Refém

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O teatro estava lotado.
Mesmo que fosse um show destinado a pessoas íntimas, isso não significava que era uma turma consideravelmente pequena ou algo assim. Juliette era, antes de tudo, uma amiga e companheira, de muitos amigos e de uma simpatia inquestionável. Seus fãs lamentaram a pausa nos períodos de shows, mas apoiaram com veemência a dedicação da paraibana nas passarelas. Não tinha como negar que ela tinha se tornado um fenômeno pela segunda vez, em um curto espaço de tempo. Após a discussão entre Juliette, Rallyson e Lara, ninguém mais tocou no assunto "Sarah". Todos trataram de adiantar suas produções pessoais, afinal, tinham um show para cantar, organizar e fotografar.

— Ela chegou.

Lara tinha sussurrado a única informação capaz de mexer com toda a estrutura de Juliette e deixá-la extremamente nervosa para pisar naquele palco. A cantora estava de pé, tendo os últimos detalhes de seu vestido sendo ajustados para só então, subir e realizar o Último Ato antes da pausa temporária que faria.

— Veio como?

— Com um terno azul marinho, lindíssimo, inclusive.

Juliette acenou e involuntariamente, começou a balançar suas mãos suadas.

— Está ela, Pietro e a Priscilla nas primeiras cadeiras.

— Essas informações estão me deixando ainda mais nervosas, amiga.

Lara sorriu, capturando uma foto da morena.

— Alguma música diferente hoje?

— Acho que... duas. — Suspirou ansiosa, encarando Lara — Uma nós passamos, mas a outra eu peguei esses dias e ensaiei hoje.

— Acha que ela vai entender o recado?

— Em todas elas. Assim espero.

— Pronta, Juliette? Falta dois minutos. — Rallyson avisou, encarando o relógio.

— Quase. — Ela se encarou uma última vez no espelho — Quase pronta.

Enquanto isso na platéia, Sarah estava atenta ao palco do teatro.
É verdade, ela não queria ir de jeito nenhum. Mas foi convencida por uma noiva, extremamente fã e admiradora da paraibana e um amigo, completamente rendido por ela. A empresária não sabia dizer qual era o pó mágico que Juliette usava, fora o seu perfume importado — isso ela sabia bem, mas sabia que essa onda de gostar dela era inevitável e generalizadora. Sabia que bastava ficar alguns minutos na companhia da artista e bum! Qualquer um ficava encantado por Juliette e ansiava por mais. Mais contato e mais tempo com ela.

— Está lindo, não está? — Priscilla comentou e no mesmo instante, Sarah viu uma câmera apontada para ela.

— Ô. — Resmungou se humor, sabendo que sim, no dia seguinte, aquela foto estaria estampando todas as redes sociais.

No meio das vozes que conversavam entre si, um grito de guerra começou a ser entoado, sendo espalhado por todo o teatro. "Ô Juliette, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver." Os fãs repetiam a todo vapor.

— Ela é mesmo uma querida, não é, mon cher? — Pietro se dirigiu à Sarah, recebendo um olhar fulminante. Ela ainda não tinha digerido o papel que seu melhor amigo tinha feito na residência da inimiga mais cedo — Oh, digo. Parece ser.

A luz do palco diminuiu e os primeiros acordes do violão foram tocados. De repente, o silêncio vindo da artista, tornou-se um cantar tranquilo, ecoando em todo o teatro.

Cê vem de leve como quem não deve nada

Depois de tudo que levou

A minha paz, o meu juízo que já era pouco

Irreplaceable | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora