38- Saya

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Papai acaba de preparar o maior balde de pipoca que já vi na minha vida. Aquilo devia ser a maior bomba de sódio existente contando com a quantidade de sal e manteiga que ele adicionou. Pego uma única pipoca do topo do balde. Mesmo sendo tão pequena ela é capaz de queimar meus dedos. Enfio-a rapidamente na boca sentindo o crocante e o sabor cremoso da manteiga.

-Acha que Emma vai gostar?- Pergunta enquanto ajeita o colchão no chão com todas as almofadas que encontrou das mais variadas formas.

-Com certeza.

Jogo mais uma pipoca na boca quando a campainha toca. Faço menção de levantar, mas meu pai desliza rapidamente pelo piso e me faz permanecer no lugar como se eu fosse feita de porcelana.

-Quietinha. Eu atendo.

-Pai! Eu estou bem- Protesto, mas é tarde demais.

Meu pai tem me tratado como se meus ossos fossem quebrar a qualquer momento e não me deixa fazer o mínimo do esforço. Também acho que atender a porta e passar uma boa impressão para Emma é importante para ele, já que das outras vezes não esteve presente por conta do trabalho.

Depois de alguns minutos que pareciam intermináveis, o tempo parece passar devagar quando estou longe dela, os dois aparecem na sala, meu pai caminhando logo atrás dela balançando as chaves.

-Eu trouxe para você meu bem- Emma diz se abaixando e tirando de trás das costas algumas flores embaladas em papel de seda. Elas tinham pétalas delicadas e tão azuis como o céu- É para combinar com o azul do seu cabelo.

Emma deposita um beijo em minha bochecha e tira o tênis que usava para se acomodar ao meu lado.

-Obrigada. É lindo.

Em seguida meu pai liga a televisão e se acomoda com a gente no meio das almofadas. Para a noite de hoje escolhemos um daqueles filmes de comédia perfeito para assistir em família e provocar risadas para melhorar e suavizar o dia de todos.

-O que acha da pipoca?- Pergunta meu pai enquanto o filme ainda não começava oferecendo o balde a ela.

Emma pega um punhado e enfia na boca. Acho que ela percebe o excesso de sal imediatamente, pois para de mastigar e mostra os polegares para cima com um sorriso estranho.

-Você estava certa filha.

O filme realmente provoca sorrisos e comentários divertidos entre nós. Em determinado momento Emma me puxa para si, tomando cuidado assim como meu pai, como se eu fosse de porcelana. Assim que me encosto-me a sua camiseta branca e amassada o sono começa a chegar devagarzinho. Seu cheiro me envolve e o conforto de seus braços me embala. Aos poucos a tela da televisão fica embaçada e antes de fechar os olhos avisto uma estrela no colarinho de sua camiseta, tão pequena que podia passar despercebido.

Emma sempre carrega estrelas consigo.

Os tons de rosa do meu arco-írisOnde histórias criam vida. Descubra agora