Promessas

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Na noite anterior...

— O que vamos fazer agora?

Sarah e Juliette estavam deitadas no sofá espaçoso da sala de estar. O cobertor macio aquecia ambas mulheres, fazia frio naquela noite. E apesar disso, a camisa preta que Juliette usava estava levemente levantada, apenas para que Sarah fizesse círculos e linhas imaginárias com a ponta dos dedos em sua pele quente.

Havia duas caixas de pizza em cima da mesa de vidro do centro, assim como uma garrafa vazia de vinho tinto. Naquele meio tempo, tinham conversado sobre como foram aquelas duas semanas longe uma da outra e, inevitavelmente, sobre o rompimento, além da aparição de Priscilla na residência Freire. Se sentiam com o coração dividido. Juliette, deitada no peito da mais alta, apesar de se sentir em paz em estar nos braços do seu amor, pensava constantemente na atriz, que tinha se tornado basicamente uma amiga ao qual, doeu muito ter que magoar. Sarah, em contrapartida, tinha a dor e a angústia de Priscila, mas a paz apenas em estar com a sua amada fornecia, também estava lá. Era um sentimento tão ambíguo que ela não conseguia entender, apenas sentir.

— Dar tempo ao tempo. — Retrucou, ganhando seu olhar — Está tudo muito recente e apesar de eu e você termos nos entendido, a situação com Priscilla não me deixa completamente em paz, sabe? É como se eu sentisse que preciso fazer algo por ela.

Juliette ergueu o tronco e engatinhou até ficar frente a frente com a empresária, olhando bem para seus olhos verdes.

— Sabe a única coisa que passa pela minha cabeça agora?

— O que?

— Lara.

— Ela conseguiu alcançá-la? — Sarah levantou um pouco, deixando que a morena se acomodasse em seu colo. Uma perna de cada lado, os olhos fixos uma na outra.

— Priscilla não quis nem ouvir, na verdade, nem deu tempo. Ela só arrancou com o carro. — Juliette estalou a língua, acompanhado de um suspiro — Antes de vir, precisei consolar Lara. Fiz um chá de camomila e Deus me perdoe por isso, ainda coloquei um calmante. Ela chorou demais.

Sarah ficou em silêncio por um instante.

— Achei que ela viria pra cá.

— Ela voltou para New York, na verdade. Hoje mesmo. — Sarah estendeu o braço, pegando o bilhete na cômoda — Leia.

Juliette colocou os óculos de grau e abraçou o pescoço da empresária, lendo atentamente palavra por palavra.

— Ah, Sarah... — Retrucou tristemente, sendo acolhida por um cafuné vindo da mais alta.

— Relaxa. — Pediu, beijando suavemente sua bochecha corada pelo vinho — Vai passar.

— É, mas até passar, vai doer tanto. Sabe? Me arrependo de ter conduzido tudo dessa forma, não queria ferir ela.

— Eu também tenho culpa nisso e acredite, era inevitável não ferir. Mas acho que podemos fazer uma coisa.

— O que?

— A fé move montanhas, não é? Então nós vamos mover a nossa e ir até lá, em New York. — Ela umedeceu os lábios — Com a Lara.

— Sarah, Priscilla vai dar uma corça tão grande na gente, Sarah. Ela já mandou eu e você ir se foder, dessa vez, a voadora te alcança e eu vou junto na sequência.

Sarah riu, negando com a cabeça.

— Ela nos odeia, mas não odeia a Lara. — Piscou um olho em sua direção — Ao contrário...

— Você acha que Larinha vai querer ir?

— Nós arrastamos ela, que tal? Eu seguro os braços e você as pernas.

Irreplaceable | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora