Capítulo 10

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Não é estranho?
Como as pessoas podem mudar
De estranhos a amigos
Amigos para apaixonados
E estranhos de novo
Strange - Celeste

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SAMANTHA WILSON

MANHATTAN, NY
JIMMY'S BAR, CASA.
20.07.2016
10:34 PM

  Sete anos antes...

O cheiro de cigarro velho e álcool derramado era quase sufocante.

Parecia grudar na pele, nos cabelos, se misturar com o suor que escorria pela minha testa. Meus braços doíam de tanto limpar mesas e carregar bandejas pesadas. Soltei um suspiro enquanto apoiava o peso do meu corpo sobre o pano úmido na mesa de madeira desgastada. Uma hora. Só mais uma hora. Eu repeti isso como um mantra na minha cabeça, mas parecia uma eternidade.

Trabalhar aqui era uma tortura que eu mal conseguia suportar. Meu corpo estava em pedaços, como se gritasse por misericórdia, e minha mente... bem, minha mente não estava muito melhor. Eu sabia que não duraria muito. Não era nem só pelo cansaço físico. Era pelo peso invisível que me esmagava dia após dia, noite após noite.

E ele sabia disso.
Ele contava com isso.

Porque no final de cada turno, quando a porta do meu quarto se fechava, era como se eu desaparecesse.

Todas as noites, o som da maçaneta girando era como um alerta silencioso. Eu sabia o que vinha a seguir, mas não tinha forças para lutar.

Como se a Sam que eu costumava ser fosse sugada para um lugar escuro, onde gritar era inútil e lutar, um desperdício de energia. Eu dizia para mim mesma que não era culpa minha. Mas toda vez que acontecia, eu sentia meu corpo se quebrar mais um pouquinho.

Eu só existia. Nada mais.

Solto um suspiro pesado, o tipo de suspiro que parecia vir de algum lugar profundo, tão fundo que eu nem sabia que existia. Era como se cada fibra do meu corpo quisesse desistir, se render à exaustão que me consumia lentamente, dia após dia. Meus dedos seguravam o pano de limpeza com força, mas eu sabia que era só para tentar manter as mãos ocupadas. Porque parar... significava pensar.

E pensar era perigoso.

Porque, não havia muito o que eu controlasse na minha vida. Nem mesmo meus pensamentos. Nada. Meu corpo? Não parecia mais meu. Eu já tinha aceitado que qualquer um poderia invadi-lo, tocá-lo, destruí-lo.

Quem se aproximava de mim? Eu também não escolhia. Os rostos do bar iam e vinham como vultos, e eu já nem me dava ao trabalho de lembrar nomes ou das mãos bobas que ultrapassavam o limite por algumas gorjetas a mais. As roupas que vestia? Também não eram minhas escolhas. Minha mãe sempre fazia questão de me lembrar disso.

"Uma moça da sua idade precisa se vestir com elegância, Samantha," ela dizia, com a voz carregada de desaprovação, como se eu fosse um projeto que ela não conseguia consertar. Então vinham as roupas. Roupas caras, roupas que gritavam uma sofisticação que não tinha nada a ver comigo. Eu nunca as escolhia; ela gastava tardes inteiras comprando-as, sempre com o dinheiro sujo que o namorado dela, Jimmy, trazia para casa.

𝑪𝒐𝒎 𝒂𝒎𝒐𝒓, 𝑺𝒂𝒎Onde histórias criam vida. Descubra agora