Fazia tanto tempo que não tinha esse tipo de sensação... E, que mal havia, afinal? Uma moça atraente que, percebera, era desinibida e não se importava em demonstrar o interesse que sentira por ele.
Mas um aperto no coração o fez perceber que alguém podia sair magoado. Entretanto, o risco poderia valer a pena... se não se tratasse da filha de Marichelo e Pedro Portillo.
Conhecia muita coisa a respeito de Anahí Portillo. Bailarina, socialite e amiga das artes. Alfonso preferia ir ao dentista do que assistir a um espetáculo de bale e já se fartara de cultura na época de seu breve casamento.
Mas Livia fora especial. Uma pessoa simples e natural em um ambiente pomposo e arrogante. Mesmo assim, fora difícil para os dois, lembrou Alfonso. Jamais saberia se continuariam a percorrer o caminho juntos, se ela continuasse viva, porém gostava de pensar que sim.
Por mais que a amasse, o casamento lhe ensinara que era mais fácil viver ao lado das pessoas de sua terra natal.
Voltando ao presente, felicitou-se por ter resistido à tentação de convidar Anahí Portillo para sair. Ainda bem que descobrira quem ela era antes de flertar abertamente. A paternidade apagara de seu caráter a arrogância e a temeridade dos tempos de rapaz, transformando-o em um homem amadurecido.
Naquele instante, ouviu o motor do ônibus que se aproximava e aprumou-se no assento da picape, todo sorridente. Não havia lugar no mundo, pensou, onde gostaria de estar, além de Shepherdstown.
O grande ônibus amarelo parou com um gemido, os faróis brilhando. O motorista acenou, da maneira atenciosa e alegre das cidades pequenas. Alfonso cumprimentou também, e viu seu filho vir correndo.
Arthur era um menino forte. O rosto era redondo e alegre, os olhos esverdeados como os do pai, e a boca ainda mostrava a inocência da infância.
Observando o filho, sentiu uma onda de carinho e amor inundar-lhe o coração. Então a porta da picape se abriu, e o menino entrou, estabanado como um cãozinho novo.
- Olá, papai! Está nevando! Talvez a neve cubra tudo e não tenha aula amanhã, e a gente possa ficar fazendo bonecos de neve. Que tal?
- Se isso acontecer, prometo que faremos os bonecos e andaremos de trenó.
- Verdade?
- Sim. Sem dúvida.
- Oba! Adivinhe!
Alfonso ligou o motor do carro.
- O quê?
- Faltam só quinze dias para o Natal. A vovó diz que o tempo voa, portanto o Natal praticamente já chegou.
- Praticamente - repetiu Alfonso, estacionando em frente à casa de três andares.
- Então - continuou Arthur entusiasmado - se é quase Natal, posso ganhar um presente?
Alfonso franziu o cenho e cerrou os lábios, como se estivesse pensando muito no assunto, depois disse:
- Sabe, Arthur? Foi uma boa tentativa.
- Ora! - exclamou o menino, desapontado. Alfonso riu, abraçando o garoto.
- Mas se me der um abraço, farei a famosa Pizza Mágica dos Herrera's para o jantar.
- Certo! - replicou Arthur, passando os braços pelo pescoço do pai.
Alfonso sentiu-se em casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
I really like you
FanfictionEla faria com que tudo fosse perfeito. Cada centímetro, cada recanto, cada detalhe seria elaborado do modo como desejava e visualizava, até que seu sonho se tornasse realidade. Afinal, contentar-se com menos do que a perfeição era perda de tempo. E...