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Anny refletiu que ele parecia perdido. Perdido, perplexo e engraçado, ali de pé, lutando para segurar a tigela de lentilha e os brinquedos do filho.

- Adoro esse filme - comentou ela com displicência, olhando a tela da televisão. - Em especial quando o herói abre a porta e depara com centenas de olhos e tentáculos gigantes. - Olhou para Alfonso. - Por que não me oferece uma bebida como um bom anfitrião?

- Só tenho cerveja.

- Quantas calorias! Bem, farei uma exceção porque é Ano-Novo. - Caminhou até ele e pegou a tigela. - Onde fica a cozinha?

Anny usava um perfume que o deixou zonzo por um instante. Nunca antes sentira coisa igual, tão feminino e sedutor. Alfonso olhou para a esquerda, indicando a cozinha, e deixou cair um brinquedo.

- Pode deixar que eu encontro - disse Anny. - Quer mais cerveja?

- Não, eu... - Alfonso deixou cair o resto dos brinquedos e seguiu-a. - Olhe, Anny, pegou-me em uma má hora.

- Nossa! Que teto lindo! Fez a reforma sozinho?

- Quando tive uma folga. Ouça...

Mas Anny continuava a percorrer a cozinha espaçosa com os balcões de granito, portas corrediças, armários nas paredes e um encantador aquecedor antigo. Tudo estava coberto por pratos, panelas, cadernos escolares, jornais e embalagens descartáveis.

- Nossa! - voltou a exclamar, olhando para a bagunça. Dirigiu-se ao balcão com migalhas de biscoito e pegou um farelo. - Gostoso.

- Em geral não sou tão desarrumado - desculpou-se.

- Fez uma festa particular com seu filho. Pare de pedir desculpas. A cerveja está na geladeira?

- Sim. Por que não foi a uma festa de réveillon?

- Eu vim. Só cheguei um pouco atrasada. Esta é a minha festa. - Anny entregou-lhe a cerveja. - Pode abrir para mim? - Farejou o ar. - Estou sentindo cheiro de pipoca.

- Terminamos de comer há pouco.

- Bem, azar meu por ter chegado tarde. - Encostou-se no balcão e tomou um gole de cerveja. - Vamos voltar à sala e ver o resto do filme?

- Sim... Não.

- Para qual das perguntas? - brincou Anny.

Com os olhos cravados nela, Alfonso venceu a pequena distância que os separava e tomou-lhe a garrafa da mão, colocando-a sobre o balcão. Era Ano-Novo, época de desvencilhar-se do passado e... quem sabe...

Anny começou a deslizar as mãos trêmulas pelo tórax rijo, mas Alfonso a deteve.

- Não. É minha vez.

Inclinou a cabeça e beijou-a de leve.

- Papai?







Vish....será que o Arthur descobriu?
Comentem e votem bastante, se tiver muitos quem sabe eu não faço maratona.....alguém quer???
Beijos♡

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