Havia velas na casa, mas das comuns, para casos de falta de energia. Hesitou em colocá-las sobre a mesa, receando que ficassem ridículas.
Quando voltou para a cozinha, viu Anny preparar uma salada, e havia duas pequenas lamparinas sobre o balcão. Fora mais rápida do que ele, pensou.
- Achei estas lamparinas, e vão ficar lindas sobre a mesa. Sabia que tem poucos legumes na geladeira?
- Compro saladas prontas, para duas pessoas, e comemos na hora. É só servir.
- Preguiçoso - murmurou Anny, fazendo-o sorrir.
- E você é muito eficiente - replicou Alfonso, e levou o copo de vinho aos lábios dela porque estava com as mãos ocupadas.
- Obrigada - ela murmurou, olhando-o de modo intenso. - Muito gentil.
Alfonso apoiou o copo no balcão e beijou-a de leve nos lábios.
- Assim é ainda melhor - murmurou Anny. - E como está machucado, tem permissão para ficar sentado e relaxar, enquanto preparo a comida. Pode telefonar para os Maite e ver se está tudo bem com Arthur. Mande um beijo meu, e diga que o veremos amanhã.
- Quer mesmo continuar com o plano de ir ao cinema?
- Às vezes faço coisas de que não gosto, mas nesse caso será um grande prazer. Telefone para seu filho. O bife ficará pronto em dez minutos.
Anny gostava de cuidar das refeições, do mesmo modo que adorava mimar Alfonso. Talvez porque, era óbvio, ele não esperasse por isso, e apreciava muito as pequenas coisas nas quais normalmente as pessoas nem reparavam. E Anny sentia-se feliz por poder ser útil.
Esperou até se sentarem à mesa, vê-lo comer bem e tomar o vinho. Então perguntou:
- O que aconteceu?
- Tive um mau dia. O que fez com estas batatas? Estão deliciosas!
- Receita secreta ucraniana - disse Anny, fingindo um sotaque carregado. - Se contar a você terei que matá-lo em seguida.
- Não saberia como fazer, de qualquer jeito. Minhas habilidades na cozinha vão até colocar embalagens no microondas e ligar. Fala ucraniano? Observei-a falando francês outro dia, no telefone.
- Sim, falo um pouco. Mas também entendo a nossa língua, portanto conte-me o que deu errado hoje.
- Várias coisas. - Alfonso deu de ombros. - Dois dos rapazes adoeceram. O surto de gripe em Nova York está chegando à Virgínia. Como o resto da equipe está em outra obra, fiquei com muito trabalho sozinho. Depois cortei o dedo com um estilete, manchei de sangue o assoalho, despedi meu pai e esperei algumas horas no pronto-socorro até ser atendido.
- Brigou com seu pai. - Anny cobriu-lhe a outra mão com a sua. - Lamento.
- Não nos damos bem.
- Mas o contratou.
- É um excelente encanador - respondeu com simplicidade, retirando a mão e pegando o copo. - Sim, eu o contratei. Foi um erro. É tolerável quando os outros operários estão por perto, mas quando ficamos só nós dois, como aconteceu hoje, é encrenca na certa. Sou um desajeitado e azarado, sempre fui e sempre serei. Não trabalho direito, muitas vezes, e não sei lidar com minha vida particular. Estou flertando com uma mulher elegante e rica, em vez de me preocupar com outras coisas.
- Agora me tornei uma esnobe?
Alfonso passou a mão sobre o rosto.
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I really like you
FanfictionEla faria com que tudo fosse perfeito. Cada centímetro, cada recanto, cada detalhe seria elaborado do modo como desejava e visualizava, até que seu sonho se tornasse realidade. Afinal, contentar-se com menos do que a perfeição era perda de tempo. E...