A coroa parecia pesada. Uma escultura dourada, forrada de veludo vermelho, encrustada de rubis e diamantes. Ainda assim, a cabeça de Arian se mantinha ereta, como se aquele peso não fosse nada.
Brethen assistiu da lateral da plataforma, de onde via as costas e a lateral do rosto de Arian, à cerimômina que o tornava, oficialmente, rei de Pretória.
– Que os deuses guiem seu reinado e ele seja lonjevo – Bradon Don Julius, de pé diante de Arian na plataforma – Que Anon abra uma estrada tranquila e sem obstáculos. Que Latícia traga colheitas ferteis e saúde ao povo. Que Fedran alimente sua compaixão e empatia, e que Tihia traga sabedoria e discernimento. Vida longa ao Rei Arian!
– Vida longa ao Rei Arian! – ecoou a plateia, formada de poucas dezenas de pessoas. Além da família real, apenas outros residentes fixos do palácio e os membros do conselho e suas famílias estavam presentes. Nada das centenas de convidados e da tradicional procissão pela cidade. A cerimônia ocorreu na capela do palácio, e não no grande templo no centro da Capital, como era o costume ao longo dos séculos.
Arian permaneceu de pé, segurando a espada sagrada de Pratória sobre as duas mãos espalmadas, enquanto todos ao redor se ajoelhavam, incluindo Brethen. Ela porém, ao contrário dos outros, não abaixou a cabeça, e manteve os olhos atentos, fixos em Arian.
Após alguns segundos, o recém coroado rei embainhou a espada e hergueu os braços ao lado do corpo.
– Levantem-se. – as palavras soaram como um pedido nos lábios dele, mas tinham a força de uma ordem. – É uma honra servir ao reino como meus antepassados fizeram antes de mim. Como meu pai fez, que os deuses o tenham do Outro Lado, antes de se despedir de nós de forma prematura. Eu prometo a vocês, e que façam minha palavra chegar a todos os cantos de Pratória, proteger e cuidar de cada cidadão deste reino. Sob meu reinado, todos que vivem conforme a lei serão livres, e farei de tudo para garantir esse direito.
Ele não precisou mencionar a Maré Sombria para deixar claro ao que ele se referia. Arian abaixou os braços e os músicos posicionados no canto do salão começaram a tocar o Hino de Pratória.
Todos os presentes cantaram juntos e, com as últimas notas da melodia, estava encerada e cerimônia de coroação.
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– A construção da estrada vai diminuir em três dias a viagem do porto até a Capital, reduzir o custo de transporte de produtos agrícolas da região – Lady Alana tinha um pedaço de batata fincado na ponta do garfo, cuja existência ela pareceu esquecer enquanto falava. – Menos custos significa preços mais baixos para a população.
– Mas é preciso considerar a perda de área para plantio que a estrada vai acarretar, já que ela cortaria justamente pela região agrícola – rebateu Lorde Syfas. –, sem contar os transtornos.
– Números insignificantes se comparados aos benefícios. – Arian deu um gole na taça de vinho, da qual Brethen tinha provado há alguns minutos para garantir não estar envenenada. – E os proprietários das terras utilziadas serão devidamente recompensados.
– Não é minha intenção negar os benefícios da construção da estrada, Majestade, apenas...
– Meus caros – rainha Prometia interrompeu –, ette é um jantar de comemoração, não uma reunião do Conselho. Por favor.
–Perdão, mamãe – Arian deu outro gole na taça de vinho antes de colocá-la novamente sobre a mesa – Há muito trabalho a se fazer. Adminto que estou um pouco afoito.
–Tudo em seu devido tempo – a rainha segurou a mão do filho sobre a mesa. – Algo que você terá de sobra.
Do outro lado da mesa, Serafine estava sentada ao lado da princesa, e as duas conversavam baixinho. Amina estava sentada ao lado da mãe, e Arture mais adiante, ao lado de Capitã Alma. Brethen, como sempre, se sentava ao lado de Arian, só que agora Arian se sentava na cabeceira, o que significava que Brethen se sentava de frente para a rainha, uma de cada lado dele. Até poucos dias antes, aquele lugar pertencia a Fausto, que agora se sentava alguns lugares abaixo, entre Dom Julius e a Lady Safira, prima de Arian em algum grau que Brethen não sabia.
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A Maré Sombria
FantasyBrethen não tem medo de nada. Ou, ao menos, de muito pouco. Treinada desde a adolescência em uma academia de guerreiros e assassinos, ela foi selecionada a dedo pelo príncipe Arian para ser sua Campeã. A partir daquele dia, Brethen se tornou a somb...