Capítulo 62

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— Obrigado a papai do céu por mandar uma gata dessa pra mim. — Micael disse com as mãos juntas e um sorriso no rosto ao ver sua amada descer as escadas pronta pra reunião. — Eu devo ter muita sorte mesmo. 

— Se considera ser apaixonado por uma mulher com o meu nível de complicação, então você com certeza tem muita. 

— Nada pode ser perfeito, linda. — Se aproximou pra um beijo quente, saudoso. Suas mãos estavam na cintura dela e no instante seguinte escorreram pelo corpo parando na bunda. — Mas eu amo você e te aceito do jeito que é, com todas as complicações. 

— Eu já disse hoje que você é um fofo? — Perguntou com um sorriso, ainda abraçada a ele, tinha os braços em volta de seu pescoço. — E que te amo? 

— Nenhum dos dois. — Fez um biquinho charmoso e fez Sophia soltar uma risadinha. 

— Eu. Amo. Você. — A cada palavra lhe deu um selinho. — Agora vamos parar com essa melação, ou não chegaremos para a reunião hoje. 

— O tempo parece que para quando estou beijando essa sua boca gostosa. — Iniciou outro beijo que foi encerrado por Sophia. A loira se afastou e caminhou pra porta. — Você não fugia de mim, hein. O amor acabou? 

— Deixa de ser dramático. — Sophia deu risada enquanto o esperava na porta. — Temos hora, depois que voltarmos, podemos ficar namorando até a hora que você quiser. 

— Não promete o que não pode cumprir, você dorme. — Os dois passaram pela porta dando risadas e caminharam até o carro, que estava parado na rua desde que Micael havia chegado do serviço. 

— E você também, afinal tem que acordar cedo pra trabalhar. — Ele fez uma careta e ganhou um beijinho. — Deixa de careta, a gente tem a vida toda pra ficar junto. 

— Eu achava isso até você decidir me largar. — Resmungou e afivelou seu cinto. — Agora acho que temos viver o hoje e aproveitar bastante. 

— Aquela vez entrou pra lista de maiores arrependimentos da minha vida, só ficando abaixo de quando eu decidi experimentar drogas. — Sorriu pra ele. — Não vai se repetir. 

— Nem mesmo se o Arthur... 

— Que Arthur o que. —  Virou os olhos o interrompendo. — Eu não quero saber mais dele, eu já disse mil vezes que não vou mais ceder a chantagem de nada, vou lutar pelos meus direitos judicialmente, como combinamos. 

— Mas se ele não fizer chantagem? Se resolver fazer a linha bonzinho e compreensivo? — Sophia soltou uma risada alta, a loira gargalhou só de imaginar aquela situação. — É tão engraçado?

— Ele nunca fez a linha bonzinho e compreensivo, porque ia começar agora? 

— Por causa de tudo o que você disse a ele na igreja. — Disse sério e a loira continuou a rir. — Eu estou falando sério, não é piada. 

— Meu amor, o Arthur pode assumir a personalidade que ele quiser, divertido, generoso, bonzinho, pode até aparecer na minha frente banhado a ouro que eu não vou querer, entendeu? Eu não o amo mais, eu não quero nada dele além da minha parte dos bens pra que eu possa reconstruir minha vida e poder ver a minha menina. Só essas duas coisas. — Micael soltou um suspiro pesado. — Não acredita que eu te amo? 

— Acredito, meu bem. — Desviou a atenção da estrada um instante, mas logo voltou. — Arthur incorporou o bonzinho arrependido e disse que quer ajudar a te deixar bem. — Sophia ouviu com atenção. — Ele disse que você pode ir até a casa de vocês pegar suas coisas e também pode falar com a Liz.  

— ELE VAI DEIXAR EU VER A LIZ? — Deu um grito dentro do carro. 

— Desde que você esteja sóbria e sem sintomas de abstinência. — Contou e viu o sorriso gigante que a mulher abriu. — Ele me perguntou se eu achava que você estava pronta pra falar com a menina.

— Mas ele foi perguntou pra você? — Sophia deu uma risada. — Quero dizer, é logico que você diria que sim, você é meu namorado. 

— Na verdade, não é logico não. — Respondeu com sinceridade e ela o encarou séria. — Se ele tivesse me perguntado na semana passada, eu diria que não com facilidade e sem nenhum remorso. 

— O quê? — Quase gritou novamente. — Você diria que não mesmo sabendo o quanto a minha filha é importante pra mim? 

— Se você não estivesse em condições de ver a menina eu diria. — Deu de ombros. — Não precisa fazer drama, isso devia partir de você mesma,  agora você está bem, mas semana passada estava tendo crises agressivas, alucinações, tremedeira entre outros muitos sintomas. Acha que seria o momento ideal de ficar perto de uma criança de cinco anos? 

— Eu sempre soube disfarçar muito bem as coisas pra ela. 

— Sabe nada, você fazia porcamente e ela não reparava porque é uma criança que não faz ideia do que seja abstinência. Provavelmente ela só via a mãe dela estranha e não sabia o motivo, isso quando não era pequena demais pra notar qualquer que fosse a estranheza. Qualquer pessoa que chegue perto de você drogada ou em abstinência sabe que tem algo errado. 

— Por que está falando comigo desse jeito? 

— Que jeito? Eu só estou falando verdades, eu diria  que não se fosse o caso, mas eu disse que sim, então relaxa. 

— O fato de você cogitar dizer que não, não permite que eu relaxe. — Respondeu com um bico imenso que fez Micael rolar os olhos. 

— Meu amor, podemos ser racionais? Não vamos brigar por causa de uma coisa que nem aconteceu. Se você refletir, vai ver que eu estou certo, não vale a pena expor a menina por causa de uma semana, você já esperou tanto tempo. 

— Talvez você tenha razão. — Deu o braço a torcer, mas ainda de bico. — Eu vou pensar que isso é preocupação com a minha filha e vou tentar apagar da minha memoria que se você fosse o pai da minha filha não faria igual ao Arthur. 

— Bom, eu não te jogaria na rua, se é o que quer saber, mas fora isso, eu não acho que ele fez de tudo errado. 

— Micael, você não pode estar falando sério. — Ela abriu a boca ainda mais em choque. — Tirar a minha filha não foi certo. 

— Não quando você já estava melhor, mas enquanto estava mal. 

— Está querendo dizer que se tivemos um filho você vai tomar ele de mim? 

— Mas é claro que não, você não vai recair. — Disse com um sorriso, mas ela ainda estava irritada. — Não tem porque pensar nisso. 

— Claro que tem, se eu... 

— Sophia, você vai recair? — Parou o carro na frente do centro e a encarou. 

— Nunca se sabe... 

— Não é bem essa resposta que eu quero. — Soltou o cinto e se virou de frente a ela. 

— Não, eu não vou usar de novo. — Disse com confiança. 

— Muito melhor assim. — Lhe deu um selinho. — Agora desmonta o bico, eu amo você. — Lhe deu mais um beijinhos. — Arthur está aqui. 

— Fazendo o quê? — Franziu a testa mais uma vez e soltou um suspiro. — Claro, fingindo ser bonzinho. 

— Com certeza. — Os dois sorriram cúmplices e então saíram do carro.  

Doze Passos - Meu Anjo Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora