Capítulo 1

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Capítulo 1

Estacionei a camionete em frente a loja agropecuária e soltando o cinto desci, entrei e avistei o atendente de sempre.

— Bom dia. – disse ele ao me avistar e veio em minha direção, sorrindo pra mim.

— Bom dia, tudo certo? - pedi

—Tudo certo. Melhor agora com esse seu sorriso. – ele mostrou o seu melhor sorriso, e isso, sinceramente, já não me afetava. Nem me dei ao trabalho de responder, afinal, ele não fazia meu tipo, tinha problemas demais pra resolver ao me deixar levar por um sorriso cafajeste no rosto.

— Preciso de 20 sacos de farelo de soja, um saco de suprimento mineral e mais essa lista de medicamentos. Pode providenciar pra mim?

— É pra já. – ele disse de novo com aquele sorriso idiota, ensacado naquele macacão cinza que era o uniforme dos atendentes. — Você vai levar ou é pra entregar?

— Carregue 3 sacos, o suprimento e os medicamentos que eu levo, os demais vão na segunda na entrega. É ainda na segunda? – pedi.

— O que? – pediu ele olhando para meus seios.

— A entrega? – pedi sem paciência. — A entrega ainda é na segunda?

— Ahn, sim, sim. É na segunda. – e ele ficou vermelho. Babaca. – pensei. – Dei uma virada de olhos juntamente com meu corpo indo acertar a conta no balcão.

— Ora, ora, bom dia para a mais nova fazendeira de Capinzal.

— Não enche João. – falei.

— Putz, você tá gostosa pra caralho.

— Cala boca. – disse. — Como vai Maria Julia? Se vocês não tivessem casado eu podia jurar que você era gay. – eu conhecia no mínimo umas 10 garotas dessa cidade com esse mesmo nome.

— Vai bem, vai bem. – ele perdeu o sorriso na hora. — Você ta brincando né?

— Se você continuar falando comigo desse jeito sim, e a propósito, ótimo, se não conto pra ela que você me chamou de gostosa. – falei e ri dele, quando ele me passou o valor da compra.

— Você sabe mais do que qualquer pessoa que a amo e tudo por sua causa. – ele deu uma piscadinha pra mim.

— Que bom, pelo menos vou dormir bem essa noite. – falei pra ele. — Tudo isso? – pedi quando pus os olhos na nota, verificando o valor.

— Ahan.

— Quero desconto. – falei rindo e ele também.

— Já tem, de 2%.

— Eu pago a vista e em dinheiro, quero desconto de 5%, é o mínimo. - Exigi.

— Mas você continua chata.

— Disso eu sempre soube. – E rimos.

Depois de conseguir o desconto com muito custo e já estar com o que era necessário na camionete, fui ao mercado e peguei as coisas da lista da minha mãe, olhei no relógio do braço, eram quase onze da manhã, de um sábado ensolarado, típico de uma primavera, ventava, mesmo assim eu usava um cardigã leve e aberto verde mato e por baixo uma blusinha com gola V verde clara colada ao meu corpo, bota montaria, peguei minha bolsa, indo até a padaria, repassei minha lista de compras mentalmente. — Ok, tudo aí. – Disse pra mim dentro do carro colocando o cinto e dando partida na Triton prata.

Parei no posto de combustível e para encher tanque sem me dar o trabalho de descer, quando atendente veio até a minha janela.

— Bom dia. – Ele disse.

MarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora