Destinados ao que parece ser um eterno desencontro, Samantha Wilson e Matthew Grant são duas almas que vagam pelo mundo na ininterrupta busca de sempre voltarem um para o outro - mesmo que eles não tenham consciência disso. Ainda.
Condenados a conv...
Porque todo mundo precisa de alguém Até o diabo precisa de um amigo E eu sei que não sobrou nada para nós E estou sozinho Você poderia ser alguém? Somebody - Luvokx
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SAMANTHA WILSON
LOS ANGELES, CA. WESTWOOD VILAGE, EM CASA. 19.01.2023 05:50 PM
Atualmente.
Há um silêncio no meu quarto que não me conforta mais.
É um silêncio pesado, sufocante, cheio de tudo o que não consigo dizer e de todas as coisas que quero esquecer. Ele me cerca como uma sombra, tornando as paredes mais estreitas a cada dia que passo aqui dentro.
E já faz uma semana desde que cheguei aqui. Uma semana inteira olhando para o mundo através de uma janela. Uma semana inteira tentando encontrar alguma razão para continuar.
Observei o dia amanhecer e anoitecer da janela do meu quarto, repetidamente, até perder a noção de quanto tempo realmente havia passado. Saía apenas quando o corpo exigia – para comer, para tomar banho – mas, no fundo, tudo isso parecia mecânico, como se eu não estivesse realmente ali.
Do lado de fora, a vida não parava. Ouvi os passos de Flynn pelo corredor, as batidas desajeitadas de alguém tentando me chamar para fora, o som abafado de conversas no andar de baixo. Mas, para mim, era como se o mundo tivesse parado. Cada minuto arrastava o próximo, interminável, enquanto eu tentava encontrar qualquer coisa que me fizesse continuar respirando.
Minhas cartas estavam ali, espalhadas pelo meu caderno vermelho, as folhas desgastadas de tanto serem manuseadas. Minhas palavras, minha própria letra, tão familiar quanto dolorosa. São dezenas delas. Algumas terminam com um ponto final, enquanto outras... não consegui terminar. A maioria termina no meio de uma frase, porque, naqueles momentos, o peso do que escrevia era demais até para mim.
Escrevi essas cartas para mim mesma ao longo dos últimos anos, achando que elas me salvariam. Que seriam lembretes do porquê eu não poderia desistir. Que, quando eu estivesse à beira do abismo, elas seriam o que me puxaria de volta.
Mas agora, olhando para elas, sinto algo diferente. Essas palavras que antes eram âncoras agora parecem pedras amarradas nos meus tornozelos, me arrastando ainda mais para o fundo.
Muitas delas ao acaso sempre terminam com:
"Ele ainda está lá fora. Ele ainda respira. E você ainda sente o peso do que ele fez. Não permita que ele ganhe. Você não pode desistir agora."
Já perdi a conta de quantas vezes reli as mesmas palavras uma, duas, dez vezes por dia, como se pudesse encontrar nelas algo que antes não havia percebido.
Mas a verdade é que não sei se consigo mais.
A verdade é que não sei se quero mais.
A dor está em todo lugar: nos objetos ao meu redor, na lembrança do que ele fez, na culpa por estar aqui. Não suporto mais nada disso. Não suporto mais o peso de respirar, o peso de continuar.