— Vinte chibatadas. E mais uma pelo perdão do Caldeirão– disse a Grã-Sacerdotisa–Todos estavam reunidos do lado de fora do quartel após um ataque de naga que acontecera na noite anterior.
Ellentya sabia que aquilo era obra de Ianthe após esta sendo ofuscada diante de todos, ela rastreou seus movimentos por dias e noites inteiros. Viu quando momentos depois de um festa dada para realeza de Hybern ela foi até o quartel, usou algum fiapo de poder para embalar o homem no sono e pegou as chaves. Então, plantou os avisos a respeito dos ataques iminentes dos naga... depois de dar às criaturas as chaves do portão. Para que pudesse soar o alarme na noite anterior. Para que ela pudesse os salvar de uma verdadeira ameaça. A ideia inteligente... se não tivesse caído direitinho em no plano que Ayla, Lucien e Ellentya planejaram meticulosamente.
Os membros da família real de Hybern e Jurian permaneciam em silêncio e sombrios enquanto Tamlin caminhava de um lado para o outro diante da sentinela trêmula e amarrada entre dois mastros, que vestia apenas as calças, pronto para ser chicotado, porque não poderia seguir sem punição. Não com a realeza de Hybern ali, procurando qualquer sinal de fraqueza.
Tamlin ergueu a mão. Bron, com o rosto petrificado, se aproximou para lhe dar um chicote. Todas as sentinelas, os guerreiros de maior confiança de Tamlin, se moveram desconfortáveis. Alguns olhavam com raiva para Tamlin, alguns tentavam não ver o que estava prestes a acontecer. Eles voltaram olhares malignos na direção de Ianthe quando dera a ordem de vinte e uma chibatadas.
Tamlin desenrolou o chicote na terra.
— Não– Ayla quase rosnara quando segurou a mão do irmão, não era atuação ali, nem dos três estava enquanto buscavam desesperadamente uma maneira de salvar aquele sentinela– por favor Tam, todos cometamos erros, nada aconteceu graças ao Caldeirão. Não desconte em sua pele, em sua honra.
— Ele acusou-me de ter atraído nagas para cá.
— Por favor irmão, esse homem foi o mesmo que atravessou a muralha para buscar uma chance de sermos libertos– pediu ignorando a Grã-Sacerdotisa– porque ele nos colocaria em ameaça agora?
— Vai aceitar a palavra de uma sentinela em vez daquela de uma Grã- Sacerdotisa, princesa?
Os guardas se moveram diante do insulto, do tom de voz. Mesmo que já não confiassem no colega, apenas pelas palavras de Ianthe, perceberam sua culpa. Ellentya olhou para Tamlin com uma súplica silenciosa, mas então viu seu olhar se aguçar também. Com compreensão. Protestos demais de Ianthe. Ah, ele estava bastante ciente de que Ianthe talvez tivesse planejado aquele ataque dos naga para reivindicar de volta alguma gota de poder e influência, como salvadora daquele povo.
A boca de Tamlin se contraiu em reprovação. Era como se os três tivesse dado aos dois um pedaço de corda. Ellentya supôs que agora seria o momento de ver se ambos se enforcariam com ela. Ela ousou dar um passo à frente, voltando as palmas das mãos para Tamlin.
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Cursed Stars | ʳʰʸˢᵃⁿᵈ
FanfictionEllentya, a irmã mais nova de quatro filhas de um mercador falido. Negligenciada pelos pais ao nascer, Ellentya foi criada pelas irmãs mais velhas com todo amor, carinho e proteção do mundo. Mesmo quando a pobreza assolou sua família e Ellentya viu...