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Mortificada, Helena bateu no braço do marido.

- Pare com isso, Luiz...

- O terreno de minha casa tem cercas por toda a volta - respondeu Anny com cuidado -, e já trabalhei em lugares onde havia cachorros. Pancho virá comigo até ter idade suficiente para ficar sozinho.

- Comprou esse cão para o menino a fim de apaziguar a consciência porque não pode lhe proporcionar férias como as de seu amigo?

- Não quero mais ir para a Disneyworld -- aparteou Arthur. - Quero ficar em casa com papai e Pancho.

- Por que não leva Pancho lá para fora, Arthur? - sugeriu Anny com um sorriso. -- Cachorros pequenos gostam de correr como os meninos. E vocês dois precisam se conhecer. Venha cá, primeiro vista sua jaqueta.

Alfonso controlou-se até que Anny colocou Arthur porta afora. Então virou-se para o pai.

- Não é da sua conta se comprei um cachorro para meu filho, ou por que o fiz. Se quer saber, escolhi Pancho em uma ninhada há três semanas e esperei até que estivesse desmamado. Pretendia buscá-lo no domingo, mas quis alegrar Arthur hoje.

- Não vai ensiná-lo a ter respeito por você se lhe dá presentes depois que foi malcriado.

- Tudo que você me ensinou foi respeito e medo, e veja o que aconteceu.

- Por favor - pediu Helena, apertando as mãos, aflita.- Aqui não é o lugar apropriado para falar sob e isso.

- Não venha me dizer onde posso falar - rosnou Luiz.- Meu erro, Alfonso, foi não tê-lo espancado com mais freqüência. Sempre fez o que bem entendia e só arrumou confusão, procurando encrenca e deixando sua mãe de cabelos brancos. Fugindo para a cidade grande quando ainda era um garoto e estragando sua vida!

- Não fugi de casa. Fugi de você!

Luiz balançou a cabeça com força diante daquelas palavras, como se tivesse recebido um murro, e empalideceu.

- Mas agora está de volta, não é? Lutando para fazer as coisas darem certo, entregando seu filho aos cuidados dos vizinhos para poder sustentá-lo. Levantando comentários em Shepherdstown porque dorme com mulheres no quarto ao lado de Arthur e ensinando-o a ser um selvagem como você foi, para que estrague sua vida também!

Sem querer se intrometer na discussão dos dois homens que pareciam prestes a se engalfinhar, mas presa pela própria ira, Anny interferiu:

- Um momento! Alfonso não dorme com mulheres, só comigo. E embora isso não seja da sua conta, jamais quando Arthur está em casa. E se o senhor não conhece seu filho o suficiente, digo-lhe que Alfonso preferiria cortar um braço a causar algum problema ou magoar Arthur. Deveria envergonhar-se por falar com ele da maneira como fala, e sentir orgulho pelo modo como conduz a própria vida, trabalhando como um louco para dar um futuro decente ao menino.

- Está perdendo seu tempo - resmungou Alfonso para Anny, que o encarou.

- Cale-se. Você também está errado por falar do jeito como fala com seu próprio pai. Não tem o direito de desrespeitá-lo, e pior ainda, na frente de Arthur. Será que não percebe que Arthur fica com medo e magoado quando os vê como dois galos de briga? - Assim falando, Anny olhou para os dois homens ao mesmo tempo. - Vou lá para fora ficar com Arthur.




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