- Nunca me deixa ir a lugar algum - queixou-se Arthur, entediado com os brinquedos que trouxera para a obra.
Em geral gostava de acompanhar o pai no trabalho, mas não quando seu melhor amigo estava na Disney descendo a Space Mountain, pensou.
- Não vale! - acrescentou para si mesmo, usando um termo que aprendera com os operários do pai.
Quando Alfonso o ignorou e continuou a pregar azulejos na parede, Arthur tentou outra coisa:
- Por que também não pude ir para a casa da vovó?
- Já disse que ela estava ocupada hoje de manhã. Mas virá mais tarde buscá-lo. Aí poderá ir para sua casa.
E dava graças a Deus por isso, concluiu em pensamento, porque já não agüentava mais tanta rabugice.
- Mas não quero ficar aqui. É chato. Não é justo ter que ficar aqui sem fazer nada quando todo mundo está se divertindo.
Alfonso afastou a mão de um azulejo que ia pegar e disse:
- Olhe, tenho trabalho a fazer, e é assim que ponho comida em casa. - Mal falou, percebeu que dissera as mesmas palavras que o pai costumava dizer. Suspirou contrafeito. - Estou preso aqui, e você também. Mas continue com essa atitude e nunca mais irá a lugar algum.
- Vovó me deu cinco dólares, portanto não precisa me comprar comida.
- Maravilha! Vou me aposentar amanhã.
- Meu avô e minha avó podem me levar à Disney e você não.
- Não levarão você a parte alguma - retrucou Alfonso, irritado com o tapa que levara em seu orgulho. - Terá sorte se for à Disney quando tiver trinta anos. Agora, chega!
- Quero a vovó! - berrou Arthur. - Quero ir para casa! Não gosto de você!
Anny entrou naquele exato instante e presenciou a explosão de lágrimas que seguiu-se ao desabafo do menino. Lançando um olhar para o rosto cansado e triste de Alfonso e para a criança deitada no chão aos soluços, resolveu intervir.
- O que houve, Arthur querido?
- Quero ir para a Disneyworld!
As palavras saíram abafadas e entrecortadas, enquanto soluçava sem parar. Alfonso aproximou-se e ficou de cócoras ao lado do filho, seguido por Anny que meteu-se no meio dos dois, replicando:
- Nossa! Eu também! Aposto que todo mundo quer ir para lá.
- Menos o meu pai...
- É claro que ele também quer! Seu pai é quem mais deseja ir. É por isso que é pior ainda para ele, porque tem que trabalhar.
- Anny, posso resolver isto sozinho - sussurrou Poncho.
- Quem disse que não? - Mas mesmo respondendo assim, levantou-se, e puxou Arthur com delicadeza. - Por que não vamos para minha casa, querido, e deixamos seu pai terminar o trabalho de hoje?
- Minha mãe virá buscá-lo daqui a pouco - replicou Alfonso, estendendo o braço para segurar o menino, que enroscou-se em Anny
Anny notou o sofrimento no rosto bonito e viril e desejou abraçar pai e filho, em uma comunhão tripla, cheia de carinho. Porém, pensou, antes de sucumbir ao impulso, não seria sensato no momento. Era melhor manter distância.
- Não tenho mais nada que fazer aqui hoje, Alfonso. Por que não deixa Arthur ir para minha casa e me fazer companhia? Telefone para sua mãe e peça que vá buscá-lo lá.
- Quero ir com Anny - soluçou o menino, encostando-se em suas pernas.
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I really like you
FanfictionEla faria com que tudo fosse perfeito. Cada centímetro, cada recanto, cada detalhe seria elaborado do modo como desejava e visualizava, até que seu sonho se tornasse realidade. Afinal, contentar-se com menos do que a perfeição era perda de tempo. E...