Fugir.

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Louise Collins

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Louise Collins.

Eu estava com a foto de Glenn em minha mão, eu acariciava o pedaço de papel deixando lágrimas quentes se escorrerem, eu não sei a quanto tempo estou sem comida e água. Eu passava todo tempo deitada naquele chão frio, eu não queria levantar, não quero lutar. Simon abriu a porta da minha cela assobiando, ele tinha um chapéu nas mãos. O chapéu do Carl.

-querida, temos visita.-Simon falou brincando com o chapéu de xerife. Me levantei rapidamente sentindo muita raiva.

-se tiver feito alguma coisa com ele, vou te degolar como fiz com seus amigos.-assim que disse isso, um soco foi desferido na maçã do meu rosto, essa doeu.

-só pra constar seu filhinho matou dois dos nossos homens.-Simon disse voltando a sorrir.

-tô orgulhosa.-falei rapidamente o deixando irritado. Recebi um soco na boca me fazendo apertar os olhos, o gosto metálico se juntou com toda a saliva.

-se você me dizer quem você é, eu posso te levar até o garoto. Então, quem você é.-indagou Simon ficando a minha altura. Não quero que Carl me veja desse jeito. Não quero que ele sofra por mim. Sem dizer mais uma palavra joguei todo sangue e saliva sobre o rosto do Salvador.-você cuspiu sangue na minha cara?.-Simon questionou indignado  desferindo um tapa no meu rosto, a ardência era tanta que coloquei a mão sobre minha bochecha. O homem assobiou colocando a cabeça pra fora do quartinho, não demorou para outros dois salvadores chegarem.

-chefe.-cumprimentou o grandão de metralhadora me fitando com curiosidade. Enquanto o outro apenas aguardava as ordens do braço direito de Negan.

-meninos segurem as pernas e os braços, vamos terminar a tatuagem hoje.-dizia o de barba grisalha com um sorriso amarelo no rosto. Tentei me arrastar pra parede porém meus pés foram puxados. O salvador começou a desenhar a palavra G, enquanto eu era contida pelos outros dois rapazes. Aquilo era agonizante e doloroso, eu gritava, sentindo minha garganta doer mas não parei até que horas se passaram e ele terminou com a faca. Sangue escorria do meu braço mas cansada de sentir dor apenas continuei com a cabeça deitada no chão gélido.

-esse é seu máximo.-sussurrei quase sem voz deixando uma lágrima escorrer. O mesmo ficou boquiaberto mas tratou de se recompor fingindo esperar por aquilo. Eu estou quase morrendo, prefiro pra ser sincera.

-eu já volto. Vou pegar uma coisinha pra você.-ele falou animadamente se referindo ao isqueiro. Ele fechou a porta atrás de si levando os rapazes com ele, me deixando sozinha no escuro. Abracei minhas pernas desabando em choro, eu só quero ir pra casa. Limpei meus olhos vendo uma fresta de luz vindo da porta entreaberta. O idiota do Simon deixou aberta. Me levantei com as pernas trêmulas abrindo a porta com cautela, ao lado da mesma um pé de cabra encostado. Peguei o objeto tentando não fazer barulho naquele corredor enorme e silencioso, virando à direita os dois salvadores que me seguraram estavam conversando entre si de costas para mim. Me aproximei silenciosamente cravando o pé de cabra nas costas do rapaz maior que gemeu de dor caindo de joelhos, o homem do lado levantou a arma desesperado prestes a atirar. Retirei o objeto do corpo do velho e em um piscar de olhos o salvador já estava insciente no chão. Isso foi libertador. Soltei o ferro passando minha mão pelos bolsos dos rapazes a procura de uma lâmina afiada até achar por fim, estava prestes a sair dali mas não podia deixar de irritar Simon. Voltei para trás passando o canivete no pescoço dos salvadores, de orelha a orelha. Comecei a andar apressadamente pelos corredores vazios até virar à esquerda achando outro homem que fazia ronda por ali, o mesmo naipe dos outros dois, ele tinha uma bandana é uma jaqueta de couro.

-ei, você.-gritou o mesmo apontando para mim. Em silêncio joguei o canivete que acertou em sua garganta. O de bandana caiu no chão engasgando com o próprio sangue, me aproximei assim que ele caiu sem vida no chão. Cortei seu pescoço assim como os dos outros dois. Parece que eu tenho um bordão nesse lugar. Virei em outro corredor dando de cara com outro homem, estava prestes a matá-lo até que reconheci ele.

-Daryl.-chamei sentindo um alívio em meu peito.

-Louise, você tá bem. O que fizeram com você.-ele questionou vindo até mim pegando em meu rosto.

-Daryl, você está bem. Não acredito que está aqui, eu quero ir pra casa, me leva pra casa.-falei exausta para o Dixon que assentiu me olhando firme. Ele estava péssimo, cheio de hematomas e olheiras.

-eu vou te tirar daqui.-ele falou tirando uma camisa xadrez que estava usando.-você está congelando.-Daryl falou me ajudando a colocar a camisa que ficou acima do joelho.

-como conseguiu chegar até mim.-questionei eufórica. Não vou mentir, eu estava feliz em vê-lo.

-Dwight. Fica atrás de mim.-ele falou com uma barra de ferro, juntando nossas mãos, corríamos pelos corredores extensos, por sorte estava vazio facilitando as coisas, no fim do corredor abrimos uma porta verde com cautela, a luz do sol tocou meu rosto me fazendo soltar um suspiro de alívio, assim que vimos a barra limpa corremos em direção as motos.

-merda.-um cara acima do peso com um lanche na mão falou nos vendo ali.-ou tranquilo, você pode ir embora por aqueles portões lá no fundo, eu não vou contar nada pra ninguém, eu só estou tentando sobreviver igual você.-dizia o garoto com as mãos pra cima.

-mata ele.-falei com raiva para o Dixon que meteu a barra de ferro repetidas vezes até que o garoto estivesse morto.

-Louise, Daryl.-Jesus chamou por nosso nome. O que ele está fazendo aqui?

-a questão não é sobreviver, é pegar tudo.-falou o motoqueiro pegando a arma que estava no cinto do jovem.-eu tenho a chave, vamos embora.-Daryl disse subindo em uma das motos, subi na garupa fazendo o mesmo dar partida.

-enquanto a Carl.-questionei preocupada com o garoto que estava lá dentro.

-o Negan levou ele de volta. Ele tá bem.-Daryl disse ligando a moto.

-eu vou pela floresta.-Jesus falou sem esperar uma resposta. Ele sumiu nos edifícios fazendo Daryl continuar. Saímos dali o mais rápido possível. Depois de meia hora chegamos em Hilltop, Maggie estava de guarda e assim que nos viu abriu os portões fazendo o Dixon entrar. Ele foi até ela abraçando fortemente, a mulher retribuiu segurando o choro. Quando se soltaram, a Greene me fitou por alguns instantes me olhando de cima a baixo.

-Maggie, eu sinto muito.-falei em um sussurro, ela veio até mim em passos apressados me pegando de surpresa. Suas mãos em volta do meu pescoço me apertavam fortemente, ela chorava com rosto enfiado no meu ombro.

-vem, eu preciso que venha.-disse a gestante me puxando com a voz embargada. Ela me levou para trás do grande museu. Uma cova, com o nome de Glenn. Nunca pensei que fosse ver isso.-eu vou ficar de guarda, quando quiser estou lá na torre.-a Greene falou com olheiras fundas.

-tá bom.-falei olhando para o túmulo. Assim que ela se afastou senti meus olhos embasarem. Eu sinto a falta dele. Comecei a chorar apertando a terra que ainda estava fofa, eu soluçava sentindo uma dor agonizante em meu peito. Glenn, por que você? Fiquei ali por um bom tempo, até que senti passos atrás de mim, me virei vendo Jesus.

-eles chegaram.-falou o loiro se referindo a minha família. Levantei sem forças andando devagar, parei no caminho vendo Rick abraçar Maggie, parei por um instante olhando para eles. Carl estava ali também.

-mãe, mãe.-Carl gritou correndo até mim o mais rápido possível. Ele me apertou pela cintura tirando meu fôlego.

-Carl, você está bem. Sua irmã, ela tá bem.-questionei limpando a lágrima que caiu do olho do adolescente.

-estamos bem. O que fizeram com você.-ele perguntou me olhando de cima a baixo.

-eu tô bem.-falei confortando o garoto. Olhei através dele vendo que Rick tinha os olhos transbordando, ele colocou as mãos no joelho por alguns instantes mas logo se levantou vindo até mim com passos apertados. Ele me abraçou tirando meus pés do chão.

-você está bem, o seu cabelo. O que aconteceu.-ele pergunto passando a mão pelo mesmo.

-Simon cortou ele. Eu estou bem.-falei com a voz embargada sendo abraçada novamente pelo Grimes. Depois que nos soltamos fui até Tara, Michonne, Sasha e Rosita. Quase todos estavam ali. Daryl estendeu a arma que Rick sempre usou. O xerife nos olhou confiante começando a caminhar para dentro do museu, com todos nós logo atrás. A morte de Abraham vai ser vingada, a morte de Glenn e de todos que morreram nas mãos dos salvadores.

Sobreviver-Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora