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— Ainda não consigo acreditar que eu realmente passei esse vexame de chamar quem eu menos queria para um show totalmente privado.

— Pois, é. Eu tentei avisar.

Juliette soltou uma lufada de ar e se jogou no sofá da própria casa.
Após a reunião, ela sentiu um cansaço que ia desde seus pés esmagados naquele salto até a sua cabeça, que latejava de dor. Ainda não podia acreditar que tinha bebido tanto a ponto de convidar Sarah e Priscila para um show seu. E pior que isso? Disponibilizar a primeira fileira para elas. A paraibana agora torcia profundamente para que Sarah tivesse a capacidade mental para analisar a situação de ambas sem ao menos pensar duas vezes e assim, não comparecer de jeito nenhum no dia do seu "Último Ato".

E por falar em Sarah, aliás, quando ela não falava em Sarah?
Parecia que seu nome doce na boca de criança. Ou, não sei, o efeito de drogas na mente de um viciado.

— Preciso contar uma coisa. — Anunciou, ganhando a atenção de Lara e Rallyson — Mas preciso de banho e remédio primeiro. Que tal vinho e pizza para hoje?

— Espera. Qual o assunto?

— Não nos diga que é o demônio moreno. — Rallyson ergueu uma sobrancelha e bufou ao Juliette assentir que sim, o assunto era ela. — Fala sério. Era melhor quando ela não estava aqui.

— Eu só aceito essa conversa se for realmente você assumindo que ama aquela mulher.

— Na verdade, quero achar uma solução. Tá bom? — Ela levantou, pegando seus saltos — Podem pedir a pizza?

— Rápida no banho, Ju. — Lara pegou o celular, abrindo na aba da pizzaria — Mussarela ou calabresa?

— Os dois. — Gritou da escadaria.

Juliette prolongou o banho como podia.

Ela sentia a água morna descer pelo corpo nu, levando consigo, todo o seu cansaço e espairecendo a mente cinzenta. Seu raciocínio ficava claro como o dia, seus sentimentos também e nada se diria da saudade latente daquela mulher que tirou toda a sua sanidade mental. Ela não podia mais negar que estava com muita saudade de Sarah. Que pensou nela todos os dias e que se pudesse fazer diferente, ela faria. Espera! Ela seria mesmo capaz de fazer diferente? De assumir Sarah? De beijar seus lábios? De transar até enlouquecer com ela? De formar uma família com ela e nunca mais pensar em outro alguém? Algo dentro do peito dela dizia que sim. Ela seria capaz, se tivesse uma chance, apenas.

— Pensei que ia morar dentro do banheiro. — Lara resmungou ao ver Juliette descer com um pijama de cactos. Os cabelos estavam molhados, mesmo naquela hora da noite. E no rosto, o velho óculos redondo — Veio pitica hoje.

Ela sorriu fraco e deitou perto da amiga.

Rallyson estava encostado no sofá, sentado no tapete felpudo. Comia uma fatia de pizza, assim como Lara.

— Acho que eu amo uma mulher. — Iniciou — Romanticamente. E não sei o que fazer, porque eu nunca senti isso na vida.

Eles ficaram em silêncio, esperando que a própria Juliette continuasse.

— Estou morrendo de saudades da Sarah e ver ela com aquela Priscilla é horrível, entende? Eu pensei que poderia gostar menos, mas não consegui. Acho que falhei como hétero, né?

— Não falhou, amiga. Você sempre foi assim, ok? Não é uma falha ou um erro, está tudo bem gostar de uma mulher. — Rallyson comentou sem encarar seus olhos — O problema mesmo é quando a mulher é a Sarah.

— Eu não posso ficar com ela — Juliette se afundou no sofá — Se eu soubesse que seria assim, tinha ficado com ela desde a primeira vez.

— Você quis. Ela que não cedeu. — O homem retrucou seco — Péssimo pra ela. Você é perfeita.

Irreplaceable | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora