CAPÍTULO 34 - Ofertas

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Os próximos dias foram cheios de reuniões e compromissos oficiais. As audiência públicas ainda estavam suspensas, mas Arian tinha concordado em receber alguns representantes da região, além de demandas por escrito enviadas de partes mais afastadas do reino.

Brethen passava as noites no quarto de Arian, o que era, ao mesmo tempo, estranho e familiar, e notou que o sono dele era mais agitado do que o normal, apesar de tão pesado quanto sempre.

Ela o acompanhava de perto a cada passo, admirando a forma com que ele conseguia manter a calma e o charme, mesmo sabendo o quão exausto ele estava. Brethen se perguntava se, com o passar do tempo, as coisas ficariam mais calmas. Se a Maré Sombria permitisse, ela esperava que sim.

A resposta do irmão dela ao convite para vir para o palácio tinha chegado naquela manhã, um dia depois da mensagem dela ser enviada. Para a surpresa de Brethen, ele tinha aceitado o convite, narrando ter visto de perto a fuga de pessoas assustadas e feridas das vilas e cidades da redondeza. Ele só precisava de alguns dias para colocar tudo em ordem antes de partir. Brethen tinha respirado aliviada, mas agora sua ansiedade estava renovada pela espera da chegada do irmão.

O que a deixava um pouco mais tranquila era ver os efeitos do ataque à célula da Capital. Com os interrogatórios às pessoas que foram capturadas no ataque e com a ajuda do Mestre de Espionagem, eles já tinham uma lista de nomes que se espalhava por toda Pratória. Alguns eram nobres e comerciantes importantes, mas muitos eram donos de tavernas, pequenos comerciante, navegadores, mensageiros, pessoas aparentemente comuns, mas que exerciam um papel crucial na rede que formava a Maré Sombria.

Arian e Brethen estudavam cuidadosamente aquela rede e cada nova informação que chegava, ainda sem saber qual a melhor abordagem. Brethen era a favor de uma ofenciva mais discreta, derrubando aquelas figuras um por um, puxando os fios para desfazer a rede. Mas Arian ainda tinha suas dúvidas.

–Uma facada pelas costas – Brethen tinha dito naquela amanhã, ainda na cama, entrelaçada com Arian. –, uma gota de veneno, uma emboscada em um beco escuro... Um por um podemos enfraquecê-los.

–É arriscado, Breth. – Arian disse enquanto traçava círculos nas costas dela. – Se não for feito direito, podemos acabar jogando fora tudo que já sabemos até agora.

Brethen se apoiou sobre o cotovelo para olhar para Arian.

– É só enviar sua melhor arma. – ela disse.

– Sem chances – ele tinha dito antes de se desvencilhar de Brethen e se levantar da cama.

Mais tarde, no mesmo dia, Brethen acompanhou Arian a mais uma reunião do Conselho. Os Conselheiros partiriam na manhã seguinte, de volta a suas respectivas regiões, e ainda tinham assuntos a serem resolvidos um deles era o que Brethen mais temido por ela.

– Sei que essa é a última coisa com a qual você quer se preocupar agora, Majestade – disse Lorde Syfas – Mas um casamento real traria mais tranquilidade para o povo de que as coisas estão sobre controle. Além de que, com as ameaças a sua vida, garantir um herdeiro é primordial.

Brethen sabia que Arian estava evitando olhar para ela quando disse:

– Depois de Belinda, não sei se consigo confiar em alguém para me casar.

– Não vamos cometer o mesmo erro duas vezes – Dom Julius afirmou. – Faremos uma escolha cuidadosa, além tomar precauções para riscos que não conhecíamos antes.

Arian olhou para Lady Alana, buscando o apoio dela naquele assunto, mas não encontrou.

– Concordo com meus colegas, Majestade. – foi tudo o que ela disse.

A Maré SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora