CAPÍTULO 11 - Ardil

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Arian tinha enviado um dos guardas até o serviço de mensageiros da vila e pedido que uma mensagem urgente fosse entregue ao palácio, informando que o príncipe estaria de volta no dia seguinte, e não naquela noite, como tinha sido combinado. Ele não disse nada a Brethen até ter recebido a confirmação de que a mensagem tinha sido enviada, assim que voltaram para a casa de Basken para o café, logo depois do passeio na praia.

– Aproveite o tempo que você tem com seu irmão – Arian sussurrou quando ela tentou protestar – Você merece, e o mundo não vai acabar se eu me atrasar para um almoço ridículo com pessoas que vejo quase toda semana.

Brethen não havia dito nada, apenas abraçado Arian diante da porta da casa do irmão antes de entrar.

Eles partiram logo cedo, depois de passar a noite na hospedaria da cidade e ter voltado para a casa de Basken para tomar café da manhã. Brethen prometeu visitar mais vezes, e Arian fez um convite para a família ir visitá-la no palácio quando quisessem.

Em particular, Brethen entregou ao irmão uma bolsa de moedas igual à que tinha dado para os pais. Ele também tentou recusar, mas Brethen insistiu.

– Se não para você, então para os meus sobrinhos – ela disse. – Para o futuro deles.

Sendo assim, Basken aceitou, se despediu da irmã com um abraço longo, apertado e molhado por lágrimas, e assistiu enquanto a carruagem partia e todos acenavam de longe.

Mais uma vez sentada ao lado de Arian na carruagem, Brethen sentiu um sorriso escapar de seus lábios.

– Obrigada – ela agradeceu ao príncipe. Ele sorriu de volta e apertou os dedos dela em resposta.

Após alguns minutos, Arian abriu um livro sobre o joelho, e Brethen fechou os olhos para tentar cochilar – ela não entendia como o príncipe conseguia ler qualquer coisa com os trancos e sacudidas da carruagem, mas já tinha desistido de dizer que aquilo não devia fazer bem para os olhos dele.

Em meio a um sono agitado e fragmentos de sonhos confusos, Brethen demorou para perceber que havia algo de errado. Os sons do lado de fora se misturavam com as figuras de sua imaginação, e foi a mão de Arian – um aperto firme no braço dela – que a fez voltar para a realidade.

Ao lado dela, o príncipe estava rígido como um gato em estado de alerta, os olhos dourados arregalados, uma mão ainda sobre o livro aberto em seu colo.

– Por que paramos? – Brethen perguntou.

– Não sei – ele respondeu, e sua voz era quase um sussurro –, mas tenho um mal pressentimento.

Ela se inclinou no espaço estreito da carruagem e abriu a janelinha que dava na frente do veículo, onde estava Arture e outro guarda.

– O que houve? – ela perguntou, mas, antes que Arture pudesse responder, ela notou uma figura de pé no meio da estrada. Ele tinha uma espada presa ao cinto e estava com os braços abertos ao lado do corpo, bloqueando o caminho.

– Fique aqui – ela pediu a Arian, e saiu antes que ele pudesse responder. Mas, assim que pisou do lado de fora, um grito veio de trás da carruagem. O terceiro guarda, que estava sentado sozinho na parte de trás do veículo, caiu de lado e desabou no chão, com uma adaga alojada em seu pescoço.

Brethen não teve tempo de processar a cena – o homem caído no chão, o sangue, a expressão de pânico congelada em seu rosto – quando notou mais movimento em meio à mata.

– É uma emboscada! – ela anunciou, e Arture e o outro guarda – um jovem chamado Calam – entraram em ação. Arture sacou o arco-e-flecha e Calam bradou a espada, assim que mais quatro homens, além do que estava de pé no meio da estrada, sairam de dentro da mata. Todos usavam máscaras de pano. Dois dispararam na direção de Brethen, que se colocou no espaço entre eles e a porta da carruagem.

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