Como está sendo.

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Louise Collins.

Rick dirigia o mais rápido que podia, estávamos atrasados, já era noite. Assim que chegamos em Alexandria encontramos o portão aberto e as luzes apagadas, tinha salvadores ali, a maioria deles, peguei calibre trinta e oito pronta pra pegar eles por trás, mas de repente lanternas se ascenderam. Começamos a atirar encurralando eles. Muitos morreram, mas Simon conseguiu escapar. Parei de atirar assim que seu comboio saiu de vista pelo escuro.

-eu queria eles mortos. Todos eles, o Negan principalmente.-Maggie falou ofegante abaixando sua calibre.

-é eu também.-falou o xerife ao lado dela. Eu estava quieta.

-você viu ele.-indagou a viúva se virando para nós.

-ele não tava aqui, pegamos ele lá fora, fizemos uma emboscada, não matei, mas tentei.-explicou Rick.

-obrigada.-a mulher disse nos fitando. Eu não estou fazendo isso por ela. Entrei para dentro ajudando Kal e Scott a carregarem os mortos para uma picape, eles seriam enterrados aqui, já os salvadores lá fora. Pela manhã tudo estava em silêncio, alguns comemoraram a pequena vitória e outros voltaram a sua rotina. Eu estava passando pela pequena cela no meio do pátio de Hilltop, carregava comigo uma espingarda que os salvadores deixaram pra trás.

-ei, ei você. Ouvi falar de você. Você perdeu seu filho não é, quer dizer dois filhos. Como você conseguiu matar vinte e dois homens e não conseguiu proteger duas crianças.-um salvador de cabelos compridos e castanhos falou com um sorriso provocativo. Me virei rapidamente apontando a arma pra ele.

-Louise, não. Não, abaixa isso.-Daryl pediu colocando a mão no meu ombro. Eu quero matar todos eles.

-o que está acontecendo.-Rick indagou se aproximando com Jesus, Carol e Michonne.

-por que eles estão aqui, por que estão vivos ainda.-questionei cuspindo as palavras com raiva. Eu ainda tinha a cabeça dele na minha mira.

-por favor, Louise.-Daryl pediu tirando a arma da minha mão. Olhei a minha volta vendo que todos me fitavam apreensivos. Sai dali rapidamente indo para o cemitério. Fiquei ali por um bom tempo, com as mãos abraçadas nas pernas. Carol veio até mim com os olhos vermelhos, cheio d'água.

-eu sinto muito. Eu sei o que está sentindo e eu sinto muito.-Carol falou em pé parando alguns centímetros de distância.-o Carl ele.-ela começou a dizer mas eu interrompi.

-não, para de falar.-mandei não suportando mais aquilo. Toda vez que tocavam no nome dele, eu sentia uma faca atravessando meu peito.

-não faça isso, por favor. Você tem que se permitir sentir.-ela falou deixando minha visão embasada. Eu não quero chorar mais. A de cabelos grisalhos vendo meu silêncio se retirou dali me deixando sozinha novamente. Eu percebi que a todo momento o Dixon passava por ali, ele me olhava ladino tentando ver se eu estava chorando, mas eu apenas quero ficar sozinha. Era três e vinte seis quando os gritos surgiram de dentro do museu, me levantei do chão correndo para o edifício, assim que entrei ali, um caos tinha se instalado, zumbis mordendo pessoas, zumbis que antes eram alexandrinos.

-Louise, atrás de você.-Daryl gritou ajudando uma mulher oriental. Me virei para trás atirando na cabeça da única médica do reino. Ajudei os moradores dali saírem para fora, enquanto meu grupo tentavam colocar as coisas no lugar, subi as escadas entrando no primeiro cômodo encontrando Carol, ela tinha matado o andarilho que costumava ser o Tobin.

-vocês estão bem.-questionou o caipira entrando logo atrás de mim, Maggie e Rick também estavam ali.

-eu tô, só que ele não foi mordido, virou.-respondeu a Paletier.

-o taco do Negan, quando lutei com ele lá fora tava coberto de sangue de zumbi, eu achei que ele tinha matados uns, mas talvez.-dizia Grimes e Maggie completou.

-nos fizeram trabalhar pra eles de novo, matando a nossa gente.-disse a viúva com rancor.

-é a febre, é isso então, agora faz sentido. Um de vocês vai ter que fazer isso por mim, eu não consigo.-dizia um morador de Hilltop, ele choramingava com seu braço enfaixado enquanto estava deitado em uma cama de casal. Maggie segurou na mão dele sentindo muito, foi como se eu estivesse na igreja de novo, não, não...não, de novo não. Peguei a calibre do meu coldre disparando uma vez, os miolos dele se espalhou pela parede. Maggie me olhou com raiva como se eu estivesse louca. Daryl, Rick e Carol me olhavam esperando uma explicação, mas eu apenas sai dali entrando no cômodo onde Judith estava, Rosita e Enid apontaram suas armas pra mim, quando perceberam que era eu, elas apenas abaixaram a guarda.

-como tá lá fora.-questionou Rosita mas não respondi, Rick entrou logo atrás com o Dixon

-a casa tá limpa.-falou o policial respondendo por mim.

-como isso aconteceu.-Enid indagou preocupada.

-os salvadores infectaram as armas que usaram, todos que eles cortaram, ou que atingiram, ficaram doentes e alguns viraram.-explicou Daryl.

-que. Não.-Enid falou com os olhos transbordando.

-tá legal.-Tara disse sem nenhuma reação. Ela já esta cansada também.

-quando a gente tava la, você falou que tava cansada de esperar, eu podia ter matado ele, eu devia.-comentou o caçador se referindo ao Dwight.

-não. Ele queria tá aqui com a gente, não importa o que ele tenha feito ou tentado eu queria ele morto. Eu não podia deixar ser outra coisa. Carma é foda, né.-disse a garota soltando um sorriso minimalista. Analisei Judith vendo que ela está em um sono profundo, ela está bem, vai ficar. Sai dali sentindo os olhos de Rick e Daryl em mim. Pela manhã enterramos mais dos nossos, aquele cemitério está ficando cheio de pessoas que tinham histórias, vivências, amores, famílias, demônios, dons. Tudo isso por nossa causa, porque travamos uma guerra. Não sei se posso ser a mãe da Judith, ela pode crescer sem mim, não vou conseguir ser mãe que fui pro Carl. Eu ainda não li a carta, ainda está no meu bolso, filho.

Sobreviver-Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora