Capítulo 53

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— Ei, ei, ei! — Diego chamou o irmão quando o viu passar de pressa por eles. — O que foi que aconteceu? — Micael se virou pros três que o olhavam muito interessados.

— Não é bem da conta de vocês. — Foi tão grosso que despertou uma risada em Arthur. — Eu falei algo engraçado?

— Levou um fora, não é mesmo? — Manteve o riso divertido. — Achou que ia fazer o que? Chegar aqui e jogar seu charme pra cima da minha mulher e ela vai se derreter aos seus pés?

— Você é tão burro, Arthur. — Balançou a cabeça. — Não, burro não. Você é arrogante, tão arrogante que faz você ficar burro. — Fez o sorriso no rosto dele se fechar. — Não consegue enxergar as coisas bem debaixo do seu nariz, e se acha o maioral, da um tempo, falou??

— O que eu não estou enxergando? — Ele franziu a testa encarando bem, Micael. — Vocês tem um caso não é? Eu sempre soube!

— Ela bem que queria isso. — Sorriu com prazer ao dar aquela notícia. — Mas seus chifres não cresceram, fique tranquilo.

— Micael, você não vai dizer que a Sophia... —Diego não terminou a frase. Toda a atenção voltou pro moreno que soltou um suspiro pensado pensando se entregava ou não Sophia. Sabia que para o bem dela devia falar, mas não se sentia bem em fazê-lo.

— Eu não sei de nada. — Ergueu as mãos e então caminhou pra porta sem dizer mais nada. Precisava sair dali urgente e se livrar de toda droga que tinha em seus bolsos antes que cometesse uma loucura.

— Diego, liga pro resto da diretoria e cancela esse jantar ridículo. — Arthur pediu irritado e se apressou a subir as escadas, sem se despedir do amigo, que saiu com Mirella daquela casa logo depois. — Você está se drogando outra vez? — Arthur gritou quando chegou ao quarto e Sophia se assustou, a loira estava deitada na cama chorando.

— Não fiz nada. — Fungou ao responder de forma pouco convincente. — Não enche o meu saco agora, Arthur.

— Se você voltar a usar porcarias dentro da minha casa eu nem sei o que sou capaz de fazer contigo! — Tinha o dedo apontado, falava alto, mas não intimidou a loira.

— Eu já disse que não estou usando nada! Me deixa em paz! — Disse alto, no mesmo tom que ele. — Só quero dormir, é possível?

— Tá triste por ele não querer ser seu amante? Eu ainda tenho que aturar essa merda?

— Olha o que você está dizendo, Arthur. — Fingiu e ficou de pé. — Entrou nesse quarto só pra falar bosta?

— Será mesmo que é bosta? — Gritou de volta. — Não está parecendo.

— Eu vou dormir no outro quarto hoje. — Ia passando mas ele a segurou pelo braço. — Me larga.

— Não, você vai ficar aqui e ser minha mulher. — A jogou de volta na cama. — Não vou permitir que vá pra outro quarto chorar por outra pessoa.

— Não estou com a menor vontade de fazer nada hoje. — Se sentiu ainda mais irritada.

— E eu não estou nem aí. — Subiu na cama e iniciou um beijo que fez Sophia sentir nojo. Sabia bem onde aquilo acabaria e só conseguia pensar em quanto gostaria de estar drogada naquele momento.

**

Semanas demais, já era um ano novo, mas a situação ainda era a velha e só fazia ficar pior. Sophia já não conseguia esconder muito bem suas escapadas e Arthur se fingia de cego na maioria das vezes, se recusando a acreditar que era verdade.

Naquele domingo o casal se arrumava pra ir á missa, mas não era uma missa qualquer, estava completando sete anos do acidente que matou os pais de Micael e Diego.

Diego havia encomendado a missa e convidado a todos, a única dúvida era se Micael compareceria ao evento, aquela sempre havia sido uma data difícil pra ele.

Quando Arthur e Sophia chegaram a grande igreja, encontraram Diego e Mirella na porta, conversando com alguns parentes que não conheciam e Fernando e sua esposa.

— Bom dia. — Os dois cumprimentaram juntos.

— Bom dia. — Receberam respostas de todos, menos de Fernando, que olhava pra Sophia com certo interesse.

— Você não parece bem. — Estava focado no rosto pálido e com olheiras da mulher a sua frente. — Não parece nada bem.

— Mas estou ótima. — respondeu encerrando o assunto, não deixaria que o velho entregasse tudo a Arthur. — E Micael? — Sophia ignorou a careta que se formou no rosto do Marido.

— Não sabemos se ele vem, você bem sabe como essa é uma data difícil pra ele. — A loira apenas suspirou, Arthur pediu licença e a puxou gentilmente pra dentro da igreja.

Se sentaram no meio da igreja, no lado direito. Flores brancas decoravam o lugar, e um grande quadro com a foto do casal chamava atenção lá na frente. O padre anunciou o início e logo todo mundo que estava na porta entrou e se sentou.

Micael chegou no meio da missa e não tinha uma cara muito boa. Chamou atenção pra si enquanto caminhava pra se sentar no banco da frente, ao lado do irmão e da cunhada.

Não disse uma só palavra enquanto ouvia tudo o que era dito pelo padre. Quando Fernando foi chamado para dizer algumas palavras, já no final, Micael se levantou e saiu apressado dali, com os olhos cheios de lágrimas somente ao ouvir o início do que o tio havia preparado pra dizer sobre seus pais.

Diego se levantou pra seguir o irmão, assim como Sophia, que ignorou o olhar de advertência que Arthur lhe deu e correu pra fora.

— Ele sumiu. — Diego estava parado, olhando em volta sem saber pra onde ir. — Como ele sumiu tão rápido?

— Eu acho que sei onde procurar. — Disse com um dar de ombros. — Volta lá pra dentro e deixa que eu vou atrás dele.

— Acha que é uma boa ideia? Arthur vai surtar contigo. — Alertou e viu a mulher dar de ombros pela segunda vez. — Me liga quando achar.

— Pode deixar. — Sorriu e então tirou o salto do pé, antes de sair correndo na direção que achava que Micael tinha ido.

Doze Passos - Meu Anjo Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora