Capítulo 21.

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~Pov. Isaque.

*Passado 1 mês pós batismo.*

Era um dia normal de semana, ligava minha moto para voltar pra casa. O trabalho foi o de sempre: multas de trânsito e alguns adolecentes baderneiros. Apesar da monotonia, eu agradecia a Deus, melhor isso do que assassinatos ou estupros; nem o mais ambicioso jornalista deveria desejar isso.

Além de que, quando vinham casos mais graves, tendiamos a passar o dia, ou trocávamos de turno.

Trabalhava quase todos os dias, em horários variados: Segunda, Quinta e sabado no período da noite; o restante era no turdo do dia. Minha única folga era no domingo, dia que usava para descansar; ainda que "guardasse" o sábado, era só pra passar o dia com meu pai e as tradições judaicas.

Eu amava essa cultura, o Shabat começava às sextas ao entardecer, meu pai e eu iniciavamos cantando Eishet Chayil, como forma de gratidão a rainha da casa, minha mãe. Ela também amava, era uma forma de nos aproximar. Todavia, eu não guardava esse dia em específico porque tinha serviso.

Pensar em sábado me lembrou de que eu tinha desejado chamar Isabella para sair. Nesse mês que passou, tínhamos nos aproximado mais, e quanto mais a conhecia, mais me apaixonava por ela.

Sim, eu já estava a esse nível. Ela era tudo que eu buscava em uma mulher: altruísta, trabalhadora, meiga, madura, inteligente, dedicada, humilde, bonita, boa filha para seus pais, uma amiga leal e, primordialmente , apaixonada por Cristo.

Já orava por ela desde que a vi pela primeira vez. Meu único receio era dela estar alheia a isso, ela tratava todos os meninos como amigos, temia que ela me visse assim também. Fora a reação que ela teve quando soube da minha profissão, a cara dela nunca escondia nada, suas emoções eram explícitas.

Sei que algumas pessoas tem preconceito com a polícia, e com razão, muitos policiais são corruptos. Porém, qual profissão não existe corrupção? Não dava para queimar uma plantação por conta de 1 joio no meio do trigo.

Coloquei esses pensamentos pra fora, entrando em casa. Deixei a moto na garagem e fui subindo para o meu quarto, não sem antes cumprimentar meus pais.

- Olá aba, ima.

Minha mãe me deu um tapa na cabeça.

- Já te falei pra não me chamar assim, soa como a ave avestruz.

Meu pai e eu rimos.

- É "i-m-a/ e-i-m-a", mãe, e não ema.

- Não importa, é feio, não me chame assim no meio de gente.

- Ok, Guadalupe. - dei um beijo em sua testa e na do meu pai e subi.

Depois de tomar um banho, me deitei na cama, procrastinava em mendar mensagem, o que poderia dar errado? O pior seria se ela me dissesse "não".

Comecei a digitar.

Z= Oi linda. Como vc tá?

Não demorou 3 minutos, sua reposta chegou.

B= Estou bem, e vc ?

Franzi o cenho, ela tá cabulando aula?

Z= A srta não deveria estar na aula?

B= Não me deixe no vaco, primeiro diga se está bem

Z= Estou bem. Diga.

B= Estou usando o computador da escola, estamos em um projeto novo, aproveitei a distração do professor, para olhar minha caixa de emails.

Z= Acho que seria hipocrisia eu reclamar, pois desejava sua atenção.

B= Fico feliz com isso, mas tem que ser rápido, ele já vai voltar.

É agora!

Z= Vou ser rápido, não morra aí. Estava pensado de sairmos sábado de tarde, só nós dois.

B= Tipo um encontro?

Z= sim.

B= Perfeito, temos um encontro marcado. Agora tenho que ir, bjs gato.

Soltei o ar que, inconscientemente, prendia. Isso iria dar certo, eu faria dar certo!

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Até que enfim, o tão esperado sábado chegou, o dia estava perfeito para levá-la aonde eu planejava.

Estava marcado para agora a tarde por causa de seu curso de teologia, porque se dependesse de mim, passaria o dia todo com ela.

Esfreguei as mãos no rosto, hora de ficar decente. Vou de básico pra não dar erro, peguei uma calça cargo jeans, um all star, e vesti tudo com uma t-shirt branca.

O pior era dar um jeito nesse cabelo...
Depois de lavado, tentei secar com ventilador, cada um se vira com o que tem, e minha mãe não me deixa usar o secador dela.

Finalizei tudo arrumando a barba, e tomando um banho de perfume, exagerei um pouco, tenho consciência disso.

- Valeme, desse jeito vocês irão se embriagar com todo esse perfume. - disse minha mãe passando por mim e abrindo as janelas do quarto.

- Essa é a intenção. - Dei um sorriso de lado pra ela.

Ela cruzou os braços, fez sua cara de sermão. - Escuta aqui... essa menina não é como a da última vez, né?

Me encolhi, ela se referia ao meu último relacionamento. Jasmine, era uma morena muito bonita, porém minha mãe sempre implicou com ela. No começo, pensei que era ciúmes, no entanto, acabei descobrindo uma traição. Me arrependo até hoje de não ter visto os sinais, era evidente que ela tinha zero compromisso com Deus.

- Sabe que mãe nunca erra no julgamento.

- Essa é diferente, mãe. Eu ainda vou trazer ela para vocês conhecerem. - Claro que iria, a traria como minha futura esposa.

- Hoje é o dia de se encontrar com sua Rebeca? - Meu pai entrou no quarto e franziu o nariz com o cheiro. - O bom é que com esse cheiro nem precisará de repelente.

Não era pra tanto, não era como se os dois não tivessem feito o mesmo no primeiro encontro deles.

- Então ela se chama Rebeca?

Abri a boca para falar, contudo, meu pai passou na frente.

- Não Lupi, ele a chama assim por conta da história. Dizendo ele, ela é como a Rebeca que ele tanto esperava.

Minha mãe se voltou para mim, carrancuda. - Ela pelo menos sabe disso tudo?

- Não, vai ficar sabendo hoje. - sua expressão mudou para choque, então acrescentei. - Estou sendo mais... deligente com isso, quero ir com calma, sem pular degraus. Amizade, namoro, noivado e casamento.

Ela pareceu relaxar com meu comentário, me despedi com um beijo nos dois e parti.

Parei de frente a casa dela, respirei fundo e dei duas batidas na porta.
Ela apareceu, pontual como sempre. Seu cheiro era sempre avassalador, parecia que o aroma industrial de morangos fixava em sua pele, ou seria seu cabelo?

A observei de baixo pra cima, ela estava naturalmente linda. Seus pés calçados com uma sandália de salto baixo, suas longas pernas estava expostas, usava um shorts jeans modesto.

Também vestia uma t-shirt, porém, era verde claro com estampa. As madeixas ruivas estavam soltas emoldurando seu belo rosto coração.

- Está linda. - falei de vez, ela desviou o olhar e corou.

- Você também está gato, sabe disso. - sorri a puxando para um abraço, aproveitei para lhe dar um cheiro, sim o perfume vinha de seus cabelos, adorável.

Subimos na moto e mais uma vez me deleitei com calor de seus braços ao meu redor.

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