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Luiz soltou um suspiro, como se sentisse um profundo alívio.

- Então é bom terminar tudo que tenho a dizer. Quem sabe não devesse ter feito a cena que fiz outro dia, na frente do menino e da... srta. Portillo. Sua mãe me passou um sermão.

Alfonso encarou-o, surpreso.

- Mamãe?!

- Sim. - Luiz olhou para o chão, fingindo observar as ripas brilhantes de madeira. - Ela não costuma fazer isso, mas quando faz, parece um anjo vingador. Ainda mal fala comigo. Disse que a envergonhei.

- Anny também me passou um sermão.

- Não gosto muito de admitir isso, mas a moça tem fibra. Mantém você na linha.

- Faço isso sem a ajuda de ninguém, pai.

Luiz balançou a cabeça concordando. Sentia que um peso fora retirado de seus ombros.

- Você é um bom carpinteiro, Alfonso Herrera.

Pela primeira vez em muitos anos, Alfonso sorriu com prazer para o pai.

- E você é um ótimo encanador, Luiz Herrera.

- Mas me demitiu.

- Porque me irritou muito.

- Ora, rapaz! Se despedir todo homem que o irrita, como vai manter uma equipe de trabalho? - Mudou de assunto. - E a mão, como vai?


Alfonso ergueu os dedos e flexionou-os.

- Está bem.

- Então, já que não ficou aleijado, quem sabe possa dar um telefonema. Ligue para sua mãe e diga que esclarecemos um pouco as coisas entre nós dois. Ela não vai acreditar se eu próprio contar, porque nos últimos dias mal olha para mim.

- Farei isso. - Alfonso fez uma pausa, e disse: - Pai, sei que o desapontei na vida.

- Ora, não foi bem assim.

- É verdade - continuou Alfonso. - Creio que também desapontei a mim mesmo. Mas tenho certeza de que fui bom para Livia e Arthur. - Tomou fôlego e prosseguiu: - Tentei ser bom marido e bom pai em parte para mostrar a você que valia alguma coisa.

- E mostrou. - Luiz não sabia muito bem como dar o primeiro passo, mas, dessa vez, agiu. Atravessou o quarto, e estendeu a mão. - Tenho orgulho de você.

- Obrigado - murmurou Alfonso, segurando a mão calejada do pai. - Meu próximo trabalho será reformar uma cozinha. Preciso de um bom encanador. Está interessado?

Os lábios de Luiz curvaram-se em um sorriso.

- Pode ser.





Enquanto os Herrera resolviam suas diferenças, Anny passeava com a terceira geração masculina da família.

- Não pedi nada, pedi?

- Como disse? - Lançou um olhar de fingida surpresa para Arthur. - Ora! Eu e mamãe quase o forçamos a ficar com o avião! Tivemos que implorar!

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