Capítulo 4

35 3 0
                                    

4 Capítulo

Quando cheguei em casa, tudo estava escuro, passava do meu horário de costume e logo minha mãe me chamou.

— Cheguei. To bem. – respondi

— Aconteceu alguma coisa que se atrasou? – fechei os olhos e respirei fundo, enquanto passava pela porta do quarto dela rumo ao meu.

— Tinha um pneu furado e tive que trocar embaixo da chuva e depois eu quis dirigi mais devagar. – entrei no meu quarto e fechei a porta, ela nunca me questionava desde que eu estivesse com a guarda real comigo, mas como estava sozinha, o único motivo pelo meu atraso na cabeça dela devia ser uma rapidinha.

Deitei na cama depois de um banho quente, mas o sono não chegava, passava das duas da manhã e eu ainda estava em alerta, já havia revivido no mínimo umas vinte vezes aquela nossa conversa no estacionamento da faculdade, o beijo dele, era... Não sei te explicar!

Podia ainda sentir a textura, a maciez dos lábios dele pressionado contra os meus, podia sentir o calor emanado pelo seu corpo perto do meu, sem o toque, aquela pegada forte e aquele cheiro que queimava e refrescava enquanto se inala.

Ele era exótico.

Aquela barba. Aquela maldita barba!

Mantinha minha mão sobre meus lábios e se eu fechasse os meus olhos eu podia sentir tudo aquilo de novo, aquela intensidade ardente, a maciez daqueles lábios, a barba dele pinicando de leve, o cheiro invadindo meu nariz, quente e refrescante ao mesmo tempo, como podia ser assim, um cheiro ser de um jeito e de outro ao mesmo tempo? A força que ele exercia aquela onda, como a maré, passando por mim, era tudo tão esquisito, mas era tudo tão... Bonito.

Nunca tinha sentindo nada por ninguém desse jeito, também é claro, eu não tive oportunidade, mas com ele era diferente. – Nem vem Marina, ele não é pro seu bico! – disse minha mente, eu ri, de mim mesma, deitada na minha cama, no escuro e vazio do meu quarto, pus as mãos sobre meus olhos ainda com um sorriso bocó no rosto, mas ele não era pra mim mesmo, foi quando lembrei dele na sala de aula... "não tolero atrasos e nem mulheres na TPM"– ele disse, e, por acaso ele era das cavernas? Todo mundo sabe que mulheres são assim! Caramba! Que troglodita que ele era, sem sal, sem açúcar, virei de lado e me cobri, fechei os olhos respirei fundo e deixei as lembranças do meu pai povoar minha mente.

— Marina? – ouvi alguém me chamar, mas a voz estava longe, baixinha, depois alguém mexeu em minhas cobertas. — Marina? – dessa a vez a voz foi mais forte e meu nome saiu em um tom petulante.

— O que foi? – respondi, abrindo os olhos e me ajeitando na cama.

— Já passa das onze da manhã. – disse minha mãe, e eu, não entendi o que ela queria dizer com aquela frase, intimidade era uma palavra ausente em nossa vida.

— Já vou levantar. – falei, ela saiu, mas ao me mexer senti que meu corpo todo doía, abri a cortina do meu quarto e vi que o dia estava cinza, chovia de forma mansa e tinha muito vento, tomei banho e me vesti, tinha a impressão que uma boiada havia passado sobre meu corpo além de uma leve dor de cabeça.

Sentei na cadeira do escritório exatamente as onze e trinta da manhã, e Davi entrou lá correndo e veio me abraçar.

— Mana! – ele soltou um gritinho quando pulou em meus braços.

— Oi gatão, que saudades de você! - falei enquanto ele ficava ali. — E aí? O que anda aprontando?

Ele emitiu inúmeros resmungos fazendo barde, me deu um beijo e disse:

MarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora