CAPÍTULO 29 - Pele

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Brethen tinha muitas adagas, Ele sempre carregava uma no cinto, uma dentro da bota, além das que ficavam cuidadosamente organizadas em um estojo sobre a escrivaninhas. Mas a maioria delas ficava escondida em locais estratégicos do próprio quarto e do quadro de Arian, para caso fosse necessário. Um dos desafios de preparar a mudança para os novos aposentos foi encontrar todas elas.

Arian quis levar os próprios móveis. Se sentia mal em simplesmente ocupar o espaço que antes era dos pais dele, e fazer a mãe se mudar para um lugar completamente estranho. Seria bom ter elementos familiares por perto.

Por escolha da própria rainha, os novos aposentos dela e de princesa Acendia seriam em um dos apartamentos na mesma ala do palácio em que Amina vivia. Elas queriam mais privacidade depois de tudo que vinha acontecendo. O novo espaço teria três quartos: um para a rainha, um para a princesa e um para Fausto, que se comprometeu a proteger as duas a partir de agora, assim como fazia com o rei.

Já os aposentos reais englobavam o quarto do rei, o quarto da rainha, o quarto do Campeão, uma pequena biblioteca, uma sala de estar, uma de refeições e uma casa de banhos com águas termais.

A mudança tinha começado cedo naquela manhã, logo depois do interrogatório de Belinda, e estava tudo pronto no fim da tarde. Brethen escondeu as adagas nos aposentos novos e checou os alarmes no quarto que seria de Arian, que a avisariam de algum invasor. Os fios e botões escondidos ativavam sinos no quarto de Brethen caso ativados. Alguns ficavam ativados permanentemente, como o que ficava em baixo da cama e do lado de fora da janela. Outros precisavam ser ativados manualmente quando Arian ia dormir. Nada diferente do que já era feito nos aposentos antigos.

O novo quarto de Brethen tinha janelas maiores, com vista para a floresta que cercava um dos lados do palácio. Sabina já tinha arrumado a cama e organizado as roupa no novo closet. Os livros na estante estavam fora de ordem, mas Brethen estava exausta demais para organizá-los agora. Só queria cair na cama e dormir até o dia seguinte, apesar de o sol ter acabado de se pôr do lado de fora. O problema, porém, era que Arian não tinha voltado ainda, e ela sabia exatamente onde o encontraria: a sala secreta.

Ele estava sentado na escrivaninha perto da janela com um pergaminho grande desenrolado sobre a superfície. Brethen se aproximou mais e reconheceu a planta baixa do palácio.Arian estava fazendo desenhos nela com um pincel e tinta vermelha.

– O que é isso? – ela se debruçou mais perto da mesa, passando um braço pelos ombros dele.

– Barreiras de proteção – ele disse, e circulou mais uma parte do mapa – Não de verdade, claro. Esse é só o planejamento.

Brethen observou o trabalho de Arian. Havia dezenas de marcações vermelhas ali. Se cada uma equivalesse um pedaço da barreira de proteção, ela nem imaginava quanto tempo e energia seria necessário para completar o processo na vida real.

–Vou colocar nos próximos dias – ele disse, circulando mais uma área do palácio, onde os muros atravessavam a floresta perto do novo quarto de Brethen – Aliás, eu já deveria ter feito isso há muito tempo, mas meu pai sempre proibiu.

– Vai ser difícil, não vai? – Brethen perguntou, e Arian finalmente levantou o rosto para olhar para ela.

– Sim. Mas eu consigo. 

– Não é arriscado, tão perto da coroação?

Arian aproximou o rosto do de Brethen, sorrindo em desafio:

– Está duvidando da minha capacidade? – ele perguntou.

– Não, só tenho medo das consequências.

– Eu consigo lidar com as consequências – ele colocou o pincél sobre a mesa, liberando a mão para puxar Brethen pela cintura até ela estar sentada no colo dele. – Ainda mais com a sua ajuda.

A Maré SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora