Capítulo 50

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— Então? — Arthur disse quando chegaram no quarto. — Vamos deitar? 

— Só pra deixar claro que nada vai acontecer aqui hoje. — Sophia reforçou ao ver o marido se sentar. — Não adianta me olhar dessa forma.

— Queria muito entender o que você está pensando da vida. — Tinha um sorriso enigmático. — Você está em casa, disse que ia tentar de novo, mas eu chego perto de você e sinto você se retrair.

— Porque tudo é muito recente. — Se explicou. — Eu fui até a casa do Diego conversar com o Micael e sai de lá com você, pode dar um tempo pra minha cabeça?

— Saiu de lá comigo porque você quis. Foi opção sua, Sophia, não te obriguei a nada.

— Claro que não. — Desviou o olhar pra parede e o viu ficar irritado.

— Não obriguei, conversamos, eu praticamente te implorei pra voltar mesmo você dizendo que amava outro homem. E ainda assim, eu tenho que aturar você aparentemente com repulsa de mim.

— Eu só estou te pedindo um tempo.

— Só que quem dá tempo é relógio, Sophia. Ou você quer ficar comigo, ou não quer. Ninguém trancou as portas dessa casa.

— Quer parar de se estressar atoa? Fala sério, Arthur. Só uma noite não vai matar você.

— Uma noite pra você passar sozinha chorando o término do seu namoro? — Ergueu uma sobrancelha com certo deboche. — Tudo bem, Sophia. Faz o que você quiser, afinal de contas, você sempre faz.

— Não faço nada, não seja infantil.

— Vai pro quarto de hóspedes, peça a Joana pra te mostrar onde estão as suas roupas que ficaram aqui. — Disse por fim e Sophia não debateu mais, só agradeceu mentalmente por conseguir sair dali.

**

Na manhã seguinte, Arthur saiu cedo pra trabalhar e não encontrou sua esposa ou sua filha, que iria pra escola mais tarde.

Ele chegou em sua sala pronto pra implicar com Micael se ele tivesse ido., quando abriu a porta, ficou feliz de vê-lo ali, sentado e concentrado.

— Chegou antes de mim... — Comentou bem humorado como se tivesse tido uma noite incrível. — Surpreendente, já que tem uma semana que não pisa aqui.

— Se puder não falar comigo, eu agradeço. — Respondeu com a voz brava e a risada de Arthur o irritou mais.

— Que mau humor, qual será o motivo? — Respondeu e finalmente Micael o encarou.

— Eu venho querendo dar um soco em você há muito tempo, Arthur, não faz essa vontade aumentar mais. — E ele deu outra risada. — Ok, vamos lá, você quer cantar vitória? Vai lá, fala tudo o que você quer de uma vez e me deixa em paz.

— Não quero falar nada. — Deu de ombros. — Só perguntei o motivo do mau humor. Não precisa surtar.

— Você acha que venceu né? Pelo visto estar com uma mulher que ama outro homem deve ser muito bom. — Debochou e afetou o sorriso de Arthur.

— Ela não me odeia nada.

— Você é burro ou só estúpido mesmo pra achar que vai segurar ela em casa muito tempo?

— Está falando do que não sabe.

— Tá, se é o que acha. — Bufou sem saco. — Avisa a sua esposa que deve ir tirar as coisas dela do centro, se ela não vai mais ficar lá, precisa desocupar o espaço.

— Doa tudo, Sophia não vai mais pisar naquele muquifo. — Respondeu com nojo e Micael franziu a testa. — Que cara de bunda é essa?

— Ela tem que ir lá, não pode abandonar as reuniões semanais, é muito cedo pra isso. — Disse extremamente preocupado.

— Existem outros grupos N.A. na cidade. — Micael negou com a cabeça. — É só o seu grupo que presta?

— Não é isso, mas é lá que ela se trata, conhece as pessoas, procurar um novo grupo...

— Conhece as pessoas? O "A" não significa "anônimos"? — Perguntou com humor novamente. — Ela vai conhecer outras pessoas em outro local.

— Para de besteira! Se está fazendo tudo isso por causa de mim, eu deixo de ir às reuniões. — Ofereceu e Arthur deu risada novamente. — Estou falando sério, eu falto, mas não a deixe faltar.

— Eu já disse que ela não vai mais lá. — Se manteve firme.

— Você vai fazer a Sophia ter outra recaída. — Tinha os olhos tristes. — Ela não vai aguentar muito tempo senão tiver apoio.

— Já disse que ela vai ter apoio.

— Fico me perguntando como foi que a Sophia caiu nesse mundo. — Encarou Arthur que manteve o silêncio. — Eu desconfio que foi culpa sua.

— Está falando a maior besteira da sua vida.

— Ela sempre me contava como você era atencioso e gentil quando estavam juntos, como não havia ciúmes e tudo, mas agora te conhecendo de verdade, eu duvido que era essa a realidade. Você é mesquinho, egoísta e só o seu bem estar interessa.

— Ah, pelo amor de Deus, Micael. Isso é tudo porque ela escolheu ficar comigo? Achei que fosse um bom perdedor.

— Isso não é uma competição e ela escolheu ficar com a filha dela, não com você. — Os dois falavam alto e já começavam a chamar atenção dos funcionários que estavam perto da sala. — Você vai causar a ruína da Sophia novamente, você é um câncer, Arthur. — Diego invadiu a sala e os dois olharam pra ele.

— Vocês sabem que estam fazendo um papelão? — Alternou olhares entre os dois. — E você me prometeu que ia se controlar. — Disse ao irmão.

— Ele não vai deixar a Sophia ir às reuniões do N.A. — Desabafou com o irmão, ainda falando alto. — São quatro meses de trabalho que podem ir pro lixo por causa do egoísmo do seu amigo, e aí quando ela tiver na merda de novo, ele vai soltar a mão dela, como fez da outra vez. — Terminou de falar e negou com a cabeça. — Eu preciso de ar. — E saiu dali sem ter nenhuma resposta dos dois.

Doze Passos - Meu Anjo Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora