Capítulo 23

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O jantar se passou com piadinhas de Diego referente a paixão platônica de Micael, Melissa dando risadas esporádicas, mas claramente queria estar em outro lugar e Micael rolando os olhos a cada bobeira que o irmão dizia.

O moreno foi embora pouco depois das dez, estava eufórico. Não esperava que o jantar com o irmão corresse tão bem. Tinham combinado que ele começaria no dia seguinte e isso o deixou ainda mais animado.

Pegou indicação de advogado com o irmão e no dia seguinte também ligaria pra ele, seria um dia animado. Não passou no centro, Sophia ficou lhe esperando, mas estava tarde e ele acordaria cedo no dia seguinte.

Na manhã seguinte se arrumou e desceu perfumado, cantarolando uma melodia.

— Animado às sete da manhã? — Fernando perguntou enquanto se servia de café preto. — E bonito assim? Como foi a conversa com seu irmão?

— Foi ótima! Nós nos entendemos, foi muito melhor do que eu sonhei que seria, tio. — Contou empolgado enquanto pegava um dos pães disponíveis à mesa. — Vou lá na empresa hoje, Diego estava estranhamente simpático comigo, não pensei que fosse acontecer. 

— Nem eu, achei que no mínimo iam se matar. — Fernando deu risada. — Mas fico feliz que tudo deu certo. Vai realmente trabalhar na empresa? 

— Vou, meu pai gostaria disso, já passou da hora de seguir a minha vida e parar de fugir de tudo o que me lembra meus pais. — Fernando assentiu, estava animado com aquilo. — Agora o senhor não imagina, quando cheguei na casa do Diego, ele estava recebendo um convidado para o jantar, era o marido da Sophia. 

— Está de brincadeira! — O homem deu risada da coincidência. — Eles se conhecem?

— Parece que o Arthur foi treinado pelo meu pai. — Comentou com um dar de ombros. — Enfim, são super amigos, a fofa da filhinha deles tava lá também. 

— Devo imaginar que ele não ficou nem um pouco feliz em te ver. 

— Não. — Foi a vez de Micael dar risada. — Ainda mais porque eu liguei pra Sophia e dei o telefone na mão da menina pra elas conversarem. Se ele pudesse, me esganava. 

— Você não devia se meter nessa briga, é assunto dos dois e esse homem não está completamente errado em manter a menina afastada da mãe. — Fernando deu de ombros. — Pelo menos até ter certeza que tudo vai dar certo. 

— Nós dois sabemos o quanto é importante a família junto nesse momento de recuperação. Se ele cooperasse, as chances dela recair seriam mínimas. 

— Mínimas também não, mas seriam melhores. — Deu de ombros. — Mas ela parece estar no caminho certo. 

— Me surpreende o senhor falando dessa maneira, visto que ontem mesmo estava me atacando por querer ajudá-la. — Ergueu uma sobrancelha pro tio e então mordeu seu pão. 

— Eu sei o que eu falei, mas prefiro confiar em você. — Deu de ombros e bebericou mais um pouco de seu café. — Hoje eu vou encontrar com o advogado pra ver como eu retiro a interdição, quando você chegar a gente conversa. 

— Você é incrível, tio. — Disse de boca cheia. — Eu amo você. — Se aproximou para um abraço no tio e então voltou ao seu lugar, terminando seu café num papo descontraído sobre o que achava que aconteceria naquele dia. 

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Micael chegou à empresa animado e logo recebeu um crachá provisório na portaria do prédio. Subiu e sorriu ao chegar no andar da diretoria. Era exatamente como se lembrava das visitas que tinha feito com o pai. As cores vibrantes e alegres, os funcionários entretidos em seus afazeres, o cheiro de lavanda que seu pai sempre fez questão de deixar, dizia ele que acalmava. 

Caminhou perdido até onde se lembrava ser a sala do pai e deu batidinhas após ler o nome do irmão na porta. A secretaria que nao estava em sua mesa correu ao vê-lo batendo. 

— Com licença, o senhor tem hora marcada? — Ganhou a atenção de Micael que negou com a cabeça. — Dr. Diego só atende com hora marcada, eu posso ver na agenda e marcamos pra algum outro dia. 

— Doutor? — Franziu a testa. — Diego tem doutorado desde quando? — Brincou com a mulher que estranhou a intimidade que tinha falado do chefe. — Eu não tenho hora marcada, ele é meu irmão. 

— Preciso te anunciar. — Avisou e Micael deu de ombros. — Ele não gosta que batam direto na porta. — O moreno olhou nos olhos daquela secretária e a viu realmente preocupada ou assustada com o que ele poderia fazer. Assentiu e a acompanhou até a mesa, onde a mulher ligou pra sala e avisou Diego que ele estava ali. 

— Irmão! — Disse com um sorriso quando viu Micael passar pela porta. — Não sabia que seria tão pontual. 

— Você é doutor? — Perguntou prendendo um sorriso. — Eu não sabia nem que tinha feito faculdade, quem dirá doutorado. 

—É só um modo de exigir respeito dos funcionários, têm uns muito abusados que se acham amigos. — Rolou os olhos. — Gosto de mostrar que estou um nível acima deles. 

— Sendo um escroto que não gosta que batam á sua porta? — Ergueu uma sobrancelha. — A sua secretária parecia com medo do que você faria. 

— Veio até aqui questionar meus métodos de manter a empresa na linha ou trabalhar? 

— Depende, eu vou ter que te chamar de doutor Diego também? — Perguntou com certo deboche. — Saiba que isso não vai acontecer. 

— Você é meu irmão, não precisa dessa formalidade. — Rolou os olhos novamente como se fosse óbvio. — Mas eu sugiro que exija deles que te chamem assim, senão ninguém vai te levar a sério. 

— É ruim hein, eu não sou melhor que ninguém aqui, prefiro ser tratado como um igual. 

— Claro que é, você é dono disso aqui. 

— Ta bom, irmão. Não vou discutir isso com você, pode me dizer por onde vamos começar? — Puxou a cadeira que tinha de frente para Diego e então se sentou. — Estou ansioso.  

— Então, você vai ficar com o Arthur. — Avisou e viu a gargalhada do irmão. — Pior é que eu estou falando sério. 

— Não tem cabimento, Diego. — Insistiu. — A gente se odeia. 

— Se odeiam nada, vocês são apaixonados pela mesma mulher, por isso essa desavença. — Insistiu. — Vão saber superar. Arthur é o funcionário que mais tenho confiança, foi ele que me ensinou o que eu sei e quem mais tem capacidade de te ensinar também. 

— Eu não sou apaixonado pela Sophia e acredito eu que ele também não, afinal tem namorada. 

— Que por sinal é a sua ex. —  Deu risada. — É sério, eu amo essa troca de casais, mas devo dizer que você saiu no prejuízo. 

— Aí Diego, cala a boca. — Se permitiu rir também. — Ele está avisado que vai ter que trabalhar comigo ou vai ser surpresa também?  

— Ah, você me conhece o suficiente pra saber que eu não disse nada pra ele. — Deu uma piscadinha. — Deixei pra você contar.  

Doze Passos - Meu Anjo Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora