CAPÍTULO 26 - Respostas

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Os três membros do concelho, líderes das três grandes casas, tinham retornado para suas províncias logo após o funeral do rei. Dom Julius, chefe da casa Magnar, tinha recebido a missão mais difícil, de domar a situação na península de Rivena, já que a Província Norte, administrada por ele, englobava aquela região.

Desta forma, as únicas pessoas na sala do mapa naquela noite eram Arian, Brethen, Amina, Fausto, Capitã Alma, o segundo tenente Edgar, Capitão Jordan da guarda da capital e Alan Nuris, mestre de espionagem. Este último era uma figura peculiar. Um homem na casa dos cinquenta anos, magro, de baixa estatura e de aparência completamente comum – o que era ideal para alguém que precisava ser capaz de se misturar. Ainda assim, havia algo nos olhos dele, um tipo de ferocidade, que o tornava extremamente desconcertante.

Amina, como filha de Lady Caelix e futura participante do concelho, estava ali como representante dos outros concelheiros, a pedido de Arian. Ela parecia satisfeita em ter algo para fazer em vez de apenas remoer os acontecimentos dos últimos dias.

O grupo estava reunido ao redor da grande mesa com o mapa e, no centro dela, estava uma pequena esfera de vidro.

– Vocês sabem o que é isto? – Arian perguntou, e todos balançaram a cabeça em negativa – É uma Esfera da Memória, um artefato raro, muito difícil de ser produzido. Estou trabalhando nele desde o dia em que capturaram o homem que invadiu os aposentos do meu pai.

Brethen olhou para Arian de sobressalto. Ele nunca tinha mencionado aquilo para ela, apesar de ela o acompanhar para quase todas as visitas dele à sala secreta.

– Como o nome indica, ela é capaz de revelar memórias – Arian continuou – outros feitiços e artefatos são capazes da mesma coisa, tanto que eu usei para tentar descobrir quem foi a pessoa que ajudou aquele homem a entrar no palácio, e para ver fragmentos de lembranças através de uma espada que pertenceu ao líder da antiga Maré Sombria. Mas esta esfera é diferente. Ela é capaz de conseguir informações mais precisas, em vez de meros fragmentos confusos, principalmente quando o sujeito as oferece de forma voluntária. Esta aqui contém as memórias de Lady Belinda.

Arian não tinha feito qualquer cerimônia para falar de magia. Todos ali sabiam dos rumores, e Brethen viu os olhares de cada um quando tiveram a confirmação de que eram verdadeiros. Amina já sabia de tudo, assim como Fausto e Capitã Alma, mas aquilo era novidade para o restante deles.

Arian já tinha explicado o funcionamento da esfera para Brethen no caminho até a sala do mapa. Ela era capaz de conter memórias mais fiéis e completas caso o sujeito as tenha oferecido de bom grado. No caso de Belinda, ela não tinha sido forçada, mas também não sabia o que estava fazendo ao aceitar colocar a esfera na boca, então não dava para saber o quão precisas as memórias seriam.

Diferente dos feitiços que Arian havia usado para ler as memórias na espada e identificar a pessoa que ajudou na invasão, a esfera não era capaz de projetar imagens. Ao invés disso, ela respondia a perguntas, o que permitia descobrir informações de forma mais clara.

Em uma folha de papel, Arian havia escrito as palavras "sim", "não", "talvez" e "irrelevante" uma em cada canto da folha, e colocado a esfera no centro.

– Agora é só perguntar o que quiserem – ele disse, então se voltou para a esfera – Você carrega as memórias de Lady Belinda Justis?

Imediatamente a bolinha rolou sobre a mesa e parou sobre a palavra "sim".

Houve um burburinho de surpresa ao redor da mesa.

Capitã Alma deu um passo à frente e fez a próxima pergunta:

– A Maré Sombria está planejando outro ataque?

A esfera rolou para a palavra "talvez". A falta de exatidão causou um burburinho na sala.

A Maré SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora