Marina

Capítulo 25

                                                                                                                                                  Leonardo - Capítulo 25

"Teus lábios são labirintos

Que atraem os meus instintos mais sacanas

O teu olhar

Sempre distante, sempre me engana

Eu entro sempre na tua dança de cigana"

Canto essa música, enquanto toca no som do carro, dirigindo para casa. Uma das músicas que adoro tanto, com o vento batendo e bagunçando meus cabelos amarrados daquele jeito que ela ama, a música é perfeita. Perfeita como a mulher ao meu lado, com sua boca delineada para o pecado, tentadora como sempre foi, aqueles seus cabelos emoldurando seu rosto e seus olhos cor de mel, a perfeição da mulher, para qualquer homem ficar apaixonado. E o coração dela era meu, assim como o meu era dela. Único e exclusivamente dela. Ela está agora, usando o cinto e com dor de cabeça, mas, ainda continua linda, mesmo com os olhos fechados, mão na testa, braço apoiado sobre a porta com o vidro baixado e com os últimos raios solares beijando seu lindo rosto, deixando em evidencia suas maças altas, uma imagem que me deixa sem folego, seu cabelo louro claro queimado de sol, seu nariz delineado e a boca feita para o pecado. Tentadora. Não me canso de vê-la, nem mesmo quando ela dorme. A minha amazona repousa, e eu a observo. Espetacularmente desenhada pra mim, e, olhando pelo retrovisor eu encontro o meu filho, dormindo em sua cadeira, e a minha frente o sol vai se pondo em um por do sol fantástico, dispensando qualquer palavra que possa descrevê-lo, por que simplesmente, palavra alguma descreveria o que vejo e o que sinto exatamente neste momento.

Voltei a olhar adiante, e no embalo da musica que ela nem prestava atenção deixei meu pensamento me levar. Lembrei-me da primeira vez que a vi de verdade, em carne e osso, não apenas por fotos, ela não me viu, ela estava na delegacia com o irmão e eu já sabia do caso dela, de toda a história dela. Ela era uma ótima atriz quando queria. Sabia aumentar os fatos a seu favor e fazia um drama mantendo a postura, eu diria, defendendo o que ela acha que é verdade. - Falo isso do caso dela, o caso "Boa Noite Cinderela", e ela ficou conhecida na policia como a "Cinderela de Botas", devido ao seu jeito, sempre de calças jeans e botas de country.

Ela andava sempre de chapéu, cinto largo, botas e jeans, aquelas malditas blusinhas coladas àquele corpo cheio de curvas, principalmente e, no meu caso, a cintura. Ela parava o transito xucra e indomável do jeito que era, nem se dava conta de quantos olhares ela tinha sobre si, até que ela encontrou o meu.

Era o estilo dela, um estilo que ninguém ousaria atravessar seu caminho, pisava fundo, você podia sentir o gosto de desafio na boca quando ela estivesse andando ou mesmo do seu lado, podia ficar com a pele arrepiada e sentir o maior tesão pelo simples fato de imaginá-la na cama se contorcendo sobre seus braços, e foi esse maldito pensamento que me fez - nem sei ao certo como -chegar cada dia mais próximo dela. Ela era uma mulher desafiadora, uma estrategista, correta e implacável. Marina é uma mulher que não desiste das lutas, não desiste dos seus ideais e acima de tudo, não se deixa abater por qualquer coisa ou fato, desde que, não mexam com seu passado, do qual, ela luta por justiça.

Mesmo que ela jamais saiba o que de fato ocorreu naquela noite em que foi drogada, após ser encontrada através de uma denuncia anônima, sendo sedada no hospital, por vários dias a pedido do próprio pai, por que justamente ele sabia que quando ela tivesse alta, Marina nem iria pra casa, ela iria matar quem tivesse feito isso com ela, ela é vitima de um suposto estupro que no qual, por constatação médica, nunca ocorreu.