5 Capítulo
Não lembro por quanto tempo fiquei ali, imóvel sob a ducha, pelo menos até me sentir aliviada, nem conseguia erguer o braço, o esforço terminava de consumir minhas forças. Abri meus olhos e pus as mãos contra o box de vidro transparente, o vidro já estava embaçado, olhei ao meu redor e havia um suporte de inox preso na parede com xampu para cabelos secos, hidratantes para cabelo, ele tinha namorada, aqueles cremes eram coisas de mulher. Senti uma pontada de tristeza e percebi que nutria expectativas demais em relação a ele, esperanças que eu nem sabia que nutria, nasciam em meu peito. Pensei em lavar meus cabelos, mas me sentia fraca, reuni um resto de força e peguei o xampu despejando um pouco em minhas mãos, levei até os cabelos massageando de leve enquanto água norma descia pelo meu corpo.
Massageei de leve e tirei a espuma, passei um pouco daquele creme nas pontas dos meus cabelos, amanhã eu os lavaria de novo e então, por hora isso iria solucionar. Fechei a ducha e abri o box, Leonardo estava ali sentado em um puf negro de costas pra mim com a toalha sobre o ombro. Sai do box pisando uma toalha fofa, estiquei o braço e peguei apenas na toalha tomando o cuidado de não encostar nele, temendo que aquela onda passasse por mim de novo e eu viesse ao chão. Ele se levantou e colocou uma calça de moletom cinza e uma camisa com mangas longas ali, mas eu não tinha sutiã e calcinha limpos, não tinha forças para lavá-los.
Ele me deu as costas fechando a porta, engoli em seco, a visão de vê-lo ali sentado em minha frente, com a cabeça baixa os cabelos presos me deixou perdida. Sequei-me. Coloquei a roupa que ele havia deixado pra mim e enrolei de qualquer jeito a toalha, mesmo depois do banho eu ainda estava péssima.
Caminhei até a cozinha arrastando meus teimosos pés, sentei-me na cadeira da bancada, enquanto ele olhava o que tinha dentro da panela e com uma colher de pau ele derramou o caldo na palma da mão levando ele até a boca e de forma maliciosa sugou o caldo fazendo um barulho engraçado, eu sorri. Coloquei meus braços em ao meu redor, pois senti que meus seios estavam pontudos. Ele me olhou e deu aquele meio sorriso.
— Hun, você está aí? Como se sente? – pediu ele. Eu apenas mexi as sobrancelhas dando de lado. — Nossa você está mal mesmo! – disse ele, dessa vez com a voz mais leve. Ele voltou a atenção a sopa e pôs a mesa, colocou diante de mim uma cumbuca branca e outra pra ele, ralou queijo, pôs os pães, os talheres e os guardanapos. Eu ainda estava ali, sentada, senti sede de novo, levantei para ir a pia e quando cheguei senti uma forte tontura, me agarrei na porta da pia onde continha os copos, mas ele estava atrás de mim, passando a mão debaixo dos meus seios e me segurando sem encostar ao corpo dele. Leonardo me conduziu de volta a cadeira e ali me sentou.
— Você quer água? – concordei com a cabeça e vi um copo diante de mim. Peguei o copo e bebi leves goles, a água era deliciosa, instantes depois ele pôs sobre a mesa a sopa com caldo grosso de legumes. Cenouras, brócolis, batata salsa, salsa, alguns pequenos pedaços de frango, ele colocou duas conchas em minha cumbuca, mas meu nariz estava escorrendo, limpei meu nariz educadamente na manga, pois se eu levantasse da cadeira ira tontear novamente, isso era cômico, afinal, um estranho cuidando de outro estranho!
Ele me olhou e eu ignorei a olhada, mas senti que ele conseguiu fazer com que esse olhar atravessasse meu corpo, peguei um pedaço de pão e comecei a comer, depois de provar e claro, não sentir gosto algum, levantei e pedi guardanapos ou lenços de papel, logo um pacote de guardanapos estava na minha frente. Comi em silencio, forçando a comida a passar pela minha garganta dolorida. Olhei para ele que sentava ao meu lado, embora com certa distância respeitável, ele estava um gato, com as mangas arregaçadas acima dos cotovelos, com os cabelos presos e aquela bendita barba cerrada, em tom claro naquele rosto esculpido.
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Marina
RomanceQuando Marina decidiu sair com Adriano não tinha ideia do que podia acontecer... Quatro anos se passaram e aquela noite jamais foi esquecida. Todos a viam como a culpada. Mesmo quando o pai faleceu a mãe a culpou por todas as coisas erradas que ela...