Capítulo 44

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Sophia levou algum tempo pra cair em si e empurrar Arthur. Não acreditava que ele tinha feito aquilo.

— Você ficou maluco? — Acertou um tapa no rosto do ex-marido que o deixou desnorteado. — Acabou de tomar a minha filha pela segunda vez e acha que eu quero beijar você?

— Estou tentando fazer você lembrar que gosta de mim também. — Sophia deu risada e saiu de perto.

— Vamos embora daqui. — Pediu a Micael, que assentiu e saíram de mãos dadas, sendo acompanhados pelo advogado. — O Arthur está louco.

— Faz tempo. — Micael disse desanimado. — Faz muito tempo.

— Me desculpe, eu não imaginei que ele fosse fazer aquilo. — Resmungou. — E então doutor, como vamos prosseguir daqui pra frente?

— Eu vou me informar de onde nós devemos deixar os testes semanais e você trata de andar na linha e procurar emprego, tá bem?

— Vou aguardar notícias suas então. — O advogado se despediu e foi embora, Sophia entrou no carro com Micael e antes que ele desse partida, chamou sua atenção com uma mão em seu rosto. — Está chateado comigo?

— Mas é lógico que não, estou com vontade de quebrar a cara do Arthur. — Disse irritado. — Estou quieto porque entendo como o momento é difícil pra você.

— O Arthur está irreconhecível, Micael. — Soltou um suspiro pesado. — Ele nunca foi assim, egoísta, inconsequente, cruel... Ele mostrou ao juiz fotos do dia que fomos na escola da Liz. — Micael fez uma careta ao se lembrar. — Disse que eu sou uma mentirosa e que não estou longe das dogras há quatro meses coisa nenhuma.

— Ele sabe que a gente não usou nada aquele dia. — Micael disse ainda mais irritado e com mais vontade de socar Arthur. — No dia que aconteceu, lá na casa do Arthur, eu disse a ele que não tínhamos usado.

— Eu sei que ele sabe fez isso porque é um egoísta, queria tirar de mim todas as chances que eu tinha, queria me descredibilizar. E conseguiu.

— Não perca as esperanças, nós vamos recorrer, o Arthur não pode impedir que você veja a menina pra sempre.

— E se puder? — A loira arriou os ombros se permitindo ficar triste novamente. — Ele tem dinheiro suficiente pra me manter afastada da Liz o resto da vida.

— Não é assim que funciona. — Passou a mão pelo seu rosto, numa tentativa falha de secar suas lágrimas. — Não é porque as coisas estão difíceis agora que serão difíceis pra sempre.

— Mas eu quero poder conviver com a minha menina agora, Micael. Eu já perdi um ano, tantas coisas devem ter acontecido na vida da minha pequena e eu não pude compartilhar.

— Eu imagino o quão difícil deve ser, mas você vai vencer, vamos ter fé.

— O juiz disse que pra eu recorrer novamente, preciso de endereço fixo, emprego e fazer toxicológicos semanais durante seis meses.

— Mas isso é uma boa notícia, você com isso tudo em mãos, certamente vai conseguir o direito de ver a Liz.

— Só que são seis meses! — Falou mais alto. — Isso é muito tempo.

— Acho que não estou gostando do rumo dessa conversa. — Micael disse baixo, sabia bem onde ela chegaria e era disso que tinha medo.

— Eu sei que é difícil, mas se eu me aproximar do Arthur...

— Não. — Ele interrompeu com um tom forte. — Está pretendendo voltar com Arthur? Ele é maluco, Sophia.

— Mas tem a guarda da minha filha. — Disse nada orgulhosa de si. — É um caminho bem menos longo a ser percorrido pra voltar a conviver com a minha menina.

— Quando ele te chamou de volta pra casa, você disse que não e nem pensou nisso.

— Isso porque eu estava esperançosa com essa audiência, agora todas as minhas esperanças caíram por terra depois que o Arthur e sua trupe destruíram minhas chances.

— Mas e a gente? — Perguntou baixo, com os olhos cheios de lágrimas. — Se você ceder a chantagem do Arthur, como é que a gente fica? E o nosso amor?

— Eu amo você, anjinho. — Ergueu a mão e fez carinho em sua bochecha. — Muito, você foi o maior presente que eu já recebi na vida, mas estamos falando da minha filha.

— Você não pode ceder a isso, acabou de virar a mão na cara do Arthur porque ele te beijou.

— Eu não quero ficar com ele de novo, por favor, me entenda...

— Eu consigo entender seu desespero, mas não pede pra aceitar. — Se virou pra frente e ligou o carro. — Está fazendo isso tudo baseado no seu desespero, sendo que há claramente uma saída na sua frente, uma que não te impede de ficar comigo.

— Mas não é certo! Eu posso ficar seis meses fazendo essas porcarias de exames, mas isso não garante que o juiz vai me deixar ver a menina de novo. Ele disse que vai reavaliar o caso quando eu cumprir as ordens. Entende? Posso passar mais seis meses esperando por algo que posso ter agora.

— Me parece que você decidiu o que fazer. — Saiu com o carro com destino ao centro. — Foi bom enquanto durou.

— Eu não quero terminar com você. — Disse baixo, entre as lágrimas. — Não posso te perder, você é a única pessoa de verdade na minha vida.

— Só que não vai ter a mim se voltar pra casa, eu não vou me sujeitar a ser seu amante, Sophia. Eu valho mais que isso!

— Acho que tudo acabou de acontecer e estamos os dois muito nervosos, vamos pensar sobre o assunto e conversar em outro momento?

— Eu amo você e quero continuar contigo, mas do jeito que estamos, namorando e lutando pra reconstruir nossas vidas. Não quero pegar atalhos traiçoeiros, não quero me sujeitar a coisas que acabem com a minha honra. Não sou esse tipo de homem, Sophia. Quem precisa pensar bem no que fazer é você. — O silêncio reinou no carro até que chegassem, se despediram com breves palavras e não teve beijo, Micael estava chateado com aquela situação.

Sophia entrou no quarto e se jogou na cama, estava em choque, não sabia o que pensar, muito menos o que fazer.

Doze Passos - Meu Anjo Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora