora, o líquido.

— Sim, Ju. Graças a Deus. E você com os seus trabalhos, como vai? Aliás, você vai assistir ao lançamento da A.R.C | JEWELRY hoje? Já aviso que só saio do Brasil quando eu ver de pertinho o desfile.

— Gil. — Juliette se endireitou na cadeira — Desculpa. Desculpa, mas eu não estou aqui pra falar de outra coisa que não seja o retorno da Sarah.

Ela finalmente encarou seus olhos e viu quando seu amigo engoliu seco.

— Você vai começar a me contar ou eu precisarei fazer perguntas sobre o assunto?

— Ju, eu fiquei tão surpresa quanto você, e...

— Não ficou. — Interrompeu com a voz embargada — Pare de mentir, Gil. Eu estou implorando, por favor.

O homem suspirou e tomou um gole do vinho.

— Eu não pude contar, desculpa.

Juliette assentiu, desviando o olhar.

— Ela pediu silêncio, Ju. Estava machucada demais para ter que dar explicações, entende? No fundo, ela queria que esquecessem dela.

— Quem mais sabia, Gilberto?

— Eu, a família, Robs, Carla, a assessoria inteira, o Arthur, a Thais...

— Pelo visto, todos. Né? — Ela deixou o choro esvair por seus olhos — Sinceramente, eu me sinto uma idiota de ter acreditado em vocês e ter chorado tanto, me preocupado tanto quando no fundo... Era tudo uma corja.

— Desculpe dizer, mas estive entre a cruz e a espada. Não poderia deitar para nenhum lado, mas, preferi respeitar o desejo da Sarah. Me desculpe, eu não poderia mesmo quebrar isso.

— Não, tá de boa. Eu entendo, amigos, sabe?

— Ju, desculpa. Mas não consigo entender você. — Gilberto apoiou os cotovelos na mesa, encarando seus olhos — Amiga, você não gostava dela. Ou não gosta, sei lá. Nem queria falar com ela, entende? Vocês até fizeram uma medida pra bichinha ficar longe, véi. Qual o sentido teria?

— Eu achei que ela tinha morrido, Gilberto.

— E ela já não estava mesmo morta na sua vida? Que diferença faria?

Juliette ficou em silêncio.
Seu corpo tremia e ela não lutava mais contra suas lágrimas. Agradecia pelo estabelecimento estar totalmente vazio naquele primeiro andar em prol de ambos.

— Você não entende.

— Não mesmo, então, por favor. Me explique. Você gosta da Sarah? Porque se for, a gente prossegue esse assunto.

Irreplaceable | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora