22- Saya

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Torço os dedos quando Emma anda um cavalo. Uma jogada errada e pode fazê-la perder o jogo e ser desclassificada.

Por favor. Fecho meus olhos.

-Vitória da Emma- Anunciam alguns segundos mais tarde.

Abro os olhos. Ela ganhou?

Ela ganhou. A peça estava em sua mão e um sorriso de orelha a orelha preenchia seu rosto. Eu queria correr até ela e abraça-la, mas não dá tempo, pois o próximo jogador estava pronto para a jogada final.

Por alguns segundos, o olhar da Emma cruza o meu. Movo meus lábios desejando boa sorte. Eu estava mais ansiosa do que qualquer um ali. Aquilo é importante para Emma. Já consigo imaginar o pequeno troféu na sala da casa da avó ao lado do tabuleiro de xadrez, cujas peças estão coladas. E sentada no sofá, sua avó, com um grande sorriso e um braço entrelaçado no da neta. Isso precisa se tornar real.

Um raio de sol passa por entre as folhas da árvore e ilumina o cabelo escuro de Emma. Seu rosto fica ainda mais belo quando está corado pelo calor e pela tensão do momento. O óculos traz um toque especial para sua aparência. Toda vez que ela o deslizava pela ponte do nariz colocando-o novamente no lugar meu coração acelerava.

E é isso que acontece agora. Ao inclinar a cabeça, o óculos cai e ela o coloca no lugar. Como pode uma garota fazer meu coração acelerar dessa maneira com apenas um gesto?

-Acho que a de cabelo curto vai ganhar- Diz baixinho uma garota ao meu lado. A mesma de coque que eu tinha visto Emma jogando.

-A Emma? Estou torcendo para ela.

-Você parece um pouco nervosa.

-Esse jogo está me deixando tensa. O garoto está pensando a meia hora.

Um pequeno sorriso aparece nos lábios da garota. Ela cruza os braços e inclina a cabeça para o lado.

-É necessário calcular cada jogada. Você já deve saber o que acontece quando uma jogada não é bem planejada.

-Xeque mate- Diz Emma interrompendo a minha conversa com a garota.

Todos se voltam para o tabuleiro. Emma havia colocado o rei do garoto em uma emboscada, onde qualquer movimento o levaria a perder.

-Parabéns Emma. Você é a vencedora- A organizadora se aproxima com um pequeno troféu nas mãos, aquele mesmo que eu estava sonhando.

O rosto de Emma se ilumina como eu nunca tinha visto. Seu sorriso era o mais alegre já existente. Seus olhos brilhavam de felicidade e suas mãos seguravam o troféu com tanta força que deixava a dobra dos seus dedos brancos.

Os alunos batem palma parabenizando a ganhadora e começam a conversar formando grupos. Corro ao encontro de Emma agarrando seu pescoço com força.

-Eu sabia que você ia ganhar.

- Eu ainda não consigo acreditar.

Sorrio para ela.

Ela sorri para mim.

A conversa estava tão alta e animada que era difícil entender o que Emma falava. Então, a guio para um canto afastado, onde nos sentamos na grama e aproveitamos o silêncio.

O vento leva seus belos cabelos para trás, expondo todo o seu rosto. O contorno de seus lábios rosados me deixava com vontade de toca-los. Eu nunca havia conhecido alguém que me deixasse assim, caidinha de amor.

Emma sente meu olhar, pois se vira para mim com os olhos iluminados de alegria e faz aquele lance com os óculos.

Ela sorri para mim.

Eu sorrio para ela.

-Sinto muito por você não ter passado para as finais- Ela diz.

-Eu nem gosto de xadrez.

O sorriso desaparece e uma ruga surge entre suas sobrancelhas. Ela abre a boca para falar mais fecha sem entender. Acho que esse é o momento certo.

-Você ainda não percebeu?- Aproximo minha mão da dela. O coração batendo tão forte que parece um tambor- Eu gosto de você Emma. E não só como amiga. Gosto como algo a mais. Toda vez que te vejo meu dia melhora imediatamente. Quando você ajeita os óculos me deixa sem ar. Não sei se você sente o mesmo por mim, mas...

Os lábios de Emma se pressionam contra o meu de repente. Eles são tão macios quanto eu imaginava. Minhas mãos deslizam pela sua cintura e a dela pousa atrás da minha cabeça. Nunca estive tão próxima dela a ponto de sentir o cheiro do seu sabonete.

O vento sopra na hora perfeita como nos filmes. Sua pele beijada pela luz do sol era tão perfeita. Toco seu rosto acariciando-o com cuidado e em segundos nossos lábios estão novamente grudados.

Aquilo era real?

Separamo-nos e olho no fundo de seus olhos, que estavam mais alegres do que antes.

Ela sorri para mim.

Eu sorrio para ela.

Caímos na grama fresca. Minha mão desliza para a dela. Ficamos ali, apenas encarando o céu enquanto refletíamos sobre o que tinha acontecido sem dar uma palavra.

O beijo já tinha dito tudo.

Os tons de rosa do meu arco-írisOnde histórias criam vida. Descubra agora