Imprevistos

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Um mês se passou desde a volta ao Brasil.
E a palavra que definia bem o último mês era: imprevistos.

A despedida no aeroporto não foi nenhum pouco fácil. Seja para Priscila e Lara, ainda em New York, que precisaram aceitar que ficariam em um "contato a distância". A fotógrafa ainda precisava cumprir horários e escalas trabalhando na equipe de Juliette e a atriz, necessitava começar a fazer seus primeiros testes para o filme. Assim como também foi difícil para Sarah e Juliette, Rallyson e Pietro.

Sarah havia dito que precisaria passar uma semana em São Paulo, em vista dos seus negócios. Porém, isso se estendeu por duas longas semanas. E era claro que ela não poderia ficar sem o seu parceiro de negócios, Pietro. Restando assim, aos seus pares, se confirmar por chamadas de vídeo ou mensagens de textos.

No entanto, não era apenas a agenda dos empresários que estavam superlotados. Juliette tinha respondido a uma proposta quase inegável de emprego na televisão brasileira. Agora, ela apresentaria junto com Gilberto, um programa de culinária e curiosidades tipicamente históricas nordestinas. O programa foi um sucesso antes mesmo de ir ao ar, aliás, quem não gostaria de rever os dois nordestinos mais amados novamente na televisão e juntos? Por mais que estivesse tudo corrido na vida de Juliette, seu sentimento era de gratidão. Além disso, ela ainda estava carimbando publicidade por publicidade nos dias vagos e como se não pudesse piorar, ainda cogitava a realizar uma tour com cinco shows. Segundo ela, a última do ano.

— Juliette, presente para você. — Seu produtor avisou adentrando no estúdio com um buquê de rosas vermelhas e girassóis.

A paraibana virou e sorriu largamente em direção ao buquê. Já sabia quem tinha mandado, assim como pessoas próximas como Rallyson e Lara também sabiam. Era sempre assim. Por mais que Sarah não estivesse presente em corpo físico, ela sempre arrumava um jeito de estar. Buquês de flores, almoços, lanches, doces, até mesmo livros que Juliette começava desejar ter, já chegaram ao estúdio.

— Esse romance está ficando sério, hein? Quem é o sortudo?

— A única pessoa sortuda sou eu. — Ela sorriu lindamente, tocando no cartão dourado.

Apenas iniciais, como sempre. S.C.A.

— Fala, amiga. Quem é o bofe? — Seu maquiador se aproximou, espalhando pó pelo rosto.

— Um dia vocês sabem.

— Uai, mas esse dia nunca chega. Já faz o quê? Um mês que o coitado do Rica tem que buscar e entregar flores e chocolates.

— A criatura deve estar bem passando pelo estágio probatório, não é, Ju? — Gilberto brincou, apesar de saber muito bem sobre quem se tratava.

— A criatura nem vai precisar disso, acredita? — Brincou, ficando visivelmente envergonhada pela série de huuum que ecoou no estúdio — Ai, gente! Vocês são curiosos demais.

— Gente, vocês não sabem quem acabou de chegar aí. — A cabeleireira resfolegou — É hoje que essa internet vai cair.

— Quem, mulher? Fala logo.

Antes que sua boca pronunciasse o nome, os burburinhos alcançaram a equipe no estúdio. O cinegrafista adentrou conversando animadamente com uma figura alta e de terno azul. Juliette tentou conter o sorriso, mas foi em vão. Recebeu uma sacudida de Gilberto e nem mesmo isso foi capaz de fazê-la parar de sorrir. Ainda estava com o buquê em mãos enquanto via Sarah cumprimentar todos os que estavam presentes. O que ela veio fazer aqui? Pensou. Mas que bom que ela veio. Concluiu. Seu coração não estava mais aguentando de tanta saudade.

Irreplaceable | SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora