Capítulo 58

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Micael e Sophia ficaram juntos de chamego o dia todo, agora quando a noite caia, estavam abraçados no sofá, assistindo a uma comédia romântica que Sophia tinha escolhido.

Ouviram o barulho da porta e sabiam que Diego tinha chegado com Mirella, que praticamente já morava ali.

— Onde foi que vocês se enfiaram o dia todo? — Micael perguntou quando viu o irmão se sentar no outro sofá. — Não achei que fossem passar o dia todo longe.

— Eu não quis atrapalhar vocês. — Deu de ombros e se recostou no sofá, tinha um sorriso nos lábios. — Imagino que tinham muita saudade pra matar e Deus me livre ficar no mesmo ambiente que vocês, tem coisas que um irmão caçula não tem que ouvir.

— Larga de ser idiota. — Micael arremessou uma das almofadas no irmão. — Já jantaram? Nós pedimos pizza.

— Imagino que pediram pizza porque dispensaram todos os empregados da casa pra transar em cima da mesa de jantar, não é mesmo?

— Quer largar de ser idiota? — Micael soltou uma gargalhada. — Não transamos em cima da mesa de jantar, mas é uma boa ideia, o que acha amor?

— Acho que você é idiota igualzinho seu irmão. — Respondeu envergonhada, mas ainda sim com bom humor. — Como ficaram as coisas depois que saímos?

— Quer saber do Arthur? Jura? — Micael respondeu antes do irmão.

— Do Arthur e do seu tio, que não sabia que estávamos juntos... — Sophia deu de ombro e encarou Micael por alguns instantes. — Fala sério, você está com ciúmes do Arthur? Por acaso não ouviu nada do que eu disse de manhã?

— Desculpe, força do hábito. — Tentou suavizar ao máximo a expressão.

— Bom, Arthur não disse nada e saiu de perto da gente bem pensativo, acredito que em choque depois de todas as coisas que você disse e o Tio Fernando, é o tio Fernando, não faço ideia do que passa pela cabeça dele.

— Ele sempre me odiou, deve odiar dez vezes mais. — Sophia disse num suspiro. — Espero que um dia ele veja que eu não vou levar você pro mal caminho.

— Deixa disso, ele só está cismado, quando o tempo passar e ele ver que nada aconteceu, vai voltar ao normal.

Ouviram o interfone e Micael se levantou e pegou a carteira, logo caminhou até o lado de fora, pronto pra buscar as pizzas que haviam pedido.

— Opa, boa noite! — O rapaz que não parecia ter mais que vinte anos disse a Micael. — Vai ser cartão, chefe?

— Isso, débito. — Digitou na maquininha e estendeu a Micael que só aproximou. Um apito soou, mas nenhum papel foi impresso.

— Transação não autorizada. — O rapaz disse com uma cara surpresa, só não tão surpresa quanto a de Micael. — Quer tentar novamente?

— Tenta, vou ver no meu outro cartão. — Olhou sua carteira e tirou de lá cartão de outra conta. O aproximou novamente.

— Também não autorizou, chefe.

— Mas que inferno, aguarda um momentinho que vou pegar outro cartão. — O rapaz assentiu e viu a porta fechar. Micael entrou ainda com uma cara de confuso, não entendia bem porque havia sido negado.

— Cadê a pizza? — Sophia perguntou a ele quando chegou na sala.

— Meus cartões foram recusados. — Avisou e todos tinham a mesma cara de surpresa. — Não entendi nada.

— O entregador ainda está aí? — Diego perguntou e se levantou pra ir buscar a entrega. Não demorou a voltar com duas caixas. — Problema resolvido.

— Não está resolvido, meus cartões foram recusados! — Disse alto, ainda indignado com aquilo. — Sabe o que significa isso? Que não tenho um real!

— Perai, não vamos nos precipitar, as vezes é só algum problema no banco, amanhã você liga pra lá e vai resolver. — Mirella disse com um dar de ombros. — Não precisa sofrer desse jeito.

— E se não for?

— O que mais seria? — Diego perguntou após engolir um pedaço da pizza de calabresa. — Falta de dinheiro não é, sabemos que você tem bastante na conta porque eu mesmo faço a transferência todo mês pra uma e os rendimentos da empresa vão pra outra. Quero dizer, essa conta que recebe os rendimentos tem que tá bloqueada mesmo.

— Não, eu conversei com o tio Fernando há meses atrás, ele disse que retirou minha interdição.

— Ele disse que retirou ou que ia retirar? — Mirella chamou sua atenção novamente. — São coisas diferentes.

— Mas eu estava conseguindo movimentar meu dinheiro. — Balançou mais uma vez a cabeça. — Que loucura é essa do nada?

— Não foi do nada, ele sabe que estamos juntos. — Sophia disse baixo. — Acha que eu sou uma golpista interesseira que vai te levar pro fundo do poço esqueceu?

— E aí ele tranca todas as minhas contas me transformando num inválido de novo? Meus documentos todos perdem a validade, você sabia? Eu não respondo por mim! — Disse estressado, levou as mãos à cabeça e passou pelos cabelos, sem saber o que fazer. — Ele passou de todos os limites!

— Se acalma, Micael! Se você precisa de dinheiro eu te dou, não precisa ficar se estressando por pouca coisa.

— Eu estou interditado como um incapaz, Diego. Isso não é pouca coisa.

— Ele só está preocupado com você.

— Essa preocupação dele já virou doença! — Disse alto pra Sophia que se encolheu diante do grito. — Me desculpe, eu não tive a intenção de...

— Tudo bem, eu sei que está nervoso, mas descontar em mim não vai adiantar. Amanhã você vai lá e conversa com seu tio.

— Eu vou lá agora!

— Senta aí, meu filho. — Diego ficou de pé. — Esfria essa cabeça, fazer barraco não vai mudar nada.

— Eu tenho um monte de planos, Diego. Preciso do meu dinheiro pra isso. — Suspirou e abaixou a cabeça nas mãos. — Que inferno!

— Tudo vai se resolver. — Sophia ergueu a mão para colocar no ombro de Micael e a viu tremer, na hora enguliu em seco. — Merda!

— O que foi? — Micael ergueu a cabeça e a olhou com atenção. Sophia somente mostrou a ele a tremedeira nas duas mãos. — Merda!

— Qual o problema, Sophia? Está nervosa?

— O problema é um que eu conheço muito bem e já enfrentei diversas vezes, Diego. Abstinência. — Ela disse triste e pegou o cunhado e sua noiva de surpresa, afinal, ninguém além de Micael sabia que ela estava nessa novamente.

Doze Passos - Meu Anjo Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora