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Uma semana se passou...
Após a discussão entre Sarah e Juliette na despensa da mansão Andrade, o que restou para amigos e familiares foi um profundo silêncio de ambas as partes.

Tanto a empresária, quanto a artista, pegaram o máximo de trabalhos possíveis naquela semana que antecede a data da próxima reunião marcada pela própria Andrade 's Raphael Chacón. O teor tinha sido avisado com antecedência: precisavam organizar tanto a viagem para Londres, quanto para a França, além de apresentarem os novos trajes que a própria Juliette usaria em consonância com as joias. Essa mesmíssima reunião contaria com o núcleo da empresa, com a equipe da artista e com os maquiadores e estilistas que integravam a grade de profissionais da ARC.

Porém, não era apenas o fato de rever Sarah que intrigava Rallyson e Lara. Ambos já tinham combinado entre si o que falariam, caso tivessem oportunidade. A grande questão que deixava a dupla de amigos curiosos era justamente o silêncio da amiga após a festa. Eles viram quando Juliette retornou de seja lá onde ela estivesse, viram quando ela bebeu mais que o necessário, viram quando em um rompante, ela começou a pedir veementemente para ir embora e depois, tudo foi silêncio. Juliette não comentou o que tinha acontecido antes, não comentou o porquê chorou durante toda a noite até cair no sono, não contou se tinha um dedo de Sarah nisso. Ela silenciou. Suas respostas eram genéricas e profissionais. Durante aquela mesma semana, ela resolveu realizar o "O último ato de Juliette Freire" como uma despedida breve dos palcos. O show seria realizado em um teatro, ela desejava um espaço menor do que um palco de rua. Faria para seus amigos, familiares e uma quantidade limitada de fãs. Alguns cantores tinham sido convidados para integrar. E depois disso, seus dias seriam dedicados ao desfile e às publicidades que desejava findar durante aquele ano. Ela queria férias, precisava delas, mesmo que ainda não estivesse no tempo que combinaram.

No entanto, na residência Andrade Vieira, tudo tornou-se muito mais silencioso do que já era. Sarah estava atolada de reuniões, projetos e viagens. Nem mesmo Priscilla conseguia distinguir o que tinha acontecido com sua noiva, tampouco acompanhá-la nesse ritmo incessante do mundo dos negócios. Tentava conversar com a mulher, mas ela não estava aberta aos diálogos. Tentava dobrá-la com carinho, mas nem sempre tinha sucesso. Seja lá o que tenha acontecido com ela no dia do desfile, tinha desmoronado a mais alta com todo sucesso do mundo. E Priscila não sabia bem o que fazer.

— Descarte esse look, eu não vou com ele.

Rallyson encarou a artista que passava como um furacão por ele, dentro do próprio closet.

— Como não, Ju? Esse é elegante.

— Já disse que não vou. Está quente e não vou me submeter a uma coisa dessas apenas por causa daquela empresa.

Ele bufou e assentiu calado.

— Cadê aquele vestido laranja? Que fui pro encontro de Fátima.

— Não sei, Juliette.

— Mas, que porra. Vocês também não sabem de nada. — Resmungou, passando cada peça de roupa com raiva — Vou ter que contratar gente até pra isso?

Rallyson respirou fundo, estava prestes a dar uma resposta mais que indesejada na amiga que tinha acordado com o pé esquerdo naquela manhã. Porém, ao sentir a mão de Lara em seu ombro, ele silenciou e levantou, saindo do closet.

— Posso saber o porquê desse mau humor, Ju? — Lara encostou na porta, após tê-la fechado. Estava de braços cruzados e séria, muito séria. Juliette a encarou de canto e voltou o olhar para suas peças no mesmo instante.

— Nada.

— Nada? Ou tem alguma coisa relacionada à Sarah Caroline?

Juliette deu de ombros, passando por ela como um tornado. Ela tinha a peça nas mãos e uma vontade inexplicável de fugir rapidamente daquela conversa.

Irreplaceable | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora