Omissões

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Bom dia, Juliette. A Priscilla está?

Juliette piscou uma, duas, três vezes.
Ela precisou olhar Sarah dos pés à cabeça e ouvir o pigarro sair da sua garganta para confirmar se não estava tendo alucinações com aquela mulher. Sarah estava mesmo ali, de pé, com roupas básicas e uma impaciência notória no olhar.

— Eu sei que minha presença ainda é impactante. — Ela disparou ao perceber que Juliette não falaria nada — Mas, pode chamar a minha noiva? Eu tenho hora.

— É... Priscilla?

— Não, Rallyson. — Ergueu uma sobrancelha na direção na mais baixa — Você anda usando drogas, Juliette? Óbvio que é a Priscilla.

— Oxente, Sarah? — A voz de Fátima ecoou — Precisei colocar um óculos pra ver se era você mesmo.

— Bom dia, dona Fátima. Como vai?

Sarah estendeu a mão na direção da mulher, sendo rapidamente cumprimentada com um aperto caloroso vindo da matriarca da família Freire. Juliette, em contrapartida, ainda observava o seu ex caso não resolvido com uma expressão de incredulidade e receio. O olhar de hazel da mais alta estava duro feito pedra, é óbvio que ela recordava do tapa. É óbvio que estava furiosa tanto por ter que ir na residência de Juliette, quanto pelo o que ela fez.

— Vou bem, minha filha. Entre aí, vá. Venha almoçar conosco.

— Agradeço o convite, mas não posso. Tenho um compromisso ainda.

— Ah, Sarah. — Priscilla chamou com um sorriso — Eu já ia te ligar pra avisar.

Os olhos do trio de mulheres foram em direção à noiva da empresária, que vinha caminhando em suas direções, tal como uma modelo na passarela.

— Caroline. — Pietro espalmou a mão em sua lombar — Voltei com o vinho e a sobremesa.

— Vinho e sobremesa? — Ela ergueu ambas sobrancelhas — Alguma ocasião especial?

— A família Freire nos convidou para almoçar aqui.

— Você vem? — Juliette perguntou receosa, apertando a maçaneta da porta.

O olhar de Sarah pareceu uma bola de sinuca em jogo. Primeiro, acertou Juliette. Depois, Priscilla. Depois, Pietro. E por fim, Fátima.

— Hm, bom. — Ela pigarreou, respirando fundo — Não vamos nos atrasar para a reunião?

— A reunião será às duas. São meio-dia agora. — Pietro retrucou e Sarah quis correr. Por que ele não colaborou com sua ideia mesmo? Principalmente depois de ter visto tudo o que ocorreu naquela despensa.

— O.k.

O ar se esvaiu pelos pulmões de Juliette e só então ela percebeu que segurava a respiração. Sarah nunca pisou e nem quis pisar os pés naquela casa. E se não fosse pela insistência dos seus amigos da onça, ela estava disposta a prosseguir com aquela decisão. Ao adentrar na residência de Juliette, ela notou como aquela decoração sutil e de poucas cores, representava bem o estado de espírito da paraibana. Paz, calmaria, aconchego, alegria. Tudo isso fazia jus à pessoa de Juliette. E tudo isso também estava explícito em cada cômodo.

— Gostou? — Ela perguntou assim que Sarah parou de frente a um quadro seu. Ela havia ganhado dos seus fãs, era colorido, bem como a alma dela.

Sarah deu uma última olhada e afundou suas mãos no bolso da frente. Prosseguiu o caminho em silêncio, ignorando totalmente aquela pergunta. No entanto, ela parou quando sentiu a mão firme da morena em seu pulso, fazendo seu corpo virar.

Irreplaceable | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora