31- Emma

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Tenho que admitir que passei a semana esperando ansiosamente pelo treino. Também tenho me sentido mais feliz com Saya por perto, mesmo que mal nos encontramos. Acho que saber que ela também me ama tem colaborado para minha ansiedade e aumentado minha força de vontade.

Alex parecia muito empolgado em me ver. De acordo com ele eu sou a primeira depois de muito tempo sem alguma menina entrar para o time. Algumas garotas aguardavam na quadra conversando ou alongando. Vários pares de olhos encaram a mim enquanto Alex vem minha direção com um sorriso de orelha a orelha.

-Emma! Fico feliz que tenha vindo fazer parte da nossa equipe- O treinador aperta minha mão firmemente como naquele dia- O treino já vai começar. Enquanto isso eu vou deixar você na mão das meninas que, com certeza, vão te receber muito bem.

-Obrigada treinador Alex.

Caminho timidamente até um trio de garotas vestidas com o mesmo uniforme que o meu e aceno com um sorriso no rosto. Para minha surpresa, ao invés de me julgarem com os olhos e cochicharem entre si como estou acostumada a ver, elas me puxam para a pequena rodinha e sorriem animadas.

-Faz tanto tempo que não temos uma novata- Diz a garota de cabelos escuros e crespos presos em um coque pomposo acima da cabeça. Suas feições são delicadas e a pele escura e aveludada a deixa ainda mais bela- Qual seu nome? Pode me chamar de Bea

-Eu sou a Emma- Falo ainda surpresa demais com essa recepção calorosa.

-Dê espaço para ela Bea. A garota precisa respirar, veja como está confusa- Diz a outra ao lado de Bea, com os cabelos castanhos e longos presos e ajeitados com uma fina tiara preta.

-Não, eu estou bem- Abro meu melhor sorriso e encaro a paisagem por cima de seus ombros, ainda desconfortável demais para olhar em seus olhos- Só não esperava ser recebida tão bem. Geralmente as pessoas... Não são muito convidativas.

-Entendo perfeitamente- Diz a terceira garota, cujo cabelo está preso como as demais, mas apresenta algumas mechas soltas por serem curtas demais- Acredite em mim. Você não estaria se sentindo assim se tivesse caminhado para o outro lado.

-A Greta tem razão. Está vendo aquela sirigaita bem ali?- Bea aponta seu dedo fino e longo discretamente para uma garota que comandava o alongamento junto com o restante do time- Teria feito você desistir antes mesmo de começar.

-Ela não suportaria a ideia de correr o risco de ter alguém melhor que ela no time- Diz a garota de cabelos presos por uma tiara que descubro se chamar Zoe.

-Ela não precisa se preocupar. Sou tão desastrada quanto um esquilo de patins para esportes. Estou aqui apenas pela diversão.

-Diga isso ao espirito competitivo dela- Responde Greta cruzando os braços na frente do corpo e revirando os olhos.

O treinador interrompe nossa conversa e nos chama para o centro da quadra. Da mesma forma que faz com os meninos, pede para que façamos alguns exercícios para treinar os principais fundamentos.

Bea se oferece para realizar os exercícios comigo enquanto Greta e Zoe formam outra dupla ao nosso lado. Não tenho dificuldades para realizar os exercícios, pois são parecidos com que eu e Samuel praticamos.

A diferença é que dessa vez vou ter que participar do jogo realizado nos últimos minutos de jogo. O treinador escolhe duas capitãs e nos dividimos em dois times. Felizmente fico no mesmo time que minhas novas colegas, mas tenho azar de cair junto com a sirigaita, Eloisy.

Realmente, ela é uma das melhores. Seu jeito flutuante de jogar me faz lembrar Samuel que é tão habilidoso quanto ela. Seus cabelos aloirados balançam ao redor da cabeça enquanto dribla a bola com perfeição e leveza.

Ela não parecia ser chata como tinham me dito até começar a gritar comigo e tenho certeza que não é por medo de eu ser melhor do que ela. A irritação toma conta de seu rosto quando arremessam a bola para mim, mas deixo quicar para longe e uma garota do outro time a apanha levando-a para cesta.

-Precisa de óculos novos, novata?- Grita ela a alguns metros de mim, o suor se acumulando na testa e descendo em forma de gotas pela lateral da cabeça.

-Desculpa- Tento dizer, mas o barulho dos passos e da bola cobre minha voz falha.

Corro na mesma direção que o restante do grupo na tentativa de ajudar e entender melhor como funciona basquete na prática. Acreditem, é bem diferente do que aprendemos na lousa na aula de Educação Física.

Uma garota do outro time se prepara para arremessar a bola, mas Bea intervêm e joga a bola para longe dela. Para o meu desespero ela vem em minha direção, mas, felizmente, consigo segura-la. De repente meu mundo se ilumina. A cesta está tão perto de mim e... Por que não tentar?

Posiciono-me e arremesso a bola como ensinado nos exercícios. Tudo acontece tão rápido que não tenho tempo de entender o porquê várias meninas gritam ao meu redor. A bola circula ao redor do arco da cesta duas vezes, igual nos filmes, fazendo meu coração disparar ainda mais. Quando ela cai para dentro, marcando um ponto a gritaria aumenta.

Eu marquei um ponto.

Encontro os olhos das garotas do meu time, mas elas não parecem felizes. Algumas estão rabugentas e outras têm um sorriso desconfortável no rosto. Um forte empurrão nos ombros quase me faz cair para trás, mas consigo manter-me equilibrada.

-Além de cega você é burra?- Grita Eloisy que acaba de me empurrar com toda a força do mundo. Ela está tão irritada a ponto de sair fumaça de suas orelhas. Suas feições, quando brava me faz lembrar Pam- Aquela é nossa cesta sua idiota! Deveria ter feito ponto na outra.

Boa Emma.

Na agitação e pressão de ser nova nem percebi que deveria ter corrido para o outro lado da quadra para tentar marcar um ponto.

-Me desculpa...

-Desculpas não vão trazer nosso ponto de volta!- Ela parece prestes a voar para cima de mim e arrancar meus cabelos, mas Zoe surge entre nós.

-Pega leve com ela Eloisy. Esse é o primeiro jogo dela.

-Meninas! Sem brigas, por favor- Alex também parece entre nós e antes de levar o apito até a boca continua a falar- Emma está tudo bem, não se preocupe. Agora voltem ao jogo.

-Não ligue para o que aquela sirigaita te disse- Fala Bea apertando meu ombro ainda dolorido pelo empurrão- Você está bem, não é?

-Estou. Vamos voltar ao jogo.

Dessa vez mantenho- me mais atenta à bola e deixo a mão mais firme, a fim de não deixar a bola cair se for arremessada para mim. Acho que as meninas tentam evitar joga-la para mim, pois me sinto uma inútil no meio do jogo.

Os tons de rosa do meu arco-írisOnde histórias criam vida. Descubra agora