Micael e Sophia ficaram juntos de chamego o dia todo, agora quando a noite caia, estavam abraçados no sofá, assistindo a uma comédia romântica que Sophia tinha escolhido.
Ouviram o barulho da porta e sabiam que Diego tinha chegado com Mirella, que praticamente já morava ali.
— Onde foi que vocês se enfiaram o dia todo? — Micael perguntou quando viu o irmão se sentar no outro sofá. — Não achei que fossem passar o dia todo longe.
— Eu não quis atrapalhar vocês. — Deu de ombros e se recostou no sofá, tinha um sorriso nos lábios. — Imagino que tinham muita saudade pra matar e Deus me livre ficar no mesmo ambiente que vocês, tem coisas que um irmão caçula não tem que ouvir.
— Larga de ser idiota. — Micael arremessou uma das almofadas no irmão. — Já jantaram? Nós pedimos pizza.
— Imagino que pediram pizza porque dispensaram todos os empregados da casa pra transar em cima da mesa de jantar, não é mesmo?
— Quer largar de ser idiota? — Micael soltou uma gargalhada. — Não transamos em cima da mesa de jantar, mas é uma boa ideia, o que acha amor?
— Acho que você é idiota igualzinho seu irmão. — Respondeu envergonhada, mas ainda sim com bom humor. — Como ficaram as coisas depois que saímos?
— Quer saber do Arthur? Jura? — Micael respondeu antes do irmão.
— Do Arthur e do seu tio, que não sabia que estávamos juntos... — Sophia deu de ombro e encarou Micael por alguns instantes. — Fala sério, você está com ciúmes do Arthur? Por acaso não ouviu nada do que eu disse de manhã?
— Desculpe, força do hábito. — Tentou suavizar ao máximo a expressão.
— Bom, Arthur não disse nada e saiu de perto da gente bem pensativo, acredito que em choque depois de todas as coisas que você disse e o Tio Fernando, é o tio Fernando, não faço ideia do que passa pela cabeça dele.
— Ele sempre me odiou, deve odiar dez vezes mais. — Sophia disse num suspiro. — Espero que um dia ele veja que eu não vou levar você pro mal caminho.
— Deixa disso, ele só está cismado, quando o tempo passar e ele ver que nada aconteceu, vai voltar ao normal.
Ouviram o interfone e Micael se levantou e pegou a carteira, logo caminhou até o lado de fora, pronto pra buscar as pizzas que haviam pedido.
— Opa, boa noite! — O rapaz que não parecia ter mais que vinte anos disse a Micael. — Vai ser cartão, chefe?
— Isso, débito. — Digitou na maquininha e estendeu a Micael que só aproximou. Um apito soou, mas nenhum papel foi impresso.
— Transação não autorizada. — O rapaz disse com uma cara surpresa, só não tão surpresa quanto a de Micael. — Quer tentar novamente?
— Tenta, vou ver no meu outro cartão. — Olhou sua carteira e tirou de lá cartão de outra conta. O aproximou novamente.
— Também não autorizou, chefe.
— Mas que inferno, aguarda um momentinho que vou pegar outro cartão. — O rapaz assentiu e viu a porta fechar. Micael entrou ainda com uma cara de confuso, não entendia bem porque havia sido negado.
— Cadê a pizza? — Sophia perguntou a ele quando chegou na sala.
— Meus cartões foram recusados. — Avisou e todos tinham a mesma cara de surpresa. — Não entendi nada.
— O entregador ainda está aí? — Diego perguntou e se levantou pra ir buscar a entrega. Não demorou a voltar com duas caixas. — Problema resolvido.
— Não está resolvido, meus cartões foram recusados! — Disse alto, ainda indignado com aquilo. — Sabe o que significa isso? Que não tenho um real!
— Perai, não vamos nos precipitar, as vezes é só algum problema no banco, amanhã você liga pra lá e vai resolver. — Mirella disse com um dar de ombros. — Não precisa sofrer desse jeito.
— E se não for?
— O que mais seria? — Diego perguntou após engolir um pedaço da pizza de calabresa. — Falta de dinheiro não é, sabemos que você tem bastante na conta porque eu mesmo faço a transferência todo mês pra uma e os rendimentos da empresa vão pra outra. Quero dizer, essa conta que recebe os rendimentos tem que tá bloqueada mesmo.
— Não, eu conversei com o tio Fernando há meses atrás, ele disse que retirou minha interdição.
— Ele disse que retirou ou que ia retirar? — Mirella chamou sua atenção novamente. — São coisas diferentes.
— Mas eu estava conseguindo movimentar meu dinheiro. — Balançou mais uma vez a cabeça. — Que loucura é essa do nada?
— Não foi do nada, ele sabe que estamos juntos. — Sophia disse baixo. — Acha que eu sou uma golpista interesseira que vai te levar pro fundo do poço esqueceu?
— E aí ele tranca todas as minhas contas me transformando num inválido de novo? Meus documentos todos perdem a validade, você sabia? Eu não respondo por mim! — Disse estressado, levou as mãos à cabeça e passou pelos cabelos, sem saber o que fazer. — Ele passou de todos os limites!
— Se acalma, Micael! Se você precisa de dinheiro eu te dou, não precisa ficar se estressando por pouca coisa.
— Eu estou interditado como um incapaz, Diego. Isso não é pouca coisa.
— Ele só está preocupado com você.
— Essa preocupação dele já virou doença! — Disse alto pra Sophia que se encolheu diante do grito. — Me desculpe, eu não tive a intenção de...
— Tudo bem, eu sei que está nervoso, mas descontar em mim não vai adiantar. Amanhã você vai lá e conversa com seu tio.
— Eu vou lá agora!
— Senta aí, meu filho. — Diego ficou de pé. — Esfria essa cabeça, fazer barraco não vai mudar nada.
— Eu tenho um monte de planos, Diego. Preciso do meu dinheiro pra isso. — Suspirou e abaixou a cabeça nas mãos. — Que inferno!
— Tudo vai se resolver. — Sophia ergueu a mão para colocar no ombro de Micael e a viu tremer, na hora enguliu em seco. — Merda!
— O que foi? — Micael ergueu a cabeça e a olhou com atenção. Sophia somente mostrou a ele a tremedeira nas duas mãos. — Merda!
— Qual o problema, Sophia? Está nervosa?
— O problema é um que eu conheço muito bem e já enfrentei diversas vezes, Diego. Abstinência. — Ela disse triste e pegou o cunhado e sua noiva de surpresa, afinal, ninguém além de Micael sabia que ela estava nessa novamente.
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Doze Passos - Meu Anjo Da Guarda
RomantizmDepois de anos lutando pela reabilitação da esposa, Arthur acaba desistindo e a expulsando de casa. Sophia se viu perdida, sem dinheiro e sem poder ver a filha. Confiou em gente que não poderia e fez muito mais do que devia pra conseguir alimentar...