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- Não posso. Pode chamar de mania, porém, se não deixo tudo em ordem, vou ficar vendo a louça suja e não conseguirei fazer nada.

Mas Alfonso colocou os pratos sobre a pia, e a fez sair da cozinha, murmurando:

- Isso é bobagem.

- Não. É o hábito de ser organizada. As pessoas como eu têm menos problemas. - Anny olhou sobre o ombro. - Verdade, só levarei alguns minutos.

- Pode fazer isso mais tarde.

Talvez fosse meio tosco em questão de romance, concluiu Alfonso, mas ainda lembrava-se de alguma coisa.

- Então vamos fazer o seguinte: você escolhe a música e eu lavo os pratos - insistiu Anny.

Alfonso soltou uma risada e a puxou para a sala.

- Você é mesmo compulsiva! - Ligou o aparelho de som. - Engraçado... Estava ouvindo essa música na outra noite, e pensando em você.

A música fluiu, lenta e sensual, fazendo o sangue de Anny ferver. Alfonso tomou-a nos braços.

- Deve ter sido o destino - murmurou.

O coração de Anny acelerou.

- Acredito muito no destino - disse, relaxando entre os braços fortes, envolvendo-se neles e repousando o rosto contra o de Alfonso - Muito suave, Herrera - murmurou. - Um ponto para você.

- Há coisas que nunca se esquece.

Assim dizendo, ergueu-a no ar e abaixou-a de novo, fazendo-a perder o fôlego.
Anny achou que precisava pensar com seriedade a respeito de seu envolvimento com Alfonso. Para onde tudo aquilo a levaria?

Precisava estar no controle da situação, senão perderia as estribeiras. Não esperava que ele dançasse tão bem. Se pisasse nos seus pés, iria sentir-se mais segura e guiá-lo. Mas havia muitas coisas a respeito de Alfonso Herrera que ainda ignorava. E era tudo fascinante. Era uma sensação maravilhosa rodopiar nos braços dele no meio da sala.

Alfonso estava deliciado com o perfume dos cabelos de Anny. Quase se esquecera desses detalhes femininos. As formas, a maciez, os aromas... Já não lembrava direito como era dançar com uma mulher, de rosto colado e ao som de uma música lenta.

Seus lábios acariciaram-lhe os cabelos, deslizando até o rosto e fazendo-a suspirar, entregue e lânguida. Então, quando a música terminou e outra começou, ficaram ali, movendo-se ao ritmo suave.

- Foi maravilhoso - murmurou Anny, sentindo a cabeça rodar e o coração bater de modo descompassado. Parecia estar perdendo o controle. - Devo ir embora.

- Por quê?

- Porque hoje à noite você precisava de um ombro amigo. - Acariciou-lhe o rosto e afastou-se. - Não é hora para outras coisas.

- Tem razão. - Alfonso deslizou os braços até entrelaçar os dedos com os dela. - Vamos agir com calma.

- Creio ser o certo.

Alfonso levou-a até a porta e fez com que Anny o encarasse.

- Tenho tomado cuidado para não estragar tudo. Precisava mesmo de um ombro amigo hoje. E ainda preciso. - Ele abraçou-a e depois beijou-lhe delicadamente os lábios. - Fique comigo, Anny.

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