Capítulo 47

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— Ei, para com isso. — Diego se levantou e caminhou pra sala atrás de Arthur. — Vem, vamos terminar a conversa. — Micael, Sophia e a pequena Liz ficaram olhando os dois, assim como Mirella que tinha ido atrás também. — Arthur! — Se apressou e segurou em seu braço. — Agora você vai ficar com raiva de mim? 

— A conversa está encerrada, Diego. — Disse ríspido e puxou seu braço. — Vamos pra casa, Liz. 

— Ah, não. — A menina respondeu o pai, ainda agarrada na mãe. — Eu quero ficar aqui com a minha mãe. 

— Querer não é poder, vamos embora. — Respondeu mal a menina e recebeu um olhar fuzilador de Sophia. — Não me faz falar de novo, menina. 

— Papai... — Ia implorar mais uma vez, mas foi interrompida por ele.

— Agora, Liz. — Falou alto e assustou a pequena, que se encolheu na hora. 

— Isso não é jeito de falar. — Sophia defendeu a filha no mesmo instante e ficou de pé, passando a menina pra trás dela. — Eu não sei com o que você está irritado, mas descontar na minha filha não é bom pra ninguém. 

— Vem Liz. — Ignorou Sophia e chamou novamente, mas nenhuma das duas se mexeu. — Se você não falar pra ela vir, vou ligar pro meu advogado nesse mesmo instante e você vai poder dar adeus a recorrer daqui a seis meses. — Ameaçou e os olhos de Sophia lacrimejaram no mesmo instante. 

— Para com isso, Arthur. — Diego pediu. — Vem aqui, vamos na cozinha beber uma agua. Está muito nervoso, a Liz está aqui e vendo isso. 

— Não estou nervoso, só quero ir pra minha casa, ninguém aqui me entende, não tem pra que eu ficar. — Se manteve irredutível. 

— Só mais um pouquinho? — A pequena saiu de trás da mãe pra pedir mais uma vez. — A ultima vez que vi minha mamãe foi no meu aniversário, por favor, papai. 

— Eu já disse que não! — Disse alto novamente e a menina desandou a chorar. 

— Arthur! — Sophia disse no mesmo tom. — Chega disso, por favor. Será que podemos conversar? Sozinhos. — Ele pensou por um instante e assentiu. 

— Podemos usar o escritório? — Pediu a Diego que balançou a cabeça positivamente e observou os dois saírem de perto. Liz ficou olhando sem entender, ainda com lágrimas no rosto. 

— Não se preocupe, querida, agora tudo vai se resolver. — Micael disse a pequena que estava confusa ali sozinha. — Não precisa mais chorar. — Diego observou bem a expressão triste do irmão ao dizer aquelas palavras, no fundo, todos sabiam o que aconteceria naquela conversa. 

**

— Pode dizer. — Arthur disse ao vê-la fechar a porta e parar frente a ele. — O que quer? 

— Você não precisa gritar com a Liz só porque está irritado com sabe-se lá o quê. — Tinha a voz baixa, numa tentativa de apaziguar as coisas. — A menina não entende o motivo de não poder me ver, você deveria ser mais compreensivo. 

— Você não sabe o motivo da minha irritação? Jura? 

— Não vem dizer que é ciúme do Micael, pelo amor de Deus. — Trincou o maxilar. — Não seja ridículo. 

— Não  sou ridículo. — Respondeu baixo, estava realmente chateado. — Só que vocês três ali na sala se divertindo, você e a Liz são a minha familia. Deveria ser eu ali na sala com vocês, nós três, igual a sempre foi. 

— Não somos mais uma familia faz um ano, Arthur. — Suavizou o tom de voz. —  E por decisão exclusivamente sua, não consegue enxergar isso? Você namorou a Luz pouquíssimo tempo depois que me expulsou de casa e não se preocupou em saber como é que eu me sentia. Isso me afundou ainda mais se você não sabe. 

— Não sabia, porque pra mim você estava ocupada demais na casa da Luara pra se preocupar com quem estava comigo. — Respondeu de má vontade. — Olha, eu sei que eu errei, já admiti que errei, te pedi pra voltar pra casa. Eu já disse que ainda te amo, não sei mais o que fazer. 

— Você não ama mais, só que ainda não percebeu. — Se aproximou e colocou a mão em seu rosto. — Assim como eu não amo você, não mais.  

— Não pode olhar na minha cara e dizer que ama o Micael. — Ele também se aproximou e colocou as mãos na cintura de sua ex-esposa. — Não quero admitir que acabou, podemos tentar de novo. 

— Eu amo o Micael. — Falou olhando em seus olhos. — Você me quer em casa mesmo sabendo disso? Como podemos tentar de novo sendo que eu amo outro homem? Não enxerga que não vai dar mais certo? 

— Se você quiser fazer dar certo, vai dar certo. Me da um tempo, fica comigo um tempo, você vai ver como tudo vai ser ótimo de novo. 

— E se não for? Você me expulsa de casa mais uma vez com uma mão na frente e outra atrás? Afasta minha filha de mim sem dó nem piedade como se meus sentimentos por ela não significassem nada? 

— Não afastei a Liz de você por causa que nosso casamento acabou, afastei por conta do seu vicio em cocaína. — Se afastou um pouco. — E não, a gente tenta mais uma vez, tenta pela Liz, tenta deixar tudo normal de novo, se não der certo, cada um vai pra um lado, um divorcio amigável, pode ser? 

— E porque não pode ser um divorcio amigável agora? Por que não me deixa ver a nossa filha sendo que sabe que estou bem? Você foi cruel naquela audiência, seus advogados disseram coisas que você sabia que eram mentira. Se acreditasse que estou mentindo sobre minha sobriedade, não estaria aqui me pedindo pra voltar. 

— A única coisa que tenho certeza é que quero você de volta em casa. 

— Talvez devesse começar sendo simpático, mas ao invés disse mentiu e jogou baixo pra me deixar sem ver a criança mais uma vez. Imagino eu que pra me botar contra a parede, você sabe que se eu topar voltar pra casa vai ser pra ficar perto da Liz. 

— No começo vai ser por isso, mas quem sabe com o tempo... — Ele que tinha se afastado, voltou a se aproximar e colocar uma das mãos no rosto de Sophia, fez carinho com o polegar em sua bochecha, mas quando ia iniciar um beijo, ela escapou. 

— Preciso conversar com o Micael antes. — Avisou e viu uma careta se formar. — Não adianta fazer careta, muito menos ter ciúme dele, eu estou sendo sincera com você, Arthur. Só vou voltar pra casa porque eu não aguento mais ficar longe da minha filha e sei que enquanto você não perceber que nosso casamento não tem volta, não vai me deixar em paz. 

 — E aí eu vou ter que aturar você atrás do Micael pra cima e pra baixo? — Se afastou novamente, com os braços cruzados. — Você precisa ao menos se esforçar pra dar certo. 

— Duvido que ele queira falar comigo depois que souber que eu voltei pra casa, mas Arthur, não me pede pra ser ingrata com ele, se hoje estou viva e bem, foi por ele e não por você. 

— Vai jogar isso na minha cara o tempo todo? Não pode ao menos fingir estar feliz? — Pediu um tanto triste. 

— Não estou feliz. — Avisou e saiu de perto, deixando Arthur pensativo no escritório por um tempo.  

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Gente, como amanhã eu duvido ser capaz de escrever uma palavra sequer, adiantei o capítulo pra não sentirem minha falta. Feliz natal, galerinha <3

Doze Passos - Meu Anjo Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora