25- Emma

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Não.

Não pode ser verdade.

Eu não...

Passei uma boa parte da manhã repassando aquela cena na minha cabeça. Saya ao lado da Pam. Eu não consigo acreditar que ela foi capaz de voltar a ser amiga daquela garota depois de tudo que vivemos juntas.

Espero que tudo isso não passe de um sonho ruim. Belisco-me, mas a dor é real, não parece ter vindo de um sonho.

No intervalo quando a vejo andando sozinha até a mesa de seus "amigos", chamo por seu nome.

-O que está acontecendo Saya?- Digo me colocando em sua frente e bloqueando o caminho- Por que está me ignorando e andando com eles? Já se esqueceu do mal que eles te fizeram?

Saya cerra o punho e demora alguns segundos até olhar em seus olhos. Seus lábios estão comprimidos em uma única linha fina no rosto e seus olhos, lacrimejam contra sua vontade.

- Saia da frente Emma.

-Como é? – Pergunto sem acreditar. Eu devo ter ouvido errado.

-Saia da frente Emma- Ela repete com um tom de voz mais alto- Eu não tenho o dia inteiro.

Saya me empurra e segue em frente em direção ao seu grupo me deixando sozinha. Isso não é um sonho ruim, é um pesadelo real.

*

Parece que além de me ignorar, ela também deixou a aula de xadrez de lado. Acho que esse tipo de aula não está a altura para alguém que é amiga da Pam.

Bufo enquanto derrubo uma torre com meu próprio cavalo. Sem dupla, sem jogo. Parece que o dia pode piorar, vou ter que jogar com a professora.

-Posso me sentar com você? Minha dupla também faltou- Um garoto alto de cabelos negros e um pirulito no canto da boca segura a cadeira em minha frente esperando pela resposta.

-Ah, claro- Digo endireitando a coluna- Eu não estava a fim de jogar com a professora.

O garoto se acomoda em minha frente e começa a organizar as peças do seu lado do tabuleiro. Eu nunca havia reparado nele pelo colégio. Ele tem um belo rosto e olhos verdes e alegres. Se eu tivesse visto alguém assim, provavelmente me lembraria.

-Sou o Samuel- Ele diz passando a mãos pelo cabelo um pouco tímido.

-Sou a Emma.

-Você é a garota que venceu o campeonato?

-Eu mesma.

-É um prazer poder jogar com a ganhadora

Sorrio.

-Não seja bobo.

Ele abre um sorriso e termina de organizar suas peças. Começo a partida movendo um simples pião por duas casas do tabuleiro. Depois, Samuel faz uma jogada rápida com o cavalo. Ficamos em silêncio por uns cinco minutos até o garoto voltar a falar.

-Onde está a sua parceira? É aquela garota do cabelo azul, não é?

Imediatamente a tristeza volta a fazer parte do meu coração. Até tentei fingir que Samuel era a Saya jogando comigo, mas não funcionou.

-Acho que ela não vai voltar.

-O que houve?- Uma ruga de preocupação surge entre suas sobrancelhas e de repente me sinto à vontade para conversar com Samuel sobre tudo.

-É complicado.

-Tudo bem. Temos um jogo e muito tempo pela frente. Se você quiser pode falar comigo.

Os tons de rosa do meu arco-írisOnde histórias criam vida. Descubra agora