Capítulo 16

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           Você bagunçou o que havia de mais organizado em mim. Leonardo - Capítulo 16

Ela dormiu e depois dessa noite tudo seria diferente.

Eu seria pai!

Era inacreditável, algo que eu jamais imaginei pra mim e, em uma única vez que eu me descuidei foi o suficiente para que agora um ser indefeso viesse a habitar meu mundo.

Ela nem imaginava como havia abalado toda minha estrutura com aquele jeito xucro, determinado e inabalável, ela tinha confiança absoluta em si, e, além disso, pra mim ela sempre me pareceu ser mais adulta, responsável e madura para quem apenas tem vinte anos.

Talvez fosse pela falta do pai que era seu alicerce, ou, pela mãe que nunca a escorou na vida e sempre a criticava, agora que havia seu avô, ela parecia estar feliz, ela estava feliz e faltava apenas eu para completar a felicidade.

Ela era uma mulher de sorte e creio eu, nunca havia percebido. Por mais que a vida tenha dado voltas, ela encontrou o seu lugar no mundo, em meio ainda, a muitas dificuldades, medos e aflições, ela havia mudado e agora, a vendo deitada em meu peito, nua, totalmente satisfeita, percebi que ela era a única que eu precisava e a única que eu estava aguardando todo esse tempo.

Marina é uma mulher quente, cheia se sangue nas veias, determinada, absoluta em suas convicções, cativante, de um sorriso encantador, xucra, rustica e verdadeira. Dei um beijo em seus cabelos e senti o aroma dela. Indescritível. Aquele cheiro que gruda na pele e não quer sair. Com ela tudo é mais que intenso, não há palavras que eu possa usar para defini-la e nunca, em toda a minha existência, com meus vinte e oito anos, eu havia encontrado uma mulher dentro de um corpo de menina.

Ela havia me desestruturado, eu tentei me manter firme, tentei me manter longe, mas ela era o pedaço que me faltava, assim eu fiquei completo, sem ela eu não era nada e isso eu apenas percebi, dias depois que ele me mandou embora da casa da Mariah.

Só Deus sabe como me puni pelo fato dela ter escutado aquela maldita conversa com minha irmã, que até então eu não havia revelado nada a ela sobre minha família, sobre minha vida e como vim parar aqui. Não que fosse algo fora do comum, eu era normal, uma pessoa comum, mas Marina era especial e isso eu senti no primeiro dia em que a vi, depois se concretizou no dia em que pela primeira vez beijei essa boca que nesse instante eu olho e admiro muito, sorrio ao me lembrar de vê-la trocando o pneu da sua camionete debaixo da chuva fina no estacionamento do campus da faculdade, foi naquele local que meu coração se apaixonou perdidamente.

Por mais eu que não demonstre, por mais que eu seja esse ser com músculos esculpidos, cabelos longos e barba cerrada, eu ainda sou um homem e sou humano, tenho meus medos, minhas aflições e minhas inseguranças, mas estando ao lado dela isso diminui quase que por completo. É como se ela, se encaixasse em mim para fechar uma lacuna ou mesmo finalizar um quebra cabeças. Ela é a peça que faltava, ela é meu centro, meu meio e o meu fim.

E esse é o meu maior medo. O medo de perdê-la. E esse risco havia diminuído com a saída dela daquela casa e agora com a escolta de seu avô, ela não sabia, mas tinha além dos empregados, três homens que eram vigias da fazenda que tinham autoridade para matar Adriano, mas eu sabia, ele era raposa velha e queria alguma coisa com Marina, eu teria que apressar as coisas antes que algo de ruim acontecesse a ela e ao meu filho.

Acordei e ela não estava ao meu lado e quando ainda piscava percebi que o dia nem havia raiado, levantei e coloquei minha cueca, minha calça, pois eu não tinha naquele momento outra peça de roupas e fui atrás dela, ouvi um barulho vindo da cozinha. Ela estava sentada na bancada, acredite, as quatro e quarenta e cinco da manhã comendo sorvete, ela estava a mulher mais gostosa do mundo, e eu, já imaginei outras coisas com aquela visão, apenas envolta eu seu robe fino e preto de cetim. Sem fazer barulho algum fiquei a observando, escorado debaixo do batente da porta, enquanto ela devorava com a colher um pote de sorvete na cor amarelo e ainda a danada fechava os olhos e emitia um gemido que me deixava louco de desejo, muito mais gostoso de ouvir do que aquele que ela solta quando estamos fazendo amor. Eu sorri, como ela é linda! Como ela é verdadeira, como ela é gostosa, e ali, fiquei muito mais do que cinco abençoados minutos, enquanto ela me seduzia comendo sorvete de colher e lambendo os lábios degustando o sorvete.

MarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora